"Francisco fez questão de cumprimentar cada um dos detentos. Isso restaura a confiança"

Mais Lidos

  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS
  • O Natal como palimpsesto cultural: colonialismo simbólico, mercantilização do sagrado e a secularização estratégica. Entrevista especial com George Coelho

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

28 Março 2017

“Não foram apenas as suas palavras, embora tenha sido uma grande emoção para todos quando ele disse: ‘Eu me sinto em casa’, falando de San Vittore. Foram principalmente os gestos que significaram muito: ele apertou a mão de todos, olhando nos olhos, sem se esquecer de ninguém. O fato de que o papa pensa neles tem muita importância.”

A reportagem é de Oriana Liso, publicada por La Repubblica, 27-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Luigi Pagano, superintendente regional das prisões: o que a visita do Papa Francisco deixa em San Vittore?

Um senso de comunidade. Para o cardeal Martini, esse era o coração de Milão. Ou um bairro da cidade, como dizia Umberto Gay. A escolha, muito simbólica, de entrar em San Vittore deixa uma sensação de confiança. Mas, acima de tudo, deixa-nos o compromisso de continuar abrindo as instituições e de apontar não só à dignidade dos detentos, mas também à sua reinserção social. E, em Milão, isso pode ser feito.

Muita limpeza antes da visita?

San Vittore dificilmente pode ser camuflada: vê-se logo aquilo que ela é. É claro, organizamos um pouco mais, mas como é óbvio quando você tem convidados anunciados. Em todo o caso, Francisco queria vir e se encontrar com os últimos. Não faria sentido mudar a realidade cotidiana da prisão.

E, sobre o percurso da visita, vocês receberam pedidos especiais?

A indicação foi: façamos com que todos vejam o papa, e que o papa veja a todos. Portanto, exceto situações particulares, qualquer um que queria encontrá-lo pôde fazê-lo: mais de 80% dos detentos, no fim. E o papa cumprimentou a cada pessoa individualmente, até voltando de propósito quando viu um pequeno grupo que o esperava.

O momento mais emocionante?

Para aqueles que comeram à mesa com o papa foi esse: um momento que dificilmente vai se repetir para qualquer um, não? E, depois, vê-lo com as crianças das mães do ICAM [instituto italiano para mães presidiárias], com a fisicalidade dos seus gestos. Um detento me disse e pode parecer absurdo: “Estou feliz por estar na prisão hoje”. Foi uma visita pastoral no sentido mais profundo, o do Evangelho de Mateus: “Estive preso, e fostes me encontrar”.

No seu dia em Milão, o papa se encontrou com muitos fiéis de outras religiões: em San Vittore são muitos.

Com 70% de estrangeiros, isso é inevitável, mas muitos muçulmanos foram os primeiros a querer se encontrar com ele. É um tema para se refletir. E, nas prisões da Lombardia, estamos iniciando um percurso próprio para conhecer e gerir o pluralismo religioso.

Leia mais: