20 Agosto 2025
Ontem, os presidentes dos EUA e da Ucrânia se encontraram em Washington, juntamente com líderes da UE. Da possibilidade de uma cúpula Moscou-Kiev a uma trégua: eis o que foi alcançado, ou não, e o que pode acontecer a seguir.
A reportagem é de Enrico Franceschini, publicada por La Repubblica, 19-08-2025.
"Muita fumaça, pouco fogo": é assim que o Guardian resume o resultado da cúpula em Washington entre Donald Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e líderes europeus. Outros veículos de comunicação e comentaristas internacionais de renome expressam um sentimento semelhante, entre a incerteza e o ceticismo. Eis, essencialmente, o que foi alcançado, ou não, na cúpula da Casa Branca e o que pode acontecer a seguir.
Após a cúpula na capital americana, Trump escreveu em sua conta na rede social Truth que havia conversado por telefone com Vladimir Putin para organizar uma cúpula entre o presidente russo e Zelensky. Após essa reunião bilateral, em local e data ainda a serem definidos, uma cúpula trilateral entre ele, Putin e Zelensky deverá ocorrer. O Kremlin confirmou que Trump e Putin conversaram por telefone por cerca de 40 minutos ao final da cúpula em Washington, mas Yuri Ushakov, assessor do líder russo, apenas disse que poderia ser "útil explorar a possibilidade de elevar o nível dos representantes das delegações de Moscou e Kiev" em futuras negociações, sem qualquer referência a um encontro presencial entre Putin e Zelensky. O líder do Kremlin tem se oposto consistentemente, até o momento, a qualquer encontro com o presidente ucraniano. Zelensky, no entanto, expressou sua disposição, mas principalmente para demonstrar que Putin se recusaria a encontrá-lo.
Trump disse a Zelensky, em sua breve coletiva de imprensa no Salão Oval antes da cúpula estendida de líderes europeus, que os Estados Unidos ajudarão a garantir a segurança da Ucrânia como parte de um acordo para encerrar a guerra. Ele não mencionou "botas em terra", ou seja, soldados americanos estacionados na Ucrânia, observando que a Europa forneceria "a primeira linha de defesa", mas acrescentou que os EUA "estarão envolvidos", sem especificar como. "Forneceremos boa proteção a Kiev", disse ele.
Apesar da imprecisão, este é o compromisso mais sério de Trump com o envolvimento americano na garantia da segurança futura da Ucrânia, ou seja, para protegê-la da ameaça de nova agressão russa após um potencial cessar-fogo e/ou acordo de paz.
E Trump acrescentou que Putin, em sua cúpula no Alasca, aceitou a ideia de garantias de segurança para a Ucrânia. Mas não está claro o que isso envolve especificamente. Em sua publicação no Social Truth, o presidente americano posteriormente mencionou apenas a "coordenação" americana da segurança ucraniana, enquanto líderes europeus, mesmo no passado, pediram um "backstop", um termo que, no mínimo, se refere a cobertura aérea, inteligência e assistência militar. Quanto ao Kremlin, por enquanto, continua a se opor resolutamente a qualquer presença de tropas da OTAN na Ucrânia, o que excluiria uma "linha de defesa" não apenas de soldados ou conselheiros militares americanos, mas também dos dois países, Reino Unido e França, que já manifestaram sua disposição de enviá-las.
Muito pouco foi discutido sobre este ponto na cúpula de Washington, em comparação com os rumores que circularam após a do Alasca, onde Trump evocou uma "troca de territórios", com um "sacrifício doloroso" para ambos os países. Essencialmente, Putin exige que a Ucrânia se retire dos 30% do Donbass ainda sob controle de Kiev em troca de uma cessação das hostilidades, o que congelaria também a linha de frente no leste da Ucrânia, até a usina nuclear de Zaporizhia, ocupada pela Rússia, e, claro, até a Crimeia, que a Rússia ocupa desde a invasão de 2014.
Portanto, não está claro quais territórios a Rússia daria à Ucrânia "em troca": a única contrapartida parece ser político-militar, a concessão de vagas garantias de segurança à Ucrânia. No entanto, os Estados Unidos, e a própria Rússia, comprometeram-se a proteger a segurança, a soberania e a independência da Ucrânia no acordo assinado em 1994, quando Kiev entregou a Moscou as centenas de mísseis nucleares estacionados em seu território antes do colapso da União Soviética (se os tivesse mantido, teria sido a terceira maior potência nuclear do mundo, e é improvável que o Kremlin ousasse atacá-la). No entanto, a Rússia invadiu a Ucrânia duas vezes desde então e, pelo menos na invasão de 2014, os Estados Unidos não moveram um dedo para impedi-la, exceto por modestas sanções comerciais e protestos verbais.
Trump minimizou mais uma vez a importância de um cessar-fogo, ao contrário do que ele próprio vinha defendendo até a véspera da cúpula do Alasca. "Eu faço acordos de paz, não cessar-fogo", disse o presidente americano. "Não acho que um cessar-fogo seja necessário na Ucrânia antes de um acordo de paz." Mas o chanceler alemão Merz, um dos líderes europeus presentes na cúpula, continuou a pedir por isso: "Não consigo imaginar outra cúpula [uma referência à que deve ocorrer em breve entre Putin e Zelensky, ndr] sem um cessar-fogo, então vamos continuar pressionando a Rússia a aceitá-lo."
Um resultado certo da cúpula é que não houve repetição da armadilha em que Zelensky caiu durante sua visita anterior e desastrosa à Casa Branca, em fevereiro, quando Trump e Vance o atacaram ao vivo pela televisão com uma agressividade pública sem precedentes. Desta vez, a atmosfera de seu encontro bilateral com Trump foi bastante calorosa. O presidente americano chegou a elogiá-lo por seu terno escuro, enquanto na reunião de fevereiro havia zombado dele por seu uniforme militar habitual, que o vice-presidente Vance considerou desrespeitoso.
Dessa perspectiva, trata-se de um passo à frente, dando continuidade ao progresso já destacado pela breve conversa entre Trump e Zelensky na Catedral de São Pedro, à margem do funeral do Papa Francisco, na primavera. Mas Trump notoriamente muda de humor e de ideias com muita frequência. E é revelador que, para ajudar Zelensky, meia dúzia de líderes europeus se tenham sentido compelidos a acompanhá-lo a Washington para protegê-lo.
Inscreva-se no ciclo de estudos aqui