08 Outubro 2024
O Brasil registrou 225 pessoas LGBT+ eleitas nessas eleições municipais, sendo três delas para prefeituras. O número representa um aumento de 130% em relação ao registrado no pleito de 2020, sendo um recorde, de acordo com um levantamento da organização não governamental VoteLGBT.
A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 07-10-2024.
Os dados mostram que as 225 pessoas foram eleitas em 190 municípios, de 22 estados e de 19 partidos políticos. Nessas cidades, 28 foram eleitas em capitais, no Legislativo e no Executivo. PT, PSD e Psol lideram o ranking, com 61, 26 e 18 pessoas eleitas, respectivamente.
Nas prefeituras de Alpinópolis e Santa Bárbara do Tegurio (MG), foram eleitos prefeitos gays. Já Bonito (BA), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), elegeu um homem cis assexual. O número de pessoas trans eleitas chega a 39 em todo o país.
Nas capitais, foram eleitas 28 pessoas, das quais 22 são mulheres, incluindo cinco que se autodeclaram trans e travestis. No total, 17 eleitos são negros, sendo 15 mulheres. Porto Alegre foi o município com o maior número de eleitos LGBT+, com cinco pessoas. São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizonte e Fortaleza elegeram três pessoas LGBT+ cada.
Gui Mohallem, da direção do VoteLGBT, afirma que "o Brasil não possui um programa de educação voltado para a diversidade, o que resulta em um acesso muito desigual ao entendimento dessas identidades e termos, especialmente nos interiores do país".
Ainda assim, "mais que dobramos o número de pessoas LGBT+ eleitas em comparação às eleições municipais de 2020. Nas capitais e grandes cidades, onde os dados são mais precisos, vemos mulheres negras LGBT+, muitas delas trans, liderando as votações entre os partidos de esquerda", afirma Mohallem.
Em 2024, pela primeira vez foi possível registrar a orientação sexual e a identidade de gênero nas candidaturas das eleições brasileiras. Os dados fornecidos pelo TSE ampliaram o alcance dos mapeamentos que historicamente eram conduzidos pela sociedade civil. No entanto, ainda é necessário um processo de verificação das informações sobre identidades LGBT+ produzidas pela justiça eleitoral, de acordo com a análise de Mohallem.
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