08 Junho 2023
A Autoridade para Normas Publicitárias do Reino Unido está colocando limites às campanhas realizadas por várias empresas multinacionais de combustíveis fósseis para promover suas iniciativas ecológicas.
A reportagem é publicada por Público, 07-06-2023. A tradução é do Cepat.
Por isso, proibiu anúncios publicitários na imprensa e na televisão e outdoors da Shell, Repsol e Petronas Internacional por considerar que cometeram o que é chamado de greenwashing, ocultando dos consumidores que a maior parte de seus negócios é baseada em combustíveis fósseis prejudiciais ao meio ambiente, como a gasolina.
“Do carregamento de veículos elétricos à eletricidade renovável para sua casa, a Shell oferece aos clientes mais opções de baixo carbono e ajuda a promover a transição energética do Reino Unido”, afirma a Shell em um dos anúncios. A empresa se defende afirmando que o objetivo dos anúncios era criar consciência acerca da gama de produtos energéticos de baixas emissões que oferece.
Segundo informa The Guardian, um porta-voz da gigante do petróleo afirmou que “discordavam totalmente da decisão, que pode frear o impulso do Reino Unido em direção às energias renováveis” e que não podiam mencionar em seus anúncios o alto teor de carbono de seus produtos porque seria “contraproducente” e “diluiria o impacto da mensagem ambiental positiva dos anúncios”.
O diretor executivo da Autoridade para Normas Publicitárias do Reino Unido, Guy Parker, explicou em entrevista à Bloomberg que essas empresas “devem ter muito cuidado” com as mensagens publicitárias que lançam em termos de respeito ao meio ambiente, pois “precisam acrescentar algum equilíbrio em seus anúncios”.
A autoridade publicitária do Reino Unido foi muito clara a esse respeito: “É provável que os anúncios enganem os consumidores se tergiversam a contribuição que as iniciativas de redução de carbono tiveram, ou que teriam no futuro próximo, como parte do equilíbrio geral das atividades de uma empresa”.
E citou o Relatório de Sustentabilidade de 2021 da Shell, que mostrou que suas operações produziram emissões de gases do efeito estufa equivalentes a 1,375 milhão de toneladas de dióxido de carbono.
Em setembro, a Petronas veiculou um anúncio de televisão afirmando que estava “enriquecendo vidas para um futuro sustentável” e a Autoridade Publicitária a reprovou por não mencionar as significativas emissões de carbono da empresa.
Por último, com a Repsol também insiste em que os biocombustíveis e os combustíveis sintéticos que tinha promovido representam uma fração de suas atividades comerciais, que se baseiam principalmente na produção de combustíveis de origem fóssil.
A reguladora de publicidade britânica proibiu, neste mesmo ano, as campanhas das companhias aéreas pelo mesmo motivo. Em março, vetou uma campanha da alemã Lufthansa que afirmava que suas iniciativas ambientais estavam protegendo o mundo. E em abril, outra da Etihad Airways que dizia que também apostava na “aviação sustentável”.
