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Balas e “redpills” em um país armado. Artigo de Henrique Braga e Marcelo Módolo

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14 Abril 2023

"No discurso dos grupos autointitulados “redpills”, (dos quais o influenciador se apresenta como expoente), as figuras femininas são vistas com desconfiança (para não dizer animosidade ou misoginia), a ponto de as relações afetivas com elas serem tratadas como potenciais entraves ao sucesso masculino. Além disso, em seu contato direto com a comediante, o rapaz não recorre a cumprimentos ou outras formas de cortesia, exigindo peremptoriamente a retirada do conteúdo. Some-se a isso a corrida armamentista que tomou conta do país, especialmente entre grupos conservadores. Que motivos haveria para não compreender 'bala' como sinônimo de 'munição'?", escrevem Henrique Braga, doutor pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e Marcelo Módolo, professor da FFLCH-USP, em artigo publicado por Jornal da USP, 14-03-2023.

 Eis o artigo. 

"Todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles [dos negros] é igual à nossa, apesar de todos os testes dizerem que não”. Essa declaração foi proferida, no longínquo 2007, por James Watson – ganhador do Prêmio Nobel por ter descoberto a estrutura do DNA juntamente com Francis Crick. Em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times, Watson – cuja especialidade é biologia molecular, não evolução das espécies – usou argumentos pouco científicos para fundamentar seu pensamento: “Pessoas que já lidaram com empregados negros não acreditam que isso [a igualdade de inteligência] seja verdade”.

À época, tais declarações geraram intensas reações, Watson foi apontado como racista, teve palestras suspensas e, então com 79 anos, acabou por ter antecipada sua aposentadoria – uma espécie de cancelamento avant la lettre. Em seu pedido de desculpas, declarou: “A todos aqueles que tiraram conclusões das minhas palavras de que a África, como um continente, é geneticamente inferior, eu só posso me desculpar profundamente. Isso não foi o que eu quis dizer. E mais importante do meu ponto de vista, não há base científica para essa crença”.

Essa história nos parece exemplar para refletir sobre uma temática linguística importante: a construção do significado e o lugar da intencionalidade nesse processo.

“Isso não foi o que eu quis dizer”

A alegação de James Watson está longe de ser uma exceção nos pedidos de desculpas de quem é flagrado em declarações preconceituosas ou violentas de modo geral. Recentemente, coisa semelhante aconteceu com o influenciador Thiago Schutz que, buscando intimidar a atriz e humorista Livia La Gatto por uma sátira, escreveu a ela:

“Vc tem 24h pra retirar seu conteúdo sobre mim. Dps disso processo ou bala. Vc escolhe”.

A mensagem, enviada de modo privado, foi divulgada por La Gatto, que, por razões bastante razoáveis, interpretou-a como uma ameaça à sua própria vida. O episódio teve grande repercussão (no noticiário e, obviamente, no mundo dos memes) e Schutz produziu um vídeo em que, embora sequer simule um pedido de desculpas à pessoa agredida, recorre ao bom e velho “fui mal interpretado”.

De boas intenções a textualidade está cheia

Tal como no triste episódio envolvendo Watson, o influenciador brasileiro recorre à intencionalidade para construir sua defesa – ainda que adote um tom menos humilde que o do vencedor do Nobel. Schutz alega ter sido mal interpretado, pois teria usado “bala” em sentido figurado, não remetendo a armamentos, mas como a expressão popular “meter bala” – algo como “seguir adiante”, “fazer o que deve ser feito”. Segundo ele, a escolha seria entre ser processada ou “resolver de outra forma”.

Para que sua argumentação soasse aceitável, porém, seria necessário sobrepor a intencionalidade a outros critérios de textualidade mais relevantes e palpáveis, com destaque à situacionalidade e à própria coerência. O problema é que assumir tal estratégia tornaria impossível qualquer análise textual, já que toda leitura poderia ser refutada pelo “quis dizer” do enunciador. O leitor/ouvinte, nesse caso, seria figura passiva, o que já está há um tempo superado pelos estudos sobre a linguagem.

Construção do sentido e situacionalidade: língua em uso, não in vitro

Sem dúvida, o termo “bala” é um ótimo exemplo de palavra polissêmica, que pode nomear guloseimas, artefatos bélicos, entorpecentes, entre outros significados menos usuais. Além disso, como lembra o influenciador, “meter bala” pode sim ser sinônimo de “ir em frente”. No entanto, quando analisamos o termo dessa maneira, desconsideramos importantes conhecimentos da linguística textual (LT) moderna. Recorrendo à feliz expressão de Luiz Antônio Marcuschi, os parâmetros da LT permitem analisar mais do que frases ou palavras in vitro, mas o texto como um evento social, organizado segundo alguns critérios bastante palpáveis.

Entre esses critérios, a situacionalidade considera o texto como “uma ação dentro de uma situação controlada e orientada”. Tendo em conta esse princípio, a interpretação necessariamente requer considerar não as palavras isoladas, mas na situação concreta em que se dá o texto. Aplicando isso ao caso analisado, vê-se que Schutz adota um tom bastante resoluto (tal qual ele mesmo recomenda em sua atuação como coach), estipulando um prazo (“24 horas”) para que o conteúdo de La Gatto seja retirado do ar sem que ela sofra consequências. Não se trata de um diálogo entre amigos e a menção a um possível processo permite identificar tal ato de fala como uma ameaça.

Nessa situação, interpretar “bala” como “resolver de outro modo” requereria ignorar a força ilocutória do enunciado (ameaça), o que, na situação posta, seria injustificável (e, no caso da pessoa ameaçada, até mesmo imprudente).

Coerência como princípio interpretativo

Além da situacionalidade, cabe evocar a coerência como outro relevante critério de textualidade. Em linhas gerais, é pelo princípio da coerência que, ao interpretar um texto, buscamos identificar a unidade e a continuidade do sentido – como bem ensinam Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia, em Coerência textual (Contexto, 1990). Essa unidade depende tanto das correlações semânticas entre passagens do texto (coerência interna) quanto de correlações entre o texto e conhecimentos históricos e sociais de seu entorno (coerência externa). Estabelecer tais correlações é tarefa dos leitores/ ouvintes, contudo, recorrendo a Marcuschi (Produção textual, Parábola Editorial, 2008), “o texto deve permitir o acesso à coerência, pois, do contrário, não haveria possibilidade de entendimento”.

Com tal princípio em mente, cabem algumas ponderações. No discurso dos grupos autointitulados “redpills” (dos quais o influenciador se apresenta como expoente), as figuras femininas são vistas com desconfiança (para não dizer animosidade ou misoginia), a ponto de as relações afetivas com elas serem tratadas como potenciais entraves ao sucesso masculino. Além disso, em seu contato direto com a comediante, o rapaz não recorre a cumprimentos ou outras formas de cortesia, exigindo peremptoriamente a retirada do conteúdo. Some-se a isso a corrida armamentista que tomou conta do País, especialmente entre grupos conservadores. Que motivos haveria para não compreender “bala” como sinônimo de “munição”?

O que nós queremos dizer…

O episódio em si, embora destacado nesta coluna, exige medidas mais jurídicas que linguísticas (por mais que análises linguísticas possam fazer parte disso). Indo além dele, destacamos a importância de compreender a construção do significado como um processo histórico e social, com princípios bastante estudados, e não como algo meramente subjetivo. De “não quis dizer” em “não quis dizer”, prejudica-se o diálogo e, por vezes, a própria democracia.

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