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Mulheres “heréticas”: o Espírito ainda sopra onde quer. Artigo de Paola Cavallari

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09 Julho 2022

 

Dar testemunho das vidas de mulheres consideradas heréticas significa restituir ao conceito de heresia o valor original de “escolha”. Significa, mais uma vez, evidenciar que a autoproclamada ortodoxia religiosa – fruto amadurecido por uma cultura dominante masculina – é o dispositivo autorreferencial eleito para o julgamento do que é bom (canônico) e do que é mau (herético), traindo a mensagem evangélica inclusiva.

 

A opinião é da teóloga italiana Paola Cavallari, membro da Coordenação das Teólogas Italianas, promotora do Observatório Inter-Religioso das Violências contra as Mulheres (OIVD, na sigla em italiano) e autora, dentre outros, de “Non sono la costola di nessuno. Letture sul peccato di Eva” [Não sou a costela de ninguém. Leituras sobre o pecado de Eva] (Gabrielli Editori, 2020).

 

O artigo foi publicado em Esodo, n. 2, de abril-junho de 2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Eis o texto.

 

O precioso e necessário livro de Adriana Valerio, “Eretiche, donne che riflettono, osano, resistono” [Heréticas, mulheres que refletem, ousam, resistem] (Ed. Il Mulino, 2022), oferece um compêndio amplo, intenso e claro, e de ritmo veloz, do panorama habitado por mulheres que, no mundo ocidental e desde os primeiros séculos da cristandade, “provocaram abalos inesperados e desordenaram os equilíbrios do seu tempo”, e com isso “pagaram caro pelas suas escolhas” (da contracapa).

 

Eretiche, donne che riflettono, osano, resistono

(Foto: Divulgação)

 

 

A cultura dominante, baseada em um valor diferencial dos sexos (Françoise Heritier), que vê os homens incardinados em posições de primazia, e as mulheres, colonizadas por tal hegemonia, provoca domesticação em detrimento das mulheres (e não só). Porém, geram-se múltiplas fissuras, solavancos, rachaduras, cismas disseminados no tempo e no espaço. Desrazões que desarticulam, rompem o encastelamento da Razão; élan vital de mentes e corpos que desestabilizam os contrafortes de mentes desencarnadas.

 

Como afirma a autora, assumir o testemunho de tais gestos de subversão, de tais resistências corajosas pagas a caro preço, de tais intrépidas desobediências e raivas, de tais visões e pronunciamentos proféticos é um ato de dever para uma pesquisa historiográfica “justa”. De fato, principalmente os historiadores homens ignoraram ou subestimaram as presenças femininas nesse campo.

 

Dar testemunho das vidas de mulheres consideradas heréticas significa restituir ao conceito de heresia o valor original de “escolha”. Significa, mais uma vez, evidenciar que a autoproclamada ortodoxia religiosa – fruto amadurecido por uma cultura dominante masculina – é o dispositivo autorreferencial eleito para o julgamento do que é bom (canônico) e do que é mau (herético), traindo a mensagem evangélica inclusiva.

 

Acrescento que tal pesquisa me parece fecunda por outro objetivo ainda: apoiar uma conscientização masculina e feminina da incidência na história de uma ordem do discurso sexuado (ocultado e inominado e, por isso, pervasivo); enquanto ele não estiver adquirido na consciência individual e coletiva, seus efeitos desequilibradores serão produzidos.

 

As vidas e as histórias aqui evocadas testemunham que as mulheres nem sempre se conformaram com o disciplinamento, nem sempre introjetaram um destino de complementaridade, nem sempre se curvaram a papéis de natureza acessória, a serem dispensadoras de um cuidado necessário, mas não recíproco, de reprodução generativa coagida, de serviço sexual mesmo também coagido, ou se submeteram a ser um espelho do logos masculino.

 

Foi escrito pela filósofa Geneviève Fraisse que os movimentos das mulheres acompanhavam as sublevações do povo em várias ocasiões; mas, pouco depois, se separavam: “A ruptura foi profunda e política”, escreve ele. Uma consideração semelhante poderia ser feita para o movimento jesuano.

 

Muitas mulheres se uniram ao impulso de liberdade suscitado por aquele anúncio; muitas – em seguimento ao querigma – tornaram-se seguidoras no serviço da mesa e da palavra, protagonistas nas igrejas domésticas, ministras, diáconas, apóstolas, profetas, encarnação de carismas e do primado do Espírito; algumas pagaram com um cruel martírio.

 

Não era verdade, talvez, que as mulheres foram as mais próximas na agonia do Mestre, enquanto os homens haviam desaparecido? Não era verdade, talvez, que o Ressuscitado apareceu a uma delas, dando-lhe a tarefa de anunciar?

 

Mas logo se consumou a ruptura, que foi profunda e místico-política.

 

Em pouco tempo, começou a marcha à ré tradicionalista. Os comportamentos femininos anômalos, embora voltados ao ágape, subvertiam a ordem das coisas. Na nascente comunidade cristã, consolidaram-se também outros conformismos, em total contradição com aquilo que o profeta de Nazaré havia testemunhado (“E não chameis a ninguém de pai na terra”, Mt 23,9) e com aquele discipulado de iguais que o havia acompanhado.

 

Ao longo dos séculos, o modelo piramidal cada vez mais se associou à pregação de um Deus patriarcal, juiz severo. A imagem de Deus assumia prepotentemente o gênero masculino, como a autora lembra, citando uma passagem do Decretum Gratiani: “A imagem de Deus está no homem, criatura única que recebeu de Deus o poder de governar como seu substituto, porque é a imagem do Deus único. E é por isso que a mulher não foi feita à imagem de Deus”.

 

Valerio ilustra essas deprimentes passagens históricas e teológicas, conectando-as com a perspectiva da relação entre os sexos, com passagens muito detalhadas que não possa repassar. Pareceu-me relevante que a desqualificação de uma mulher que não está em seu lugar tenha se valido sistematicamente, tanto no passado quanto no presente, do uso de categorias sexuais, obviamente infames: tal estratégia é incontestável para transmitir o desprezo. As profetisas frígias eram cortesãs e adúlteras. As bruxas eram amantes de Satanás.

 

O que deve ser destacado é que cindir o vasto prisma que inclui autoritarismo / institucionalização do cânone / clericalismo / recuperação de formas culturais sacrais / dogmatismo / oposição ao judaísmo / união com as instituições romanas – para dizer alguns traços – rumo ao qual a Igreja se orienta, a partir do quadro misógino/kiriarcal não daria conta da estrutura geral do conjunto.

 

Descerra-se, assim, o panorama das figuras femininas carismáticas / autônomas / transgressoras que A. Valerio percorre ao longo dos capítulos. Dois milênios de história são revisitados: das montanistas às cátaras, de Margarida Porete e das beguinas às valdenses, de Guglielma de Milão a Joana d’Arc e depois, continuando, as chamadas bruxas, as quietistas, as jansenistas, as profetisas de uma Igreja alternativa, para chegar ao século XIX, assim como ao século XX: o capítulo “As novas heréticas”, de fato, é povoado por uma grande multidão de figuras.

 

 

Reconhecer a indecência da desigualdade, da inferiorização e muitas vezes do desprezo (assim como o encontramos em páginas da literatura patrística) realizadas por homens em relação à subjetividade feminina, assumir a responsabilidade pelas violações dos direitos humanos (mesmo que as normas internacionais não haviam sido sancionadas, havia o Evangelho mesmo assim, que certamente excede as declarações da ONU) seria um passo decisivo, necessário para transformações estruturais – e não de imagem – da economia dos bens simbólicos.

 

Isso se somaria à imprescindível reconstrução histórica feminista, uma árvore de grandes galhos, para cujo crescimento a apaixonada e qualificada pesquisa histórica de Adriana Valerio, desdobrada ao longo de toda a sua vida, deu uma contribuição substancial.

 

Isso se somaria, eu escrevi, porque a dimensão da pesquisa acadêmica/intelectual não pode ficar sem companheiras de viagem. As companheiras são as práticas. A. Buttarelli escreve no prefácio de “Il mondo è sessuato: femminismi e altre sovversioni” [O mundo é sexuado: feminismos e outras subversões], de G. Fraisse: “Como defende Fraisse, ‘a acumulação dos saberes e ensaios metodológicos não serão suficientes para esmigalhar os contrafortes do simbolismo masculino’, e, por isso, não temos escolha, temos que inventar novas práticas, novas lutas”.

 

Há dois anos, foi publicada uma “Carta aberta”, intitulada “La pace nel mondo non può fare a meno delle scuse alle donne da parte delle gerarchie ecclesiastiche” [A paz no mundo não pode prescindir do pedido de desculpas das hierarquias eclesiásticas às mulheres]. Nela, um pequeno grupo de mulheres ousava atravessar novamente o fluxo de uma tradição eclesial que havia difamado e insultado as mulheres, e pedia explicações sobre isso, desejando uma mobilização de base; a invocação da paz pela Igreja Católica, sem a sua conversão, era insincera e não credível; de fato, a paz não existe sem justiça, e a justiça precisa de uma obra de reparação pelo mal infligido.

 

Tempo esgotado? De forma alguma! Alguns dias atrás, saiu a notícia de que a Igreja Anglicana se desculpou formalmente com os judeus da Inglaterra. Uma espera que durou 800 anos; mas o crime não havia prescrito, nem os ultrajes contra os judeus, nem os contra as mulheres.

 

Por fim, duas observações:

 

1. Não são poucos os atestados de consenso por parte dos homens sobre a contracultura elaborada pelo movimento das mulheres; este precioso pequeno livro também já recolheu e recolherá apreciações do lado masculino. Mas depois, como Rita Torti sugeria no último seminário da Coordenação das Teólogas Italianas, o que mudou ou mudará nas suas vidas? Será que vão se expressar diante de uma piada machista? Vão se sentir incomodados – como esta que escreve – ao usar o termo “Homem” tout court em vez do mais correto “Ser Humano”? Vão levantar a voz para corrigir quem faz esse pequeno, mas eloquente, ato machista?

 

2. Não faltam os sinais de resistência, evocados por A. Valerio na última página. Mulheres heréticas ainda agitam a casa católica; por exemplo, Valerio dá conta das mulheres que “se preparam para uma ordenação ilegal”; e daquelas que, nos rastros de Anne Soupa, que se candidatou a bispa de Lyon, fizeram gestos semelhantes e instituíram o coletivo Toutes Apotres. Também na Itália existem agremiações de mulheres heréticas que resistem e não se calam. A revista Adista fielmente dá conta disso; por exemplo, Donne per la Chiesa, Voices of Faith, Donne CDB e as muitas outras e, por último, mas não menos importante, o Observatório Inter-Religioso sobre as Violências contra as Mulheres.

 

O Espírito ainda sopra poderosamente e onde quer (Jo 3,8).

 

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