O mundo é um grande olho que vemos e que nos vê

Por: Ricardo Machado | 11 Abril 2022

 

José Ángel Quintero Weir é membro do povo Añuu, que vive na região da grande Lago Maracaibo, na Venezuela. Professor na Universidade Autônoma Indígena UAIN – Wainjirawa e na Universidade de Zulia, Quintero apresenta a conferência de abertura do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo intitulada O mundo é um grande olho que vemos e que nos vê.

 

O evento ocorre na terça-feira, 12 de abril, a partir das 10h, com transmissão on-line. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas do site do ciclo de estudos.

 

 

 

O tempo do Nós

 

Uma outra maneira, mais singela e não menos profunda, de descrever o tempo histórico que vivemos, a que os ocidentais acadêmicos costumam chamar de antropoceno, é chamá-lo de “tempo do eu”. Em contraposição a essa visão moderna, individualista, antropocêntrica, segue-se a cosmovisão Añuu, do tempo do nós, antes como outra volta no parafuso civilizacional, que como virada ontológica.

"Os caminhos do mundo aproximam-nos todos a uma Volta do Tempo, que é aquele em que a espiral nos põe de regresso a tempos já vividos, mas como presente. Não é como um déja vu, como uma repetição da história, mas sim o tempo em que precisamos olhar para trás para ver onde perdemos o caminho, repor em nosso coração as razões de nosso caminhar e o horizonte ético que o orienta. E então reiniciar a caminhada sendo Nós", propõe Quintero em seu artigo Da virada ontológica ao tempo de volta do Nós.

"Eis aqui o Tempo de Volta ao Nós; não é porque essa temida catástrofe do Antropoceno virá em um futuro incerto, ou que já tenha chegado. É que nunca se foi de nós desde sua chegada a nossos territórios há mais de 500 anos", complementa.

 

Veja a programação completa e os conferencistas

 

O Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo se estende até julho. Você pode ver a programação completa a seguir. Para receber certificação, é necessário se inscrever no site do evento.

Todas as conferências serão transmitidas on-line no canal do YouTube do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

 

12 de abril | O mundo é um grande olho que vemos e que nos vê

Prof. Dr. José Ángel Quintero Weir

José Ángel Quintero Weir é membro do povo Añuu e professor na Universidade Autônoma Indígena UAIN – Wainjirawa.

 

5 de maio | Verdades pragmáticas em mundo irreconciliavelmente diverso

Prof. Dr. Mauro Almeida – Unicamp

Mauro Almeira é doutor em Antropologia Social (University of Cambridge, 1993), Mestre em Ciência Política (Universidade de São Paulo, 1979) e graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Membro permanente do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas. Áreas de pesquisa: Amazônia, reservas extrativistas, comunidades tradicionais, e teoria antropológica. Participou da criação da reserva extrativista do Alto Juruá e do planejamento da Universidade da Floresta (Universidade Federal do Acre - Campus Floresta). Publicou artigos em Current Anthropology, Journal for Latin-American Anthropology e outras revistas especializadas. É coautor do livro "A Enciclopédia da Floresta. O Alto Juruá: prática e conhecimentos das populações”, com Manuela Carneiro da Cunha.


9 de maio | Manifesto a favor da antropologia multiespécies e das ecologias emergentes

Dr. Eben Kirksey – Alfred Deakin Institute – Austrália

Eben Kirksey é um antropólogo americano que escreve sobre ciência e justiça. Ele é mais conhecido por seu trabalho pioneiro em "etnografia multiespécies" – uma abordagem para estudar as interações humanas com animais, plantas, fungos e micróbios. Eben tem uma curiosidade insaciável sobre natureza e cultura. Investigar algumas das histórias mais importantes do nosso tempo – relacionadas à biotecnologia, meio ambiente e justiça social – o levou à Ásia, ao Pacífico e às Américas. Quando estourou a controvérsia sobre os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo, Eben falou sobre ética no palco principal da Cúpula Internacional sobre Edição do Genoma Humano em Hong Kong. Mais tarde, ele viajou para a China continental, onde aprendeu sobre as esperanças queer e os desejos impuros que animaram esse experimento com o CRISPR-Cas9. Atualmente é Professor Associado (Pesquisa) no Alfred Deakin Institute em Melbourne, Austrália, onde estuda The Promise of Multispecies Justice, a virada química nas humanidades e a circulação de vírus em mundos multiespécies.


17 de maio | Atlas selvagem: novas ecologias no antropoceno

Profa. Dra. Anna Tsing – University of California – EUA

Anna Tsing é professora de Antropologia na Universidade da Califórnia, Santa Cruz. Tsing estudou na Universidade de Yale (B.A., 1973) e na Universidade de Stanford (M.A., 1976; Ph.D., 1984). Ao receber seu doutorado, atuou como professora assistente visitante na Universidade do Colorado, Boulder (1984-86), e como professora assistente na Universidade de Massachusetts, Amherst (1986-89), antes de ingressar no corpo docente da UC Santa Cruz. Ela também foi professora visitante na Universidade de Chicago, na Universidade de Harvard e na Universidade de Aarhus, na Dinamarca. Em 1994-1995, ela foi membro do Institute for Advanced Study em Princeton. Anna Tsing é membro da American Anthropological Association, da American Ethnological Society e da Association for Asian Studies. É autora do célebre livro Arts of Living on a Damaged Planet: Ghosts and Monsters of the Anthropocene (Minnesota: University of Minnesota Press, 2017).

 

18 de maio | A guerra e a sociedade da autodestruição

Prof. Dr. Anselm Jappe – L'Accademia di Belle Arti "Mario Sironi" – Sassari – Itália

Anselm Jappe é um filósofo e ensaísta nascido na Alemanha. Fez seus estudos em Itália e em França, onde vive atualmente. Além de inúmeros artigos na revista alemã Krisis, é autor do livro "Guy Debord", sobre a vida e a obra do pensador e ativista francês (publicado no Brasil pela editora Vozes). Recentemente publicou o livro As Aventuras da Mercadoria (pela Editora Antígona de Lisboa) que reconstrói a trajetória filosófica e política da crítica do valor.

 

24 de maio | “Fragmentos de uma história futura”: caminhos para construção de mundos possíveis 

Dr. Alexsandro Elias Arbarotti – École des Ponts ParisTech – França 

Alexsandro Elias Arbarotti é pós-doutorando no Laboratoire Eau, Environnement et Systèmes Urbains (Leesu) na École des Ponts ParisTech. Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos com bolsa da FAPESP (2018); Bolsista de Estágio de Pesquisa no Exterior (FAPESP) no Laboratoire Dynamiques sociales et recomposition des espaces (França, 2016). Mestre em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (2014); graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2011); graduado em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (2004). Pesquisador do Centro de Pesquisa e Estudos Agrários (CPEAA) e membro do Grupo de Pesquisa Ruralidades, Ambiente e Sociedade (RURAS/ UFSCar).


20 de junho | Cosmopolíticas dos animais: por uma concepção política para além do humano

Profa. Dra. Juliana Fausto - Puc Rio

Juliana Fausto possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná, com bolsa PNPD/CAPES, onde atua como professora visitante, ministrando disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia.

 

29 de junho | Um mundo sem a fratura entre o ser humano e a natureza. Uma exegese a partir do Gênesis

Prof. Dr. André Wénin - Université catholique de Louvain - Bélgica

André Wénin é graduado em filologia clássica, é biblista exegeta, teólogo, doutor em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Atualmente é professor da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, professor visitante em teologia bíblica na Universidade Gregoriana, em Roma, e secretário da Rede de Investigação em Análise Narrativa de Textos Bíblicos – RRENAB (Réseau de recherche en analyse narrative des textes bibliques).


19 de julho | Ciência e ficção: especulação e imaginação para resistir no Antropoceno

Prof. Dr. Renato Sztutman – USP

Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. É mestre e doutor em Antropologia Social pela USP, área de etnologia indígena. Realizou pós-doutorado, em 2015, no Departamento de Filosofia da Universidade de Paris Ouest Nanterre. É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP) e do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP). Foi editor responsável, entre 2013 e 2017, da Revista de Antropologia (Depto. de Antropologia da USP). Foi um dos fundadores e coeditou, entre 1997 e 2007, a revista Sexta-Feira. Seus principais temas de pesquisa são: cosmopolíticas ameríndias, fronteiras entre antropologia e filosofia, antropologia e cinema.

 

20 de julho | Afrotopia, Ética e Economia. "Habitar o mundo" no Antropoceno

Prof. Dr. Felwine Sarr - Université Gaston Berger

Felwine Sarré possui doutorado em Economia pela Universidade de Orléans (França), é professor na Universidade de Gaston Berger, em Saint Louis (Senegal), na qual, em 2011, ficou responsável pela faculdade de Economia e Gestão e criou o Centro de Investigação em Civilizações, Religião, Arte e Comunicação (CRAC), onde ensina Economia Política, Economia do Desenvolvimento, Econometria, Epistemologia e História das Ideias Religiosas. É editor do Journal on African Transformation, editado pelo CODESRIA - Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África e pela UNECA - Comissão Econômica das Nações Unidas para a África. É autor dos livros Dahij (Gallimard 2009), 105 Rue Carnot (Mémoire d’Encrier 2011), Méditations Africaines (Mémoire d’Encrier 2012), Afrotopia (Philippe Rey 2016), entre outros.

 

Data a definir | Multinaturalismo. Da política do conceito a um novo conceito de política

Prof. Dr. Mateus Uchôa - Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA-CE

Mateus Uchôa é bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É também mestre em Artes pelo PpgArtes da UFC. É doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de Estética e Filosofia da Arte com pesquisa sobre os mundos animais e os limites do anthropos. Tem interesse em Filosofia da Natureza; Pluralismo Ontológico; Pensamento Ameríndio; Multinaturalismo; Estudos Multiespécies; Virada Ontológica na Antropologia; Estética e Pensamento Decolonial; Ecologia e Experiência Sensível; Cosmopolíticas e Questão Ambiental no Antropoceno. Atualmente realiza pesquisa sobre pensamento indígena a partir da etnologia de Eduardo Viveiros de Castro, e também da obra “A Queda do Céu”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, com ênfase na articulação de ideias ameríndias com questões da filosofia especulativa contemporânea. Tem experiência no ensino de Filosofia Geral; História da Filosofia Moderna; Antropologia Filosófica; Filosofia da História; Estética. Foi professor substituto (nos períodos de 2013-2015 e 2018-2020) dos cursos de bacharelado e de licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual Vale do Acaraú e coordenador do Grupo de Estudos De(s)coloniais - GEDES/UVA.

 

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