27 Mai 2021
Onze clérigos foram reconhecidos como agressores, entre eles Renato Poblete.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 26-05-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Companhia de Jesus no Chile reconheceu que 64 pessoas foram vítimas de abuso sexual, 34 delas menores de idade, por parte de 11 clérigos, segundo uma publicação da própria ordem que transcendeu nesta quarta-feira e que revelou três casos que não eram conhecidos pela opinião pública.
Um total de 17 jesuítas foram investigados canonicamente entre 2005 e 2020, dos quais a congregação demonstrou a responsabilidade de 11, sendo 34 vítimas menores de idade e 30 adultos, conforme registrou o Relatório 2021 do Centro de Prevenção de Abusos e Reparação (CPR) publicado pela Companhia de Jesus.
Entre os clérigos investigados destaca-se o nome do falecido ex-líder dessa congregação, Renato Poblete, que abusou sexualmente de quatro crianças e de 19 pessoas adultas, desde a década de 1960 até o ano 2000.
Poblete, que faleceu em 2010 e foi denunciado a primeira vez em 2019, foi capelão durante mais de duas décadas no Lar de Cristo, uma das maiores fundações beneficentes do país, chegando a ganhar inclusive um prêmio do governo por sua trajetória de assistência social.
Sobre os três casos revelados com a publicação deste relatório, trata-se de delitos sexuais que deixaram um total de três vítimas e foram perpetrados por três jesuítas: H. Carlos Berríos, falecido em 2012, José Tomás Gatica Barros, demitido em 2012, e Eduardo Tampe, que se encontra em um “plano de supervisão” da instituição.
Outros dois padres fazem parte na atualidade deste tipo de programas, que envolvem ajuda psicológica e medidas restritivas como a proibição de se aproximar de crianças. Do restante dos padres, cinco faleceram e três já não são parte da Companhia de Jesus.
“Do total de vítimas, foi feito contato com a maioria delas e foram permitidos 49 programas de reparação (...) 31 delas com um acordo de reparação econômica”, registou o relatório.
Desde que em 2010 o influente padre Fernando Karadima foi denunciado e um ano depois condenado pelo Vaticano como culpado de abusos sexuais de crianças, a Igreja chilena recebeu dezenas de denúncias por abusos.
Segundo dados da Procuradoria, em 2019 havia 166 causas abertas por delitos sexuais por parte do clero a 248 vítimas, das quais 131 eram menores de idade.
