09 Mai 2025
O primeiro papa americano! Muitos pensavam que o fato de possuir um passaporte americano era um obstáculo intransponível para a eleição do cardeal agostiniano Robert Prevost como Papa Leão XIV, mas o Colégio dos Cardeais pensava o contrário.
A informação é publicada por Settimanna News, 08-05-2025.
Prevost foi o menos americano dos cardeais americanos, tendo passado grande parte de seu ministério como padre e bispo no Peru e em Roma como superior geral da ordem agostiniana. Os cardeais claramente queriam alguém comprometido com a agenda de reformas do Papa Francisco e com um histórico comprovado de gestão eficaz.
Como prefeito do Dicastério para os Bispos nos últimos dois anos, Prevost deve ter conversado com muitos cardeais do mundo todo enquanto preparava os dossiês a partir dos quais Francisco selecionava a maioria dos bispos do mundo. Além disso, quando era superior geral dos agostinianos, Prevost viajou pelo mundo visitando as diversas províncias e missões da ordem.
Seu potencial de liderança, no entanto, ficou mais evidente no trabalho que ele realizou no Peru no início de sua carreira. O padre agostiniano Anthony Pizzo, prior provincial dos agostinianos do Centro-Oeste, conhece Prevost desde 1974, quando Pizzo estava um ano atrás do futuro papa na Universidade Villanova.
Leão XIV, o Papa imigrante, será oposto a Trump na imigração - Nascido nos EUA, Robert Francis Prevost viveu por décadas no Peru e adquiriu a nacionalidade peruana
— Guga Chacra (@gugachacra) May 8, 2025
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Em uma entrevista por telefone antes do início do conclave, Pizzo contou que Prevost “foi enviado para nossas missões no Peru, na região noroeste do país. Eram missões da província do Centro-Oeste da ordem, a Província de Nossa Senhora do Bom Conselho. Iniciamos as missões, conhecidas como missões de Chulucanas, após o Concílio Vaticano II. Prevost trabalhou com o bispo [Juan Conway] McNabb, que liderava a prelazia local.”
Prevost “tornou-se diretor de formação. Todos os líderes dessas missões agora são agostinianos peruanos nativos, e ele foi fundamental no esforço de recrutar vocações locais e treinar padres locais para a liderança da ordem,” disse Pizzo ao NCR. “E ele conseguiu.”
O Papa Leão XIV, assim como Francisco, foi moldado pela recepção do Concílio Vaticano II (1962-65) na América Latina. Lá, os bispos abraçaram o estilo sinodal que Francisco traria para a Igreja universal.
O Conselho das Conferências Episcopais da América Latina, conhecido pela sigla CELAM, foi criado antes do Concílio Vaticano II, em 1955, mas suas reuniões pós-conciliares desenvolveram um grau de discernimento colegial e tomada de decisões único no mundo. Francisco trouxe esse estilo mais colegial para a Igreja universal com os dois sínodos sobre sinodalidade realizados em 2023 e 2024.
O foco, bem como o estilo de governo, dos bispos latino-americanos têm sido claros mesmo na era pós-conciliar: eles nunca deixaram de se perguntar o que significa exercer uma opção preferencial pelos pobres. Diante da pobreza generalizada e aguda, eles refinaram as implicações do Evangelho para uma sociedade justa em uma teologia mais ou menos coerente. Eles abandonaram algumas das teorias mais grosseiras, antes agrupadas sob o título de “teologia da libertação,” em favor de uma teologia mais indígena do povo, que evitava a antropologia equivocada, as suposições materialistas e a teoria dialética hegeliana que caracterizavam grande parte da teologia da libertação.
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— Antonio Spadaro (@antoniospadaro) May 8, 2025
Quando Prevost se tornou bispo, as lutas em torno da teologia da libertação já haviam diminuído, mas a questão permanecia: o que significa exercer uma opção preferencial pelos pobres?
Enquanto os cardeais debatiam o futuro da Igreja na semana passada, a sombra feliz de Francisco pairava sobre eles. Eles queriam alguém que compartilhasse seu compromisso com a sinodalidade e a preocupação com os pobres do mundo. Com Prevost, um homem de boas maneiras, eles também votaram por menos surpresas e uma mão mais firme no comando do governo, alguém com experiência na Cúria do Vaticano, mas não um produto daquela cúria.
Os críticos conservadores, ricos e bem organizados de Francisco ficarão desapontados. Que assim seja. O novo papa não é alguém que será seduzido pelo poder financeiro. Conservadores americanos que discordavam de Francisco frequentemente citavam o provincianismo de sua origem argentina e, acima de tudo, o que viam como sua veia peronista. Diziam que ele não entendia a América. Esse refrão não funcionará com Leão XIV.
Nas conversas pré-conclave, havia preocupações de que Prevost não tinha o carisma de Francisco. Mas é difícil encontrar uma foto do cardeal Jorge Bergoglio sorrindo quando era arcebispo de Buenos Aires. Ele foi transformado por sua eleição. Em 2005, após a eleição do cardeal Joseph Ratzinger como Papa Bento XVI, um bispo me disse: “Lembre-se, o cardeal Ratzinger e o Papa Bento XVI são realidades diferentes.” E, de fato, logo vimos fotos de Bento XVI beijando crianças. Nos últimos 25 anos, ele ocupou um cargo de escritório.
Quem sabe como o Papa Leão XIV se comportará no cenário mundial. Por enquanto, só podemos dizer, mas com certeza, que os cardeais escolheram alguém comprometido com as reformas iniciadas pelo Papa Francisco. O novo papa traçará seu próprio curso, isso é certo, mas sabemos a direção que ele tomou. (Michael Sean Winters, para o National Catholic Reporter – 8 de maio de 2025)
Robert Francis Prevost, 67 anos, nascido em Chicago, Illinois (EUA), em 14 de setembro de 1955, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA) em 1977, na Província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Saint Louis. Em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes. Estudou na Catholic Theological Union em Chicago, graduando-se em Teologia.
Aos 27 anos, foi enviado pela ordem a Roma para estudar Direito Canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum). Recebeu a ordenação sacerdotal em 19 de junho de 1982. Obteve a licenciatura em 1984 e depois foi enviado para trabalhar na missão de Chulucanas, em Piura, Peru (1985-1986).
Em 1987, obteve o doutorado com a tese “O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho”. No mesmo ano, foi eleito diretor de vocações e diretor de missões da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” em Olympia Fields, Illinois (EUA). Em 1988, foi enviado à missão de Trujillo como diretor do projeto de formação conjunta dos aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Lá, foi prior da comunidade (1988-1992), diretor da formação (1988-1998) e professor dos professos (1992-1998). Na Arquidiocese de Trujillo, foi vigário judicial (1989-1998), professor de Direito Canônico, Patrística e Moral no Seminário Maior San Carlos y San Marcelo.
Em 1999, foi eleito prior provincial da Província “Mãe do Bom Conselho” (Chicago). Depois de dois anos e meio, o Capítulo Geral Ordinário o elegeu Prior Geral, ministério que a ordem lhe confiou novamente no Capítulo Geral Ordinário de 2007. Em outubro de 2013, retornou à sua província (Chicago) para ser professor dos professos e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, em 3 de novembro de 2014, administrador apostólico da Diocese de Chiclayo (Peru), elevando-o à dignidade episcopal de bispo titular da Diocese de Sufar. No dia 7 de novembro, tomou posse canônica da diocese na presença do núncio apostólico James Patrick Green; foi ordenado bispo em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na catedral de sua diocese.
Homenagem a Leão XIII indica foco na justiça social. “O mal não cai prevalecer”, disse o primeiro papa americano. Pronunciamento usa italiano e espanhol e omite o inglês natal, mas que ninguém se engane. Pontificado combaterá os valores do trumpismo👇 https://t.co/v1KdJjge4W
— Maria Cristina Fernandes (@mcfernandes) May 8, 2025
Ele é bispo de Chiclayo desde 26 de setembro de 2015. Desde março de 2018, é segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana. O Papa Francisco o nomeou membro da Congregação para o Clero em 2019 e membro da Congregação para os Bispos em 2020 (do site do Dicastério para os Bispos).
O primeiro papa nascido nos Estados Unidos, Leão XIV, apareceu na sacada às 19h23 sob aplausos da multidão. Suas primeiras palavras como Santo Padre foram em italiano: “A paz esteja com todos vocês!”
O cardeal Robert Prevost, OSA, ex-prior geral dos agostinianos e missionário de longa data no Peru, não estava entre os favoritos para suceder o Papa Francisco. Sua reputação como uma figura confiável e sólida, conhecido por sua humildade, discrição e bom senso, pode tê-lo levado à proeminência.
Nascido em Chicago, o novo pontífice de 69 anos foi nomeado pelo Papa Francisco em 2023 para liderar o Dicastério para os Bispos, uma das funções mais influentes da Igreja, onde supervisionou a seleção de bispos ao redor do mundo. Antes de vir para Roma, foi bispo de Chiclayo, Peru, e desempenhou um papel fundamental no fortalecimento da liderança da Igreja em toda a América Latina. (Gerard O’Connell, para a America Magazine – 8 de maio de 2025)
É necessária uma estrutura de governança muito mais eficiente para a Igreja, e para isso precisamos de um papa que seja capaz de organizar bem ou pelo menos delegar bem. A esse respeito, o cardeal americano Prevost, que chefia o dicastério responsável pelas nomeações episcopais na Europa, América e Austrália, goza de muito boa reputação. Embora não esteja na cúria há muito tempo, ele é considerado um organizador habilidoso, além de ter trabalhado durante anos como missionário e, finalmente, também como bispo no Peru. (Kurt Appel, para SettimanaNews – 4 de maio de 2025)
Apesar de suas origens americanas, o cardeal Prevost, 69 anos, um nativo multilíngue de Chicago, é considerado um clérigo que transcende fronteiras. Ele serviu por duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e cidadão naturalizado, e mais tarde tornou-se superior geral de sua ordem (agostinianos). Até a morte de Francisco, ele ocupou um dos cargos mais influentes no Vaticano, liderando o escritório que seleciona e gerencia bispos no mundo todo.
Membro da Ordem de Santo Agostinho, ele se assemelha a Francisco em seu compromisso com os pobres e migrantes e em encontrar as pessoas onde elas estão. No ano passado, ele disse ao site oficial do Vaticano que “o bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino.”
Ele passou a maior parte de sua vida fora dos Estados Unidos. Ordenado sacerdote em 1982, aos 27 anos, obteve doutorado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma. No Peru, foi missionário, pároco, professor e bispo. Como superior geral dos agostinianos, visitou comunidades religiosas ao redor do mundo e fala espanhol e italiano.
Frequentemente descrito como reservado e discreto, em termos de estilo ele seria diferente de Francisco como papa. Seus apoiadores acreditam que ele provavelmente dará continuidade ao processo consultivo (sinodalidade) iniciado por Francisco para convidar os leigos a trabalharem em conjunto com os bispos. (New York Times – 8 de maio de 2025)