24 Agosto 2024
Evidências científicas crescentes mostram que partículas se acumulam em órgãos humanos críticos; pesquisadores estudam consequências à saúde e pedem ações urgentes contra poluição por plástico.
A informação é publicada por ClimaInfo, 23-08-2024.
Diversos estudos já detectaram pequenos fragmentos e partículas de plásticos nos pulmões, placentas, órgãos reprodutivos, fígados, rins, articulações dos joelhos e dos cotovelos, vasos sanguíneos e medula óssea. Agora, um artigo ainda em processo de revisão por pares publicado pelo National Institutes of Health mostra que pesquisadores encontraram uma acumulação particularmente preocupante de microplásticos em amostras de cérebros.

Foto: Ian Stiepcich / ClimaInfo
A pesquisa liderada por Matthew Campen, da Universidade do Novo México, detectou partículas de microplásticos em amostras de cérebro em níveis significativamente mais altos do que em outros órgãos. A análise dos fígados, rins e cérebros de corpos autopsiados descobriu que todos continham microplásticos, mas as 91 amostras de cérebro continham, em média, de 10 a 20 vezes mais do que os outros órgãos, destaca o Guardian.
Os pesquisadores descobriram que 24 das amostras de cérebro, coletadas no início de 2024, apresentavam em média cerca de 0,5% de plástico em peso. Cérebros de pessoas com demência e Alzheimer apresentaram níveis de microplásticos até dez vezes maiores do que cérebros saudáveis, de acordo com o VICE.
Os riscos dos microplásticos dentro do corpo humano à saúde ainda não são bem conhecidos. Estudos recentes estão começando a sugerir que eles podem aumentar o risco de vários males, como estresse oxidativo, que pode levar a danos celulares e inflamação, bem como doenças cardiovasculares. Pesquisas em animais também ligaram os microplásticos a problemas de fertilidade, vários tipos de câncer, desregulação dos sistemas endócrino e imunológico, e comprometimento do aprendizado e da memória.
Diante disso, cientistas pedem ações mais urgentes para conter a poluição por plástico. “É agora imperativo declarar uma emergência global” para lidar com esse problema, disse Sedat Gündoğdu, que estuda microplásticos na Universidade Cukurova, na Turquia.
Environmental Health News, AAMC News e Yale Environment 360 também repercutiram o novo estudo sobre microplásticos no cérebro.
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