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23 Julho 2022

 

“Adorno escrevendo depois de Auschwitz é o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo. Sua caneta nos ensina a nos manter em alerta, fugindo da autocomplacência. A dialética negativa não é uma pirueta conceitual, mas um chamado à autocrítica. Se queremos afastar a barbárie, se desejamos que a chaminé de Auschwitz não volte a cuspir cinzas, devemos manter viva a chama de um pensamento que não sucumba aos seus próprios devaneios”, escreve Rafael Narbona, escritor e crítico literário, em artigo publicado por El Cultural, 19-07-2022. A tradução é do Cepat.

 

Eis o artigo.

 

Após as grandes hecatombes do século XX (a Shoah, o Gulag, os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, a intervenção estadunidense no Vietnã, o genocídio de Ruanda e as guerras balcânicas), produz rubor evocar certas ideias filosóficas, como o otimismo iluminista, a astúcia hegeliana da razão ou a utopia marxista de uma humanidade definitivamente emancipada. Se observarmos o mundo, veremos não um progresso indefinido em direção ao melhor, mas uma recorrência fatal do horror. A filosofia que silencia esse fracasso se torna cúmplice das injustiças, falsificando a realidade.

 

O mal não é um problema antropológico ou ontológico, mas cultural. Não brota do instinto, mas de uma tradição falida. Theodor W. Adorno escreveu que a metafísica não podia continuar sustentando a suposta excelência da civilização ocidental, nem a ficção de um progresso indefinido em direção ao melhor. Somos impedidos pelos cadáveres carbonizados de Hiroshima, pelas cinzas dos fornos crematórios de Dachau, pelos restos mortais das vítimas das fossas de Katyn ou pelos corpos fuzilados da aldeia vietnamita de My Lai.

 

Adorno pertencia à Escola de Frankfurt, segundo a qual urge uma “teoria crítica” da sociedade industrial que acabe com a exploração do homem pelo homem. Só será possível promovendo valores como solidariedade, a imaginação, a liberdade e a criatividade. A Escola de Frankfurt encarna a ideia de uma filosofia a serviço do ser humano. Seu objetivo é denunciar e dissolver as estruturas opressoras que disseminam a infelicidade e a desigualdade. Seu trabalho interpretativo prolonga o espírito do Século das Luzes e a crítica de Marx ao capitalismo, mas sem cair no otimismo científico ou no materialismo histórico e dialético.

 

Em 1944, Theodor W. Adorno publica com Max Horkheimer Dialética do Esclarecimento, uma análise da sociedade tecnológica moderna. Movida pelo desejo de domínio, a razão tecnológica ou instrumental disseminou o infortúnio por toda a face da terra. Sua única preocupação é produzir bens e serviços, sem pensar nos fins. As considerações éticas são ignoradas. Importam apenas poder, produtividade e controle de recursos. O indivíduo se tornou irrelevante. A sociedade se tornou uma massa acrítica e amorfa. Um totalitarismo difuso impera sobre as consciências, abolindo as diferenças.

 

Não é um fenômeno que atinge apenas os países capitalistas. A mesma coisa acontece nos países socialistas. Dialética do Esclarecimento é um título enganoso, pois Adorno e Horkheimer não limitam suas críticas à filosofia das Luzes, mas ao conjunto da civilização ocidental. Odisseu é o primeiro mito de uma tradição que pretende reinar sobre a natureza, explorando as possibilidades da técnica. Frente ao belicismo dos heróis da Ilíada, Odisseu é um burguês que supera os problemas por meio do engenho. Não é um herói trágico, mas um homem prático. Não está interessado em compreender, mas em obter resultados, concluir desafios.

 

Essa mentalidade chegou até nossos dias. Parece inofensiva, mas a verdade é que coisificou o ser humano, tornando-o um meio para algo e não um fim em si mesmo. A técnica não é mais um mero recurso, mas ideologia e metafísica. O cogito cartesiano, um dos marcos da razão instrumental, subordinou a existência ao pensamento. As ideias claras e distintas precedem o ser, definindo a verdade como evidência ou certeza. A imaginação é apenas fantasia, erro. Só existe o mensurável, o que pode ser tocado, medido, explorado, e o ser humano não escapa dessa abordagem.

 

O totalitarismo político nasce dessa perspectiva, que reduz o homem à matéria descartável. Tudo o que não é produtivo, tudo o que não aumenta o domínio sobre a natureza e produz lucros, constitui um obstáculo e sua eliminação é um imperativo ético. Como reverter esta tendência? Como estabelecer fins mais humanos?

 

Em 1966, Adorno publica Dialética Negativa, que pretende explorar o potencial crítico da dialética. Frente à dialética sistemática ou positiva, a dialética crítica ou negativa não busca encaixar a totalidade do real em um esquema explicativo. A realidade transborda o pensamento e não pode ser subsumida em uma constelação de categorias. A filosofia não pode apreender a essência oculta da realidade, pois a profundidade do ser é inacessível. Sua resistência em reconhecer essa limitação transformou a dialética em ideologia, ou seja, em dogma. Insiste-se na identidade entre ser e pensamento para demonstrar que a realidade não é aleatória e gratuita, mas algo dotado de sentido.

 

Embora Hegel afirmasse o contrário, a realidade não é racional e o que é racional não é real. A realidade é irredutível ao pensamento e não constitui uma totalidade harmônica. A dialética negativa não acredita na possibilidade de uma síntese que concilie os antagonismos, mas na necessidade de preservar a diferença. O negativo, o anômalo, o que não pode ser integrado a um sistema filosófico, representa o motor de um pensamento crítico. É o ponto onde se rompem as totalidades fictícias elaboradas pela tradição filosófica.

 

A dialética positiva é complacente consigo mesma. Pensa que descreve objetivamente o ser. A dialética negativa é autocrítica. Sabe que não pode abarcar o real e que o mundo não é racional. Sempre se questionará, permanecendo aberta ao excepcional ou marginal. As utopias são um fruto da dialética positiva. Tentam ajustar a realidade a uma ideia. Esta é uma abordagem errônea e perigosa. O futuro deve permanecer indeterminado. Quando não é assim, o homem acaba alienado e coisificado. É o que aconteceu na Alemanha nazista e na União Soviética, que reprimiram tudo o que se desviava de seu discurso fechado e inalterável.

 

Adorno adquiriu essa fama paradoxal obtida com a propagação de uma frase lapidar, mas cujo verdadeiro significado é pouco conhecido. Quando afirmou que “depois de Auschwitz a poesia não era mais possível”, não pretendia liquidar um gênero literário ou qualificá-lo como banal e desnecessário, mas chamar a atenção para a necessidade de uma arte que ecoasse o horror ocorrido. Ao final de Dialética Negativa, Adorno escreveu: “Após Auschwitz, a sensibilidade não pode ignorar em qualquer afirmação da positividade da existência um charlatanismo, uma injustiça para com as vítimas, e deve se rebelar contra a extração de um sentido, por mais abstrato que seja, daquele trágico destino”.

 

Adorno não pedia aos poetas que emudecessem, mas que descartassem definitivamente o triunfalismo. A vida não possui um significado oculto. A história do ser humano não é uma história de progresso, não é possível encontrar uma redenção ou um sentido para tragédias como Shoah. O intelectual que celebra o mundo é um charlatão que zomba das vítimas. Se o terremoto de Lisboa afastou Voltaire da teodiceia de Leibniz, segundo a qual vivemos no melhor dos mundos possíveis, Auschwitz deveria dissipar definitivamente qualquer ilusão de se viver em um mundo onde o bem supera o mal.

 

Nos campos de extermínio, buscou-se liquidar o indivíduo, transformar o homem em mero exemplar de uma espécie ou classe. Não foi uma aberração temporária, mas uma consequência lógica do devir de nossa cultura. O totalitarismo, que legisla sobre a vida e a morte, o corpo e a mente, é o último rebento da razão instrumental. Nos campos de concentração, não se destruía os indivíduos. Descartavam-se unidades sobrantes. O niilismo absoluto já é um fato e não surpreende ninguém. Diante dele, não cabe a indiferença. Impõe-se o protesto, o grito raivoso. “A perpetuação do sofrimento - escreve Adorno - tem tanto direito de se expressar quanto o torturado de gritar. Portanto, talvez tenha sido falso dizer que após Auschwitz não se pode mais escrever poemas”.

 

A poesia que ignora o sofrimento extremo das vítimas dificilmente difere da música que as SS faziam soar no Lager, tentando relaxar a tensão dos prisioneiros. “Auschwitz demonstrou irrefutavelmente o fracasso da cultura”. A arte só alcança sua redenção testemunhando esta catástrofe. Adorno propõe a literatura de Kafka como exemplo do que cabe exigir dos criadores do futuro. A impotência e a fragilidade de seus personagens prefiguram o sofrimento das vítimas do totalitarismo. Suas obras podem ser lidas como parábolas que não pretendem instruir, mas mostrar o desamparo do homem frente ao poder absoluto.

 

A dialética negativa de Adorno beira o niilismo, mas é um niilismo frutífero, necessário. Não é um niilismo existencial, mas epistemológico. Acreditar que podemos saber tudo, pensar que podemos aprisionar a realidade em uma ideia, constitui um ato de violência que atenta contra a diversidade. A dialética é uma ferramenta de opressão quando fixa um rumo para a história e despreza tudo o que se desvia desse roteiro. O ser não cabe no pensamento. Não é uma notícia ruim, pois isso garante sua capacidade de produzir novas e inesperadas formas.

 

O problema é que essa indeterminação produz medo e, a partir daí, a metafísica constrói fábulas onde não há espaço para o acaso ou a diferença. Tem razão Adorno quando afirma que nossa cultura aponta, desde as suas origens, para o espanto de Auschwitz? Não nego os aspectos repressivos e excludentes, mas não acredito que a Shoah revele a essência de nossa cultura.

 

A razão instrumental sufoca os aspectos mais criativos e espirituais do ser humano, mas não leva necessariamente às políticas de extermínio. Penso que as fantasias nacionalistas, as ideologias políticas ou as religiões são muito mais perigosas. A técnica se torna daninha quando produz efeitos que não podemos imaginar ou representar, como aconteceu com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, mas também é nossa segunda natureza, o que nos permitiu habitar o mundo e o tornar um lugar confortável. Foi assim que Ortega y Gasset enxergou.

 

Após Auschwitz, a arte só pode ser um grito raivoso? Evidentemente, há uma obrigação moral para com as vítimas, mas o escuro e desolador não é a única alternativa para honrar sua memória ou, menos ainda, para fechar as feridas. A luz, o equilíbrio, a alegria, não são opções frívolas, mas uma forma legítima de apostar na vida e um ato de beligerância contra a mística sombria do fascismo.

 

Adorno escrevendo depois de Auschwitz é o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo. Sua caneta nos ensina a nos manter em alerta, fugindo da autocomplacência. A dialética negativa não é uma pirueta conceitual, mas um chamado à autocrítica. Se queremos afastar a barbárie, se desejamos que a chaminé de Auschwitz não volte a cuspir cinzas, devemos manter viva a chama de um pensamento que não sucumba aos seus próprios devaneios.

 

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