18 Fevereiro 2020
A partir de agora, a Academia Pontifícia Eclesiástica terá que colaborar com a terceira seção da Secretaria de Estado
“Compartilhando com as Igrejas missionárias um período de caminho junto a sua comunidade, participando em sua cotidiana atividade evangelizadora”.
“Espero, suscitará em outros padres da Igreja universal o desejo de se colocar à disposição para realizar um período de serviço missionário fora de sua própria diocese”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicado por Religión Digital, 17-02-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Golpe de efeito de Bergoglio. Já havia anunciado em seu discurso final do Sínodo Pan-Amazônico, e agora o faz lei. Francisco estipulou que os futuros núncios, e todo o corpo diplomático da Santa Sé, tenham que passar um ano como missionários antes de poderem se dedicar à diplomacia vaticana. Não é uma resposta a González Faus... porém quase se parece.
Em uma carta dirigida ao novo presidente da Academia Pontifícia Eclesiástica, Joseph Marino, Bergoglio reivindica que esta medida seja incluída no plano de estudos. “Desejo que os padres que se preparam para o Serviço diplomático da Santa Sé dediquem um ano de sua formação ao compromisso missionário em uma diocese”, escreve o Papa.
“Estou convencido de que tal experiência poderá ser útil para todos os jovens que se preparam ou começam o serviço sacerdotal, porém de maneira particular para aqueles que no futuro serão chamados a colaborar com os Representantes Pontifícios e, posteriormente, poderão se tornar Enviados da Santa Sé às nações e às Igrejas particulares”, diz o Papa, que recorda como já advertiu desta necessidade em um discurso dirigido à Academia Pontifícia Eclesiástica, em junho de 2015, no qual falou o seguinte:
“A missão que um dia sereis chamados a realizar os levará a todas as partes do mundo. À Europa, que necessita despertar; à África, sedenta de reconciliação; à América Latina, faminta de alimento e interioridade; à América do Norte, decidida a redescobrir as raízes de uma identidade que não se define pela exclusão; à Ásia e Oceania, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e dialogar com a imensidão das culturas ancestrais”.
“Para enfrentar positivamente esses crescentes desafios para a Igreja e para o mundo, é necessário que os futuros diplomatas da Santa Sé adquiram, ademais de uma sólida formação sacerdotal e pastoral, e daquela específica” que já oferecem os estudos da Academia, também “uma experiência pessoal de missão fora da própria diocese de origem, compartilhando com as Igrejas missionárias um período de caminho junto a sua comunidade, participando em sua atividade evangelizadora cotidiana”.
Essa nova experiência “entrará em vigor a partir dos novos estudantes que começarão sua formação no próximo ano acadêmico 2020/21”, conclui o Papa, que pede “uma estreita colaboração com a Secretaria de Estado e, mais concretamente, com a Seção do Corpo Diplomático da Santa Sé, assim como os representantes pontifícios, os quais certamente não deixarão de contribuir com uma valiosa ajuda para identificar as Igrejas particulares dispostas a acolher os alunos e a seguir de perto sua experiência”.
“Estou certo de que uma vez superadas as preocupações iniciais que possam surgir a partir deste novo estilo de formação dos futuros diplomatas da Santa Sé, a experiência missionária que se quer promover será útil não somente aos jovens acadêmicos, mas também para as Igrejas particulares com as quais eles colaborarão e, espero, suscitará em outros padres da Igreja universal o desejo de se colocar à disposição para realizar um período de serviço missionário fora de sua própria diocese”, conclui o Papa.
Queridos irmãos,
Ao concluir os trabalhos da recente Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, expressei o desejo de que os padres que se preparam para o serviço diplomático da Santa Sé dediquem um ano de sua formação ao compromisso missionário em uma diocese. Estou convencido que tal experiência será útil para todos os jovens que se preparam ou começam o serviço sacerdotal, porém de maneira especial para aqueles que no futuro serão chamados a colaborar com os Representantes Pontifícios e, ao mesmo tempo, poderão se tornar Enviados da Santa Sé às nações e às Igrejas particulares.
De fato, como já recordei à comunidade desta Pontifícia Academia Eclesiástica: “A missão que um dia sereis chamados a realizar os levará a todas as partes do mundo. À Europa, que necessita despertar; à África, sedenta de reconciliação; à América Latina, faminta de alimento e interioridade; à América do Norte, decidida a redescobrir as raízes de uma identidade que não se define pela exclusão; à Ásia e Oceania, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e dialogar com a imensidão das culturas ancestrais” (25 de junho de 2015).
Para enfrentar positivamente esses crescentes desafios para a Igreja e o mundo, é necessário que os futuros diplomatas da Santa Sé adquiram, ademais de uma sólida formação sacerdotal e pastoral, e da formação específica que oferece esta Academia, também uma experiência pessoal de missão fora de sua própria diocese de origem, compartilhando com as Igrejas missionárias de um período de caminho junto à sua comunidade, participando em sua atividade evangelizadora cotidiana.
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O Papa obriga os futuros núncios a passar pelo menos um ano como missionários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU