22 Dezembro 2017
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. Foi visitar uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria.
O anjo entrou onde ela estava, e disse: «Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!» Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer.
O anjo disse: «Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim».
Maria perguntou ao anjo: «Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?»
O anjo respondeu: «O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. Para Deus nada é impossível».
Maria disse: «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo a deixou.
Leitura do Evangelho segundo Lucas 1, 26-38 (Correspondente ao 4º domingo de Advento, ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Estamos no Quarto Domingo de Quaresma, perto da celebração pela qual estamos nos preparando e abrindo nosso desejo: a Vinda de Jesus. Ele vem hoje ao nosso mundo, na nossa realidade, no contexto sócio-político e cultural que vivemos.
O Evangelho de hoje traz a cena de uma nova visita de Deus a seu povo. Mas esta visita tem características especiais. Previamente, o evangelho sinala outra visita para uma mulher: Isabel.
Ao longo de toda a história de Israel, Deus visitou seu povo e podemos sinalar a visita de Deus a mulheres como Sara, que foi mãe de Isaque; Ana, mãe de Samuel; a mãe de Sansão e assim outras mulheres que possivelmente não estão nos textos bíblicos. Deus sempre está presente na vida do seu povo, nas suas necessidades e dificuldades.
Quais são as características desta visita de Deus?
Nazaré pertence a Galileia. Os galileus eram considerados pessoas rudes, rústicas, sem cultura nem formação. Não eram da Judeia, onde estava o Templo, o centro cultural e religioso dos Israelitas. Nazaré era um povoado, e ali o anjo encontra-se com Maria, jovem, adolescente.
A narrativa evangélica preocupa-se com a pessoa de Maria, mas com critérios diferentes daqueles que a sociedade qualifica e diferencia as pessoas. Maria, que seria a Mãe do Messias Salvador, apresenta-se a nós como uma adolescente, nem sabemos o que estava fazendo, possivelmente estava na sua casa, porque esse era seu recinto e ambiente.
Desde os inícios da sua presença no meio de nós, Deus quebra os paradigmas tradicionais que ainda hoje temos continuamente ao nosso redor. Fotos, imagens, histórias, filmes sobre o nascimento de uma criança para apresentá-la à sociedade e saciar assim a fome de interesses passageiros e buscando receber elogios.
Mas Deus toma o caminho contrário. Por isso São Paulo dirá aos Filipenses que tenham os mesmos sentimentos de Jesus, que “não se apegou a sua igualdade com Deus”, mas “apresentou-se como simples homem”.
E assim é a visita de Deus para seu povo e na vida de cada um e cada uma. Ele não precisa de grandes espaços, nem de momentos especiais para estar ao nosso lado. Possivelmente somos nós que não reconhecemos sua presença ou não estamos preparados para percebê-lo.
No texto que lemos hoje, Maria soube escutar a voz do anjo que lhe fala no cotidiano da sua vida. Como dissemos anteriormente, não é nem um momento especial, nem uma situação particular.
Neste momento podemos lembrar as vezes que durante nossa vida experimentamos a visita suave e quase imperceptível de Deus na nossa vida que nos encheu com sua alegria profunda.
Alegra-te! Estas são as primeiras palavras do anjo. b, nos disse, porque eu estou contigo, porque existe um amor que transpassa a eternidade para sempre. Neste tempo de tantas dificuldades políticas, injustiça, pobreza, marginalizações, guerras, Deus segue visitando seu povo.
Como disse o Papa Francisco na sua visita a Myanmar e Bangladesh: “É o mistério da Encarnação que ilumina toda a nossa aproximação à realidade e ao mundo, toda a nossa proximidade com as pessoas, com a cultura. A proximidade cristã é sempre encarnada”. E continua: “Olhar, escutar sem preconceitos, mas com mística. Olhar sem medo e olhar misticamente: isso é fundamental para o nosso modo de olhar a realidade.” [...] “A inculturação é encarregar-me da cultura do povo ao qual sou enviado.”
"Não temas" é outra mensagem do anjo a Maria que também Jesus e a Igreja repetem ao longo da sua história.
Não ter medo daquilo que parece impossível, porque para Deus tudo é possível. Não ter medo de arriscar e chegar até o limite, de fazer perguntas, de questionar, de abrir horizontes, caminhar por caminhos novos.
Não ter medo de Deus, da sua presença na nossa vida, porque ele acompanha seu povo em cada momento que procura fazer o bem, contribuir com seu reino, mudar as estruturas que oprimem e marginalizam as pessoas.
Deus está ao nosso lado com sua presença, e seu Reino cresce como a Vida de Deus nasceu no ventre de Maria de uma forma imperceptível e inexplicável.
Somos convidados a participar do amor de Deus a cada pessoa. Ser partícipe dessa solidariedade de Deus e de Maria com toda pessoa humana. Isso nos desafia a reconhecer a visita de Deus através de toda pessoa que está ao nosso redor, especialmente os mais pobres e necessitados.
Neles Deus nos visita de uma forma especial!
Os símbolos nos chamam
Os símbolos mais nobres,
Reino, pobres, justiça, liberdade,
às vezes nos chamam,
mas as feridas profundas
colocam em marcha
espelhos enganosos
que nos devolvem
a nós mesmos.
e nos perdemos confusos
em nosso próprio labirinto
de tortuosas buscas
para tratar de encher
nossos vazios pessoais,
enquanto nomeamos absolutos.
Os símbolos mais nobres,
Reino, pobres, justiça, liberdade,
às vezes acendem
nossa fantasia
transida e rotineira,
e põem em marcha
o corpo e o espírito,
e nos unificam como o fogo
ardendo no risco
onde se dissolvem as cadeias.
uma atração de eternidade
nos move para adiante,
atravessando de absoluto
o instante e a tarefa.
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Surpresas de Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU