06 Julho 2018
Dados referem-se a crianças da etnia Xavante de aldeias localizadas em Barra do Garças e Água Boa. Oficina busca diminuir índice de mortalidade infantil na região.
A reportagem é de Lislaine dos Anjos, publicada por G1, 04-07-2018.
Alto índice de mortalidade infantil na etnia Xavante tem preocupado lideranças indígenas e representantes da Saúde (Foto: Edison Bueno/Funai)
Um levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) mostra que 72 crianças indígenas da etnia Xavante morreram em Água Boa (23) e Barra do Garças (49), na região do Araguaia, em 2017.
Os dados foram compilados pelo setor da Vigilância de Óbito da SES e desenham um cenário grave na região, principalmente em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, onde a cada mil nascidos vivos, 168 morrem. Em Água Boa, a 736 km da capital, o índice é de 59 mortes a cada mil nascimentos.
O alto índice de mortalidade infantil tem preocupado representantes da saúde e lideranças indígenas e foi tema de um encontro realizado nessa semana. O objetivo foi dialogar quanto às alternativas que possam fortalecer a rede de atenção à saúde e diminuir a mortalidade indígena na primeira infância (até cinco anos de idade).
De acordo com a SES, dados epidemiológicos apontam que a etnia Xavante possui o maior índice de mortalidade em Mato Grosso, sendo esta também a maior população indígena do estado: são cerca de 21 mil índios Xavante distribuídos em 305 aldeias.
Conforme o governo, o encontro possibilitou a difusão da realidade vivenciada pelo povo daquela etnia, como a questão cultural que impede, por exemplo, a retirada de crianças da aldeia para tratamento ou complementação alimentar – ação que já estaria sendo contornada por caciques e lideranças Xavante, a fim de garantir a sobrevivência das próximas gerações.
Além da questão cultural, entre 2012 e 2017, destacam-se entre as principais causas de mortalidade de crianças indígenas de Mato Grosso com menos de 5 anos, segundo a Secretaria de Saúde, doenças infecciosas e parasitárias, doenças do aparelho respiratório, afecções originadas no período perinatal e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.
A segunda etapa do projeto iniciado nesta semana deve acontecer em setembro deste ano, quando deverá ser elaborado um plano de ação estratégico, instersetorial e interinstitucional.
Os dados levantados pela SES e apresentados no encontro mostram, ainda, que as três regiões de saúde do estado que possuem o maior percentual de mortalidade de crianças indígenas menores de 5 anos no período de 2010 a 2017 são: Barra do Garças (47,44%), Água Boa (24,01%) e Rondonópolis (5,59%).
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Mais de 70 crianças indígenas morrem em 2017 e alto índice preocupa índios da região Araguaia em MT - Instituto Humanitas Unisinos - IHU