08 Janeiro 2018
É uma mulher o novo bispo anglicano de Londres: Sarah Mullally, 55 anos, casada e mãe de dois filhos, que recebeu recentemente a autorização formal da rainha Elizabeth II, chefe da Igreja Anglicana, tornando-se o 133º bispo da City. Pela primeira vez em Londres - que é a terceira sede em termos de prestígio depois de Canterbury, liderada pelo primaz anglicano, e de York - haverá uma bispa mulher depois que, em 2005, a Igreja da Inglaterra incorporou o episcopado feminino.
A reportagem é de Marta D'Auria, publicada por Riforma, revista semanal da Batista das Igrejas Metodista e Valdenses da Itália, 05-01-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Libby Lane foi a primeira mulher britânica consagrada bispa durante uma cerimônia realizada em 2015 na catedral de York, na presença de uma centena de bispos e fiéis.
Sarah Mullally - que assume o cargo em 2018 com uma cerimônia solene na Catedral de St. Paul - tem um currículo singular: foi enfermeira por 35 anos no Serviço sanitário nacional, e funcionária pública do Departamento de Saúde.
Ela recebeu inúmeros prêmios: em 1999, foi eleita a mais jovem enfermeira-chefe da Inglaterra, e em 2015 foi nomeada Dame Comandante da Ordem do Império Britânico por seus serviços à enfermagem e obstetrícia. Em 2001 foi ordenada diácona e em 2002 sacerdote. Ela completou um mestrado em teologia pastoral no Hitthrop College em 2006, e foi nomeada Reitor da Sutton Team Ministry no mesmo ano. Em 2015 foi consagrada Bispa de Crediton, tornando-se a quarta bispa da Igreja da Inglaterra.
"É uma grande honra ser nomeado para a sede de Londres", foram suas primeiras palavras. "Tendo vivido e trabalhado em Londres por mais de 32 anos, chegar aqui é como voltar para casa. Muitas vezes me perguntam como foi ter duas carreiras, antes na área da Saúde e agora na Igreja. Eu prefiro pensar que sempre teve uma única vocação: seguir Jesus Cristo, conhecê-lo e torná-lo conhecido, sempre tentando viver com compaixão ao serviço dos outros, seja como enfermeira, seja como sacerdote ou bispa. Ter agora a oportunidade de exercer meu trabalho nesta cidade é um privilégio maravilhoso".
A bispa Mullally é também uma usuária assídua do Twitter: em agosto foi considerada pelo Primaz como a bispa mais ativa na web. Não se identificando com a ala evangélica da Igreja, mas considerando a evangelização prioridade, ela disse: "O Twitter é uma forma de comunicar a boa notícia do Evangelho a toda uma gama de pessoas que poderiam jamais chegar perto da igreja".
A nomeação de Mullally foi recebida com entusiasmo por muitos. As primeiras congratulações chegaram do arcebispo de Canterbury, Justin Welby, que comentou: "Como uma das primeiras mulheres consagradas como bispo da Igreja da Inglaterra, não só abriu caminho para as outras, mas também cultivou os princípios do mútuo acolhimento que continuará a dar frutos em Londres".
Mas há algumas pessoas que expressaram desapontamento pela indicação a um cargo tão prestigioso de uma mulher que, além disso, estava entre os 10 bispos integrantes do Grupo de Reflexão sobre a sexualidade, encarregado de conduzir o "processo discernimento" da Igreja da Inglaterra sobre as relações entre pessoas do mesmo sexo.
Uma igreja conservadora da capital sinalizou que poderia separar-se da Igreja da Inglaterra se a nova bispa de Londres não tiver uma posição ortodoxa sobre a sexualidade.
William Taylor, reitor da conservadora St. Helen Church Bishopsgate, declarou que a primeira pergunta que endereçará à nova bispa será se está disposta a “declarar como pecado o que Deus chama de pecado", chamando os pecadores ao arrependimento.
Falando sobre essa questão - verdadeira pedra no sapato da Igreja Anglicana - Sarah Mullally declarou que a questão da sexualidade "desafia não só a diocese de Londres", e reafirmou o ensinamento tradicional da Igreja sobre o casamento. Tal comentário equilibrado agradou aos conservadores, que, no entanto, torceram o nariz quando, durante a conferência de imprensa realizada em 18 de dezembro na catedral de St. Paul, a bispa Mullally afirmou: "Estou ciente de que acolher a nomeação de uma mulher como bispo pode ser difícil, e tenho muito respeito para com aqueles que, por razões teológicas não pode aceitar o meu papel como sacerdote ou bispa. No entanto" acrescentou, "as igrejas devem representar as comunidades que servem, incluindo as mulheres, as minorias negras e étnicas e pessoas com deficiência".
"Londres - continuou Mullally - é uma cidade multicultural, multirreligiosa e aberta a todos. Eu serei não só a bispa de Londres, mas para Londres, para aqueles que têm fé e também para aqueles que não a tem".
Não terá uma vida fácil a bispa de Londres, disputada entre conservadores e liberais. Por enquanto nós desejamos-lhe um bom trabalho e invocamos muitas bênçãos do Senhor para sua função.
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Pela primeira vez, uma mulher nomeada bispa anglicana de Londres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU