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Da Bíblia à fábula. Entrevista com Vincent Delecroix

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20 Outubro 2017

Em Ascension [Ascensão] (Gallimard), uma fábula metafísica sob o signo do riso e da gravidade misturados, o romancista filósofo cruza o texto bíblico com a questão contemporânea dos migrantes e a demanda pela justiça.

Professor de Filosofia das Religiões na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Vincent Delecroix, de 48 anos, também é um romancista que soube fazer da aliança entre a leveza e a seriedade a sua marca – La chaussure sur le toit [O sapato no telhado] (Gallimard) conquistou um grande público em 2007. Dez anos depois, entre dois ensaios sobre a verdade ou o apocalipse da política, esse fino conhecedor das Escrituras se ultrapassou com Ascension, um calhamaço de 600 páginas, cujo projeto se assemelha a uma brincadeira de criança: a bordo de um ônibus espacial que decola para a sua última missão, há um americano protestante, um russo ortodoxo, um mexicano católico, um judeu ateu, uma mulher enigmática e um passageiro clandestino... O que vai acontecer ali? Sobretudo quando alguém percebe que o desconhecido que embarcou no compartimento de carga não é senão o próprio Jesus! Quem chegará ao céu? Vincent Delecroix nos faz embarcar em sua louca missão de exploração divina.

A entrevista é de Marie Chaudey, publicada por La Vie, 14-09-2017. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

Como nasceu esse romance?

De um projeto que era mais da ordem da brincadeira: reescrever a Bíblia... Com meus alunos, eu analiso muito seriamente as Escrituras todos os dias, e inclusive como textos literários, já que nelas encontramos também estruturas romanescas extraordinárias e fundamentais. A ideia inicial era retomar alguns núcleos narrativos, como o Apocalipse, a Ascensão, Jonas ou a torre de Babel. Mas a escrita foi de tal maneira rejubilante que o projeto foi além.

Como se pode qualificar o seu relato? É uma viagem espiritual totalmente extravagante? Uma “fábula filosófica mal feita”?

Eu me alimentei na escola de Diderot e de Laurence Sterne. Eu gosto de romances que nunca começam, que se desconstroem o tempo todo, em que o narrador e o autor não podem deixar de intervir, divagar, para tornarem-se interessantes. Eu não tenho certeza de saber contar razoavelmente uma história e eu não tenho nenhuma vaidade literária. Eu tive que transformar esse defeito, essa falta de talento, em alguma coisa fecunda. Meu sonho era tornar-me um Dostoïevski: essa é a minha cultura desde a infância – eu venho de uma família burguesa católica do Norte, onde, quando se toma a pena, é preciso ser Chateaubriand ou nada... Eu adoro contar, mas eu sou incapaz de me levar a sério. É, portanto, um romance impertinente, é isso!

É possível, hoje, ser impertinente com um tema religioso?

Ah, permita-me o trocadilho: para as coisas sérias [graves, em francês] é preciso desvencilhar-se da gravidade! Esse é o princípio do livro, parte-se do espaço... Na realidade, é um romance que eu espero ser profundo. Eu tenho muito respeito pelas convicções religiosas, mas o trabalho de um pesquisador, assim como de um escritor, é manter uma distância irônica, de olhar com empatia e recuo. Meu grande mestre é Kierkegaard – não há espírito mais religioso e mais intransigente. O estilo irônico e o humor eram para ele categorias fundamentais da escrita, em particular concernentes à sua tarefa didática.

Em seu romance, Jesus fala do humor como de “um estágio de superioridade metafísica arrancada da lucidez e do amor”...

Isso é Kierkegaard e sua ideia dos três estágios da existência: estética, ética e religião. A passagem da estética à ética implica na ironia; o estágio da ética à religião implica no humor. Se você quiser falar da fé, se você realmente quiser abordar as questões metafísicas, deve estar em um umbral em que essas questões lhe causam revolta. O humor é esta maneira de ter um desespero elegante sem se derramar no pathos. É experimentar esta lucidez desesperada justamente ali onde Kierkegaard nos diz: você escolherá. Seja você a se escandalizar, seja você a crer. Toda a sua obra leva a esse umbral. O filósofo considera que ele não pode nos dar a fé, porque ela não se ensina – ela é graça, ou você crê ou não crê. Mas o que pode fazer é nos levar ao umbral da escolha crucial.

O senhor encontra essa temática em Dostoïevski...

Com certeza é a discussão que se dá entre Ivan e Aliocha Karamazov: “Aqui fico escandalizado e jamais poderei crer”. Diante da morte de uma criança, Ivan afirma não poder aceitar a existência de Deus: é aqui que está o umbral. Da minha parte, eu não pretendo ultrapassá-lo. E, no momento, o humor – isto é, a mistura do trágico e do cômico – é o estilo do religioso antes de ser religioso. É a lição kierkegaardiana. Eu posso não compartilhar a crença na existência de Deus. Mas o que não deixa de ressoar em mim são as lições literárias das Escrituras e a prescrição moral: a exigência de justiça absoluta, a sede de redenção.

Se considerarmos essas questões como indiferentes, penso que somos uns brutos! Eu não invejo a indiferença materialista dos anticlericais. Mas também estou revoltado com alguns colunistas de direita que defendem os valores do cristianismo contra o Islã e censuram o papa por defender os migrantes. Mas, então, o que é a acolhida do estrangeiro, o amor ao inimigo, o perdão? Que valores cristãos querem, pois, defender se eles julgam a acolhida dos migrantes irrealista? Ah, sim, mas o Cristo era totalmente irrealista!

Para Paul Ricoeur, que também conta muito na minha formação, o que caracteriza a palavra evangélica é sua absurdidade: ela inverte toda a sabedoria do mundo! Ninguém fundamenta uma doutrina econômica ou social sobre a palavra de Jesus: pagar o mesmo ao operário da 25ª hora e ao que trabalhou 24 não constitui um modelo econômico. E é injusto. Mas exatamente porque a justiça cristã é de outra ordem, ela é infinita: ela não se atém ao mérito.

Sua história faz malabarismos com o absurdo, número de equilibrista marcado pela figura gêmea. Por quê?

Acontece que eu tenho um irmão que é filósofo e também normalista, especialista em Hegel... Mas mais profundamente, eu queria abordar a fratura inicial entre Abel e Caim. Por que se introduz a dissensão inicial? A Bíblia é fascinante, porque a sucessão natural é quebrada a toda hora: a eleição divina é incompreensível, injustificada e injusta. Por que favorecer Abel mais que Caim? Por que o sacrifício de um é aceito e o do outro não? Por que aquele que recebe a bênção de Isaac é o impostor?

É a ideia genial do Antigo Testamento que rompe completamente com o universo mítico, onde a bênção dos deuses era merecida, destinada ao maior, ao mais belo, ao mais forte. A Bíblia é o único texto que inventa um desequilíbrio, uma fabulosa inversão da lógica natural, sobre a qual é fundado o movimento do tempo e da história do mundo. Eu acho genial esse princípio de interpretação, assim como o outro recurso bíblico fundamental que também separa o Livro dos outros relatos: é o único que integrou a recriminação contra Deus. Meu romance é construído sobre ele, o grito de Jó. A Bíblia não é, em primeiro lugar, um louvor a Deus, mas antes o não, a oposição, o descontentamento e a revolta: “o que é esse mundo injusto?” “O que você fez? Venha em meu socorro! Responda-me”...

É por isso que o seu narrador é judeu?

Sim, para esta discussão acirrada com o Eterno, que está na base da Torá e do Talmud: não vamos abandonar Deus. É Jacó com o anjo, cujo combate de acirra até o amanhecer e o fim: “Eu não vou te deixar se não me abençoares!” Eu gosto desta teimosia. E, por isso, eu estou muito ligado à filosofia judaica contemporânea. Toda a linha que vai de Cohen a Derrida é minha escola. Passando por Walter Benjamin, Ernst Bloch ou Franz Rosenzweig – não é por acaso que o meu narrador tem esse sobrenome... É uma das tradições mais fecundas do século XX, que se caracteriza pelo espaço de diálogo entre a razão filosófica e o texto bíblico.

Devemos lembrar que o messianismo judaico é muito diferente do discurso cristão sobre o fim dos tempos: ele ignora esta linearidade que conduzirá à vinda do Reino sobre a terra, esta ideia de que haveria um progresso da História, que alimentou toda a secularização do messianismo contemporâneo, até o comunismo. O pensamento judaico, ao contrário, especialmente em Rosenzweig, concebe uma relação disruptiva com o Reino, que cai como uma pedra sobre a história para interrompê-la.

Portanto, numa relação vertical?

Dizemos que o Reino não está no horizonte: ele está acima, potencialmente sempre aí. O que permite acelerar a sua vinda é o desafio do pensamento judaico, que distingue o movimento do justo, no presente, sem nada esperar do sobrenatural. O messianismo judaico diz, simplesmente: que a justiça seja feita. É, primeiramente, a era da paz, da concórdia, do fim das guerras. Fundamental, a revolta contra a injustiça perpassa todo o meu romance. Esta sede de igualdade coincide, por sua vez, com a palavra de Jesus e do Evangelho das bem-aventuranças dos aflitos, dos felizes, dos pequeninos. Para além da diferença de concepção do tempo, há esse núcleo duro: a justiça infinita, que pode nos parecer aberrante e irrealista de um ponto de vista econômico e social. Mas o mérito do texto religioso está em fornecer a ideia de uma justiça absoluta e de uma hospitalidade ilimitada.

Para o senhor, a religião deve inquietar os políticos?

Sim, estimulá-los pela desmedida de uma palavra, que é sempre surpreendente. Mas, atenção! Isso não tem nada a ver com as formas do teológico-político – essa infiltração do religioso no campo político ou então os acordos do Estado teocrático. O papel do papa é falar a partir da ordem da caridade, mesmo se as boas almas se chocarem com isso. Este aguilhão é um fermento democrático fundamental. É preciso que ouçamos a voz que fala em nome dos miseráveis, do estrangeiro, do indigente! Para o filósofo Hermann Cohen, a própria racionalidade do judaísmo é ter feito o pobre e o humilde queridos a Deus. E esta revolução na história da cultura ocidental continua sendo seu coração palpitante. Charles Péguy não afirma outra coisa: é preciso colocar-se à altura da miséria para falar da realidade. E embora eu conheça muito mal o Islã para evocá-lo no meu romance, Alá é o misericordioso: os três monoteísmos fazem do pobre a figura do humano. A experiência primeira da injustiça e do mal encontra-se na raiz dessas religiões. Junto com o lamento e a revolta.

O seu relato é atormentado pela imagem da inundação de migrantes que se derrama sobre Paris?

Eu morei muito tempo ao lado de um centro de ajuda para refugiados, e ali eu via a interminável fila de espera cotidiana, com todos os rostos e línguas da face da terra. Você não pode não deixar de pensar que isso é o fim do mundo: esse mar de miséria que aqui chega. É mais que uma parábola, o planeta desborda de injustiça. É preciso decidir diariamente ignorar ou não, definir o que é um movimento de caridade. Nós seremos julgados pelas gerações vindouras. Olhando para os meus filhos, eu não posso me impedir de imaginar o que eles vão nos dizer daqui a 20 anos: havia dezenas de milhares de mortes no Mediterrâneo e o que você fez? Até quando essa injustiça vai persistir? Diante da situação atual, é impossível não fazer essa pergunta. No meu romance, eu deixo Jesus voltar para o céu. Mas eu conduzo o meu narrador para a terra para arregaçar as mangas: eu penso que os homens de boa vontade devem fazer a sua parte.

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