Por: André | 14 Dezembro 2015
“A Conferência sobre o clima acaba de terminar em Paris com um acordo que muitos definem como histórico. A sua implementação vai requerer um empenho unânime e uma generosa dedicação por parte de cada um. No desejo de que seja garantida uma particular atenção às populações mais vulneráveis, exorto toda a comunidade internacional para prosseguir com solicitude o caminho empreendido, em sinal de uma solidariedade que se torne cada vez mais concreta”. Estas são as palavras com as quais o Papa Francisco, ao final do Angelus, comentou o resultado da COP 21. O Pontífice convidou para converter-se e empreender o caminho da solidariedade e da sobriedade.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada por Vatican Insider, 13-12-2015. A tradução é de André Langer.
Depois da abertura da Porta Santa e da celebração da missa na basílica papal de São João de Latrão, Jorge Mario Bergoglio introduziu desta maneira a oração mariana da janela do Palácio Apostólico: “No Evangelho de hoje há uma pergunta repetida três vezes: ‘O que devemos fazer?’”. Ela é feita a João Batista por três diferentes categorias de pessoas: a multidão em geral, os publicanos (isto é, os arrecadadores de impostos) e alguns soldados. Cada um destes grupos pergunta ao profeta sobre o que é preciso fazer para colocar em prática a conversão que ele está pregando.
E a resposta de João, recordou o Papa, foi: “compartilhar os bens de primeira necessidade: ‘Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver o que comer, faça o mesmo’. Aos cobradores de impostos disse para não exigir nada além da soma devida. O que isto quer dizer? “Não cobreis mais do que foi estabelecido, não cobrem propina”; e ao terceiro grupo, os soldados, pede para não extorquir nada de ninguém, mas contentar-se com o seu salário. São as três respostas para as três perguntas. Três respostas para um mesmo caminho de conversão, que se manifesta em compromissos concretos de justiça e de solidariedade. É o caminho que Jesus indica em toda a sua pregação: o caminho do amor concreto pelo próximo”.
O Papa destacou que graças a estas advertências de João Batista “compreendemos quais eram as tendências gerais de quem detinha o poder naquela época, nas mais diversas formas. As coisas não mudaram tanto. Não obstante, nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para obter a salvação, nem mesmo os publicanos, considerados pecadores por definição. Nem mesmo eles estão excluídos da salvação. Deus não fecha a ninguém a possibilidade de salvar-se. Ele está – pode-se dizer esta palavra – ansioso para usar de misericórdia para com todos e de acolher a cada um no seu terno abraço de reconciliação e de perdão”.
Então, “esta pergunta (o que devemos fazer?) devemos senti-la como nossa. A liturgia de hoje nos repete, com as palavras de João, que é necessário converter-se, é necessário mudar de direção e empreender o caminho da justiça, da solidariedade e da sobriedade”; estes são os valores “imprescindíveis de uma existência plenamente humana e autenticamente cristã”. “Convertam-se! Esta é a síntese da mensagem de Batista”, explicou o Papa.
“E a liturgia deste terceiro domingo do Advento nos ajuda a redescobrir uma dimensão particular da conversão: a alegria. Quem se converte e se aproxima do Senhor sente a alegria. O profeta Sofonias nos diz hoje: ‘Alegra-te, filha de Sião!’, dirigido a Jerusalém”. E o Apóstolo Paulo exorta desta maneira os cristãos de Filipo: ‘Alegrem-se no Senhor’. Francisco reconheceu que “hoje necessita-se de coragem para falar de alegria, necessita-se sobretudo de fé! O mundo é afligido por tantos problemas, o futuro marcado por incógnitas e temores”. Mas, apesar de tudo isso, o cristão “é uma pessoa alegre, e a sua alegria não é algo superficial e efêmero, mas profunda e estável, porque é um dom do Senhor que preenche a vida. E a nossa alegria vem da certeza de que o ‘Senhor está próximo’. Está próximo com sua ternura, com sua misericórdia, com seu perdão e com seu amor”.
Depois da oração mariana, Francisco recordou que hoje, em todas as catedrais do mundo, serão abertas as Portas Santas, para que o Jubileu da Misericórdia possa ser vivido plenamente nas Igrejas particulares. “Desejo que este momento forte – insistiu – estimule a muitos para serem instrumentos da ternura de Deus. Como expressão das obras de misericórdia, serão abertas também as ‘Portas da Misericórdia’ nos locais de dificuldades e de marginalização. Com este propósito, saúdo os presos dos cárceres de todo o mundo, especialmente os da prisão de Pádua, que hoje estão unidos a nós espiritualmente neste momento de oração, e agradeço-lhes pelo presente do concerto”.
O Papa também recordou que na próxima terça-feira, 15 de dezembro, em Nairóbi (que acaba de visitar), começará a Conferência Ministerial da Organização Internacional do Comércio: “Dirijo-me aos países que nele tomam parte, a fim de que as decisões que serão tomadas tenham presente as necessidades dos pobres e das pessoas mais vulneráveis, assim como também das legítimas aspirações dos países menos desenvolvidos e do bem comum de toda a família humana.”
Depois saudou os membros do Movimento dos Focolares, “junto com amigos de algumas comunidades islâmicas. Ide em frente, ide em frente com coragem em seu caminho de diálogo e de fraternidade, porque todos somos filhos de Deus!”
E ao final, a costumeira despedida: “A todos, um cordial desejo de bom domingo e bom almoço. Não se esqueçam, por favor, de rezar por mim. Até à vista”.
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O Papa aplaude o acordo de Paris sobre o clima e convoca para ocupar-se com os mais fracos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU