O cúmulo da vilania

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24 Junho 2016

Se não é mais aceitável, como disse na terça-feira um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), desviar dinheiro público, seja para financiamento eleitoral, seja para o bolso, o que dizer de dinheiro desviado de empréstimo consignado a funcionários federais? Não são servidores de altos salários que terão recorrido aos financiamentos com juros mais baixos graças à garantia de pagamento representada pelo acesso à folha de pagamento para descontos automáticos da quitação mensal.

O comentário é de Marta Sfredo, jornalista, publicado por Zero Hora, 24-06-2016.

O mais espantoso na Operação Custo Brasil é o fato de não estar associado ao uso mais comum do termo – impostos elevados, logística precária, desvios nos cofres de grandes estatais. O que a investigação do Ministério Público Federal e da Receita Federal em São Paulo mostrou é que um esquema de fraude cobrava R$ 1 de cada servidor, quando o valor correto, para cobrir custo e render margem, seria de R$ 0,30. Ou, nas palavras de Fábio Ejchel, da Receita Federal, um exemplo de como a corrupção e a sonegação prejudicam o cidadão e aumentam o custo das operações.

Mais do que a autocongratulação dos investigadores, medindo forças e “justiçamento” com os colegas de Curitiba, impressionou uma frase do procurador Andrey Borges de Mendonça:

– R$ 100 milhões foram desviados de funcionários públicos que se privaram de suas necessidades básicas para abastecer os cofres de políticos.

É o cúmulo da vilania. Mesmo para um país quase anestesiado por sucessivas e intermináveis fraudes multibilionárias, o mecanismo da fraude apontada pelos investigadores espanta pelo fato de não envolver empreiteiras ou estatais.

A fome de desvios chegou aos bolsos despreparados da camada de mais baixa renda dos servidores federais. Para explicar, em detalhes: cada funcionário pagava uma taxa mensal de R$ 1 pelo empréstimo consignado. Desse valor, deveria ter pago apenas R$ 0,30. Os outros R$ 0,70 eram surrupiados pelo esquema que envolvia a camada mais abastada da mesma categoria – em tese –, o primeiro escalão do governo.

Nos países que conseguem manter a corrupção como desvio de caráter, não como comportamento padrão, altos funcionários do governo são exatamente isso: colegas mais graduados dos que, na linha de frente, prestam serviços à população. Apesar de a operação ter rendido debate político, é bom lembrar que a corrupção brasileira é apartidária desde sempre. Vinte anos depois do assassinato não esclarecido de Paulo Cesar Farias, outro Paulo Cesar (de Barros Morato) apareceu morto.

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