Os cinco protagonistas do Sínodo

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22 Outubro 2015

Sínodo sobre a família, última semana, a decisiva para desatar os nós mais intrincados da pastoral familiar, da homossexualidade até as coabitações, da paternidade responsável à comunhão aos divorciados recasados civilmente.

A reportagem é de Giovanni Panettiere, publicada no sítio do jornal Quotidiano Nazionale, 19-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Embora o papa e mais de um bispo tenham se esgoelado nesses dias ao reiterar que a hóstia aos irregulares não é o tema principal da assembleia, a avalanche de intervenções na Aula sobre esse ponto demonstra como esse, e não outros, é o critério decisivo sobre o qual vai se medir o sucesso dos conservadores ou dos progressistas na assembleia.

Pelo que vaza das coletivas diárias na Sala de Imprensa vaticana e das confidências de alguns participantes, o que prevalece são as intervenções dedicadas a uma abordagem mais misericordiosa.

Muitos Padres sinodais declararam ter ficado profundamente tocados com o relato, feito pelo bispo mexicano Garza, de um menino que, durante a sua primeira comunhão, partiu a hóstia para dá-la aos pais recasados civilmente.

"Esse menino nos falou, nos mostrou a vida autêntica, sacudiu a assembleia, nos enriqueceu", confirmou Dom Enrico Solmi, bispo de Parma, na Itália, e ex-presidente da Comissão da Conferência Episcopal Italiana para a Pastoral Familiar.

Se a agulha da balança se inclina mais para as razões dos liberais, contudo, parece ter desaparecido a ideia de um acesso generalizado à comunhão em vantagem de uma admissão sob determinadas condições, talvez sob a supervisão dos bispos locais, em uma ótica de descentralização da Igreja, desejada, mais uma vez, no domingo, pelo papa.

A mediação, no entanto, não convence, ao menos por enquanto, nem os falcões africanos, muito menos as alas mais progressistas do Sínodo: sobre a disciplina – esta é a opinião compartilhada –, a Igreja deve estar unida.

Uma indicação mais significativa sobre a orientação da assembleia virá da última rodada dos relatórios de síntese dos 13 círculos menores que, nestas horas, estão arquivando a análise da terceira e última parte – dedicada justamente aos temas mais quentes – do documento-base do qual surgirá o texto final do Sínodo.

Os trabalhos dos pequenos grupos são esperados para esta quarta-feira, enquanto o documento conclusivo será votada no sábado pelos 270 Padres sinodais. Depois, o papa vai decidir o que fazer: publicar ou emendar o texto. O mais provável é a primeira hipótese...

Na expectativa, é possível indicar cinco protagonistas desse Sínodo ordinário inédito e muito debatido. Não são os melhores nem os piores, simplesmente os mais caracterizadores dessas duas semanas de assembleia.

Eis os escolhidos.

George Pell. Prefeito da Secretaria para a Economia da Santa Sé e "carteiro" da famosa carta ao papa, assinada por ele e por outros 12 cardeais preocupados com uma virada liberal no Sínodo. Um bumerangue para os próprios conservadores, que, porém, nem raspou o temperamento de ferro do gigante australiano. Pell está lutando contra qualquer hipótese de devolução doutrinal sobre a hóstia aos divorciados recasados. Um estatista.

Stanislaw Gadecki. Ele e os outros bispos poloneses, dos quais é presidente, foram repreendidos pelo secretário-geral do Sínodo, o cardeal Lorenzo Baldisseri. O motivo? Nos primeiros dias da assembleia, eles publicaram no site da Conferência Episcopal as sínteses das intervenções na Aula dos Padres sinodais, violando a confidencialidade da assembleia. Cartão amarelo.

Bruno Forte. Depois do discurso introdutório do cardeal Peter Erdö, hostil à comunhão aos divorciados recasados e não só, muitos pensaram que a assembleia havia caído em um beco sem saída ainda antes de começar. "Este Sínodo não se reuniu para não dizer nada!", afirmou o reformista Forte. Franco.

Paul Durocher. As teólogas e as historiadoras – pouquinhas – admitidas a acompanhar os trabalhos do Sínodo disseram clara e fortemente: sobre a família, as mulheres devem ser mais ouvidas, são as verdadeiras especialistas. Por seu lado, o ex-presidente do episcopado canadense foi o mais determinado a defender o papel delas. Ele enfatizou que a Bíblia não legitima a subordinação das esposas aos maridos, chamou os coirmãos à necessária denúncia da violência doméstica e depois... levantou a causa do diaconato feminino. Aparentemente, com poucos resultados... Derrotado, mas de cabeça erguida.

Christoph Schönborn. Se possível, o arcebispo de Viena fez meio milagre no Sínodo. Como moderador do círculo Germanicus, ele conseguiu pôr de acordo os prelado do pequeno grupo de língua alemã, incluindo renomados pensadores como o progressista Walter Kasper e o guardião da ortodoxia, Gerhard Ludwig Müller – os dois que, por mais de um ano, debateram alegremente –, sobre um texto de síntese que poderia servir de arquitrave teológica para a reviravolta sobre os divorciados. O documento confirma a doutrina sobre o matrimônio, mas, ao mesmo tempo, exorta à sabedoria e à equidade na sua aplicação concreta. Muito hábil.

 

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