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09 Setembro 2015

Um grupo de estudantes de vários Estados vem promovendo, há quatro anos, a evangelização do pensamento liberal em universidades, escolas, redes sociais e em sites na internet.

A reportagem é de Fernando Canzian, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 06-09-2015. 

Em outubro, o grupo Estudantes pela Liberdade reunirá em São Paulo mais de 650 pessoas e palestrantes internacionais para difundir o pensamento liberal, na economia e na política, em um país considerado "patrimonialista, atrasado e muito dependente do Estado".

A iniciativa é acompanhada por economistas e professores de universidades que não fazem parte do grupo, como a PUC-RJ e a FGV-SP.

O grupo considera que escolas de segundo grau e universidades públicas estão impregnadas pelo pensamento marxista, baseado nas ideias econômicas e políticas de Karl Marx (1818-1883).

No Brasil, isso seria resquício do pensamento de esquerda que dominou as universidades durante a ditadura militar (1964-1985) e que associa a direita ao período.

A influência do Estado na sociedade e na economia é tida como o grande entrave ao florescimento de um liberalismo que levaria a mais economia de mercado e menos dependência e favorecimento estatal a grupos.

Juliano Torres, 26, diretor do Estudantes pela Liberdade, diz que o grupo nasceu em abril de 2012 espelhado em iniciativa norte-americana. Diz ter hoje 650 lideranças, com cerca de cem estudantes por trás de cada uma.

Além do seminário em outubro, o grupo realiza neste ano conferências em 21 universidades, com a ajuda de professores liberais.

Torres diz que o liberalismo no Brasil é restrito à economia. E que, mesmo assim, é soterrado muitas vezes por uma visão estatizante, como no primeiro governo Dilma.

Segundo ele, o grupo não se identifica com nenhum partido. "Trata-se de uma gama de 50 tons de vermelho."

No campo acadêmico, Bernardo Guimarães, 42, professor da FGV-SP, tomou a iniciativa pessoal de ministrar cursos e palestras sobre o pensamento liberal para estudantes de segundo grau.

Recentemente, fez isso com 100 alunos do colégio Bandeirantes e outros 300 de várias escolas, em auditório cedido pela FGV.

Guimarães lamenta que no Brasil alunos dessa faixa só tenham contato com economia por meio de professores de história e geografia e livros "de orientação marxista". "Nos EUA e Reino Unido há economia no segundo grau. Os alunos tomam ciência de temas como formação de preços e que medidas duras no presente podem ser benéficas no futuro."

Em suas aulas, ele usa exemplos do dia a dia, como o fato de taxistas de São Paulo que levam passageiros a Guarulhos não poderem pegar clientes no aeroporto na volta. "Coisas que são frutos dos privilégios que levam à ineficiência brasileira."

O economista José Marcio Camargo, professor da PUC-RJ, é mais radical em seu curso de teoria do desenvolvimento econômico para alunos da graduação.

Em suas aulas, diz que "alfabetizar adultos é jogar dinheiro fora", que "a ausência de desigualdade social é um desastre porque as pessoas são desiguais, pois uns são mais burros que os outros" e que "todos os países que tentaram acabar com a desigualdade viraram ditaduras".
"Sempre dou o exemplo do meu filho: ele estudou economia, mas resolveu se voltar para a filosofia.

Eu disse: 'Você é livre para ser feliz. Mas vai morar do outro lado do túnel (na zona norte do Rio)'."
Para o italiano Adriano Gianturco, doutor em teoria política pela Universidade de Gênova e professor do Ibmec-MG, iniciativas como a do grupo Estudantes pela Liberdade ganham adesão no mundo –Brasil e República Tcheca lideram essa onda, segundo ele.

"Fora da América Latina, as teorias de Marx morreram há muito. Antes, alunos e demais interessados em política e economia não tinham meios de buscar orientações diferentes, mas isso mudou com a internet."

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