Buraco no 'Banco' do Vaticano, tempestade contra Bertone

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22 Mai 2014

Uma operação desejada pelo ex-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, teria custado ao Instituto para as Obras de Religião (IOR), o "banco" vaticano, uma perda líquida de 15 milhões de euros, que estará registrada no orçamento apresentado em julho: fundos usados para financiar a Lux Vide, empresa de produção televisiva e cinematográfica de Ettore Bernabei, amigo do cardeal.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 21-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A notícia foi revelada nessa terça-feira, 20, pelo jornal Bild Zeitung, em um artigo em que se afirmava que o cardeal seria posto "sob investigação" no Vaticano por causa disso. O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, ressalta que "não está em andamento nenhuma investigação de caráter penal por parte da magistratura vaticana".

Mas ele não desmentiu que, sobre a operação, estão em andamento controles e verificações por parte da AIF, a Autoridade de Informação Financeira do outro lado do Tibre, cujo presidente, René Bruelhart, declarou ao jornal alemão: "Não vou confirmar nem desmentir investigações contra Bertone e não vou dizer nada sobre casos específicos ou casos pessoais".

A história teve início em janeiro de 2013. Faltavam poucos dias para o clamoroso anúncio da renúncia de Bento XVI. A Lux Vide de Bernabei – que tem entre os seus sócios o produtor tunisino Tarak Ben Ammar – é especializada em filmes e programas de TV sobre personagens ligados à religião e precisa de um apoio financeiro. Está prestes a vencer um empréstimo por obrigações convertíveis assinado três anos antes pela Intesa San Paolo.

Bernabei, que queria evitar a perda do controle da empresa, se dirige à comitiva de Bertone. O IOR, nessa época ainda sem presidente, mas chefiado pelo diretor, Paolo Cipriani, teria assinado um pacote de obrigações convertíveis por um montante milionário.

Nas semanas seguintes, depois do anúncio da renúncia, o Papa Ratzinger confirmou a comissão cardinalícia de supervisão sobre o IOR presidida por Bertone e aprovou a nomeação do novo presidente do "banco vaticano", o alemão Ernst von Freyberg.

No dia 13 de março, foi eleito Francisco. Em junho, o papa nomeou uma comissão de investigação sobre o IOR, cujas contas foram repassadas pela sociedade de consultoria norte-americana Promontory.

Chegou-se, assim, a dezembro do ano passado, quando a operação Lux Vide foi submetida ao conselho do IOR e à comissão cardinalícia, ainda presidida por Bertone por poucas semanas. Os purpurados decidiram rescindir o contrato com o IOR: as obrigações foram convertidas em ações – evidentemente, esse era o acordo assinado – e cedidas a título gratuito a uma fundação próxima da Santa Sé, que se tornou assim dona de 17% da Lux Vide. O custo na perda da operação foi de 15 milhões, saídos dos cofres do IOR.

É preciso lembrar que uma operação semelhante, no valor de 20 milhões de euros – com a venda de ações do capital acionário ou a assinatura de obrigações –, foi tentada por Bernabei através do amigo Marco Simeon, chefe da estrutura da Rai Vaticano, ainda no fim de 2010.

O então presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi, que também era um admirador de Bernabei, se opôs firmemente e tinha bloqueado tudo. Em um memorando confidencial, tornado público pelo jornal Il Fatto Quotidiano, Gotti escrevera a Bertone: "O valor requisitado não é fruto de verdadeiras avaliações de mercado".

O empréstimo acabou sendo feito dois anos depois. "Não há nenhum problema em relação a essa operação, efetuada com toda regularidade" e aprovada pelos órgãos competentes, declarou o cardeal nessa terça-feira, assegurando que "não há nenhuma relevância penal".

Resta a pergunta sobre como foi usado o dinheiro do Instituto nesses anos.

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