Um Concílio pan-ortodoxo em 2016. Artigo de Alberto Melloni

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

10 Março 2014

Desde sábado, o caminho rumo a um sínodo "grande e santo" está mais seguro.

A análise é Alberto Melloni, historiador da Igreja, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação João XXIII de Ciências Religiosas de Bolonha. O artigo foi publicado no jornal Corriere della Sera, 09-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

São muitos, no plano teológico e no político, os ingredientes de uma decisão epocal anunciada nesse sábado, em Constantinopla: em 2016, se reunirá o Concílio pan-ortodoxo que representa todas as Igrejas do Oriente cristão.

Há décadas, esperava-se essa convocação, a primeira depois do século VIII a ver reunidas não as Igrejas de um patriarcado, mas do mundo ortodoxo inteiro. Quando se iniciou a sua preparação, em 1976, o Oriente tinha sob os olhos a força de fidelidade e de profecia do Vaticano II. A política antirreligiosa soviética retardou o seu caminho, mas depois de 1989 a necessidade da Igreja Russa de fazer valer a sua força e a "sinfonia" com o Kremlin não se deu sem ondulações.

Mesmo recentemente, renomadas notas assinadas por "Nat Da Polis" explicaram na web: a discussão teológica sobre a função do "primeiro" colocaram em polêmica os grandes metropolitas como John Zizioulas ou Hilarion Alfeyev.

A escolha do Patriarca Bartolomeu de fixar para 2016 a data de abertura do Concílio pan-ortodoxo fixa, portanto, um termo de que todos sentiam a necessidade. No mundo atual, as grandes cicatrizes confessionais podem se tornar uma oportunidade de incêndios implacáveis: como os que se reabriram dentro do Islã entre sunitas, xiitas, wahabitas, alauítas, com consequências de sangue que poderia durar por muitas décadas. As fronteiras das Igrejas não são diferentes: as do Oriente cristão foram postos sob pressões na crise ucraniana.

No plano político, a Europa se equivocou ao ler uma crise que contrasta com o seu primeiro interesse principal, que é o da estabilidade dos seus próprios vizinhos: no plano teológico, ela mostrou que a exigência da unidade não é adiável eternamente. Além da agenda do Papa Francisco, agora ele se inscreve também na da ortodoxia.

Daqui a 2016, as tensões serão muitas, os riscos, sérios: mas, desde sábado, aquele caminho rumo a um sínodo "grande e santo" está mais seguro, chamado do qual o Patriarca Bartolomeu se tornou a voz mais audível.