“Bergoglio é ‘Francisco de Nazaré’”, afirma o padre Solalinde

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Por: André | 19 Outubro 2013

O refúgio situado em Ixtepec, Oaxaca, México, chama-se “Irmãos no Caminho” e encontra-se próximo de uma das estações de um dos trens mais famosos do continente: “a besta”. A entidade é dirigida pelo padre Alejandro Solalinde (na foto), que define “Irmãos no Caminho” como “o maior refúgio da América Latina”.

 
Fonte: http://bit.ly/1gQA1na  

A reportagem é de Domenico Agasso Jr. e publicada no sítio Vatican Insider, 18-10-2013. A tradução é de André Langer.

“A besta” é um trem de carga usado por muitíssimos migrantes para atravessar o país em sua viagem rumo aos Estados Unidos. Diariamente, sobem ao trem em movimento homens, mulheres e crianças, e percorrem todo o território do México para chegar à fronteira com o vizinho do norte. A Anistia Internacional descreve esta viagem como uma das mais perigosas do mundo, pois cada ano milhares de migrantes são sequestrados, atacados (as mulheres, violadas), torturados, extorquidos e obrigados a trabalhar para as organizações criminosas que controlam o fluxo de migrantes no país. Muitos são sequestrados para obter um resgate econômico. E, muitas vezes, muitos agentes públicos corruptos estão envolvidos com as organizações criminosas. O padre Solalinde não duvida em denunciar estas conivências, indicando nome e sobrenome. Os que trabalham para socorrer os migrantes correm o risco das ameaças e da violência.

O padre Solalinde encontra-se na Itália, convidado pela Anistia Internacional, para descrever sua missão no México. Uma missão que escolheu renunciando à sua paróquia, pois pediu permissão ao seu bispo para ajudar os que vivem estes dramas.

O padre Solalinde, que visitou a cidade de Turim, na primeira etapa da sua viagem italiana, descreveu suas esperanças e abriu uma discussão em torno de alguns temas da maior atualidade e do maior dramatismo em nível mundial: a condição dos migrantes. O padre Solalinde, que também é o coordenador do centro de pastoral de atendimento aos migrantes do sudoeste do México, “Pastoral da Mobilidade Humana Pacífico Sul”, chama a atenção para as “constantes violações dos direitos humanos dos migrantes no México”.

Os migrantes que pedem ajuda ao Refúgio de Solalinde, fogem da miséria dos países centro-americanos e atravessam todo o México para chegar aos Estados Unidos. E “este fluxo criou uma verdadeira crise humanitária. São centenas de milhares os migrantes irregulares (que não têm os documentos necessários para a viagem), inclusive menores de idade, que se convertem sistematicamente em vítimas de sequestros em massa, violações, torturas por parte do crime organizado mexicano, às vezes com a participação ou a cumplicidade das forças da ordem”.

Por ter oferecido apoio, alojamento e solidariedade aos migrantes, o padre Solalinde sofreu, desde 2008, ataques constantes de grupos xenófobos, muitas vezes apoiados pelos próprios criminosos. As investigações das autoridades mexicanas sobre estes episódios revelaram-se inadequadas ou insuficientes. Em 2011, o apelo da Anistia Internacional feito às autoridades mexicanas para que oferecessem ao padre Solalinde e aos seus colaboradores uma proteção eficaz teve como resultado uma escolta: oito policiais ocupam-se da sua proteção. Mas isto não foi suficiente para acabar com as ameaças. Em 2012, descobriu-se que um assassino de aluguel estava atrás dele. Sua “cabeça” valia cinco milhões de pesos, “e agora este valor aumentou com os juros”, brincou Solalinde, que não perdeu a alegria, apesar do perigo.

O padre Solalinde comparou sua terra com a ilha mediterrânea de Lampedusa, e destacou que “qualquer fronteira tem as próprias emergências”. Afirmou, além disso, que “os homens da Igreja que não fazem algo para ajudar os migrantes, que não levam a sério os sofrimentos destas pessoas, não são verdadeiros homens de Igreja”.

O sacerdote mexicano refletiu sobre o Papa Francisco: “Falando sobre o Pontífice, me vem à mente, mais que São Francisco de Assis, Jesus. Jorge Mario Bergoglio é ‘Francisco de Nazaré’, porque está indicando o caminho de Jesus na vida atual da Igreja. O Papa – prosseguiu – pensa juvenilmente, propõe ideias jovens. E está reorientando a Igreja para a aplicação do Evangelho e sua missão”. “Quando expressou suas primeiras considerações como Pontífice sobre a Igreja – prosseguiu –, me pus a chorar; e depois fiz uma pergunta ao Espírito Santo, a quem chamo de ‘Amigo’: ’Amigo, por que demoraste tanto?’”.

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