Hans Küng e a eutanásia: teólogo suíço pode escolher o suicídio assistido

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10 Outubro 2013

Hans Küng, um dos mais famosos teólogos católicos contemporâneos – conhecido principalmente pelas ideias progressistas e de ruptura com relação à tradição – poderia escolher o caminho do suicídio assistido. O estudioso suíço, nascido em 1928, sofre há muito tempo do mal de Parkinson e, no seu último livro de memórias, Erlebte Menschlichkeit (em tradução livre: Humanidade vivida. Memórias), expressa a sua opinião favorável à autodeterminação sobre o fim da vida.

A reportagem é de Gregorio Romeo, publicada no sítio HuffingtonPost.it, 08-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Ninguém deveria ser obrigado a tolerar sofrimentos insuportáveis como se fossem enviados por Deus", escreve o professor emérito de teologia de Tübingen. "Cada um tem o direito de decidir por si mesmo, e nenhum padre, médico ou juiz pode impedi-lo".

Para Küng, portanto, a eutanásia não seria uma forma de homicídio, mas sim uma "restituição da vida nas mãos do Criador", uma escolha compatível com a fé em Deus e a vida eterna prometida por Jesus.

Uma posição que, no entanto, se choca com a clara contrariedade ao suicídio assistido da doutrina vaticana. Küng sempre teve posições progressistas. Em 1979, depois de ter posto em dúvida a doutrina da infalibilidade papal, o Vaticano revogou a sua licença de ensino. Mas ele, convencido das suas teses, ignorou toda pressão para se retratar.

Conforme relatado pela agência de imprensa Reuters, além disso, no seu livro Küng cita a batalha travada contra o mal de Parkinson de outras personagens públicas como Muhammad Ali e João Paulo II. Modelos que Küng, no entanto, não tem a intenção de imitar.

"Eu não quero me tornar a sombra de mim mesmo. (...) Quanto tempo ainda vou poder viver a minha vida com dignidade?", pergunta-se o teólogo, explicando como, por causa do avanço da idade e da doença, as suas capacidades de continuar escrevendo e estudando estão se comprometendo rapidamente.

"As palavras de Küng não me surpreendem. Elas devem ser respeitadas e derivam de um longo trabalho público de análise e de reflexão", é o comentário do teólogo Vito Mancuso, professor da Universidade de Pádua. "O Vaticano, por sua parte, deve reconhecer que não se pode impor uma norma absoluta sobre temas delicados como a dignidade de quem se aproxima do fim da vida".

Como relata a Reuters, no entanto, a reação da hierarquia não se fez esperar: "O senhor Küng fala por si mesmo, não em nome da Igreja", explicou Uwe Renz, porta-voz da diocese de Rottemburg-Stuttgart.

"Em certo sentido, o ponto de vista da diocese está correto", observa Vito Mancuso. "Cada um deve falar por si mesmo. De fato, repito, a ideia de que sobre esses temas pode existir uma moral eclesiástica universal não é realmente funcional, nem tolerável".

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