Obama tenta tirar proveito do "Ocupem Wall Street"

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10 Outubro 2011

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tenta tirar dividendos políticos do "Ocupem Wall Street", ao mesmo tempo em que mantém uma distância segura para não vincular excessivamente a sua imagem a um movimento de protesto que muitos americanos consideram extremista demais.

A informação é do jornal Valor, 10-10-2011.

Ontem, foi a vez da líder do Partido Democrata na Câmara, deputada Nancy Pelosi, fazer declarações simpáticas ao movimento. "Eles estão com raiva porque não têm empregos", disse Pelosi num programa dominical de tevê. "Não há nada que deixe você com mais raiva do que não conseguir sustentar a sua família."

Dias antes, o próprio Obama demonstrou simpatia ao "Ocupem Wall Street". "Acho que expressa a frustração do povo americano", disse o presidente. Segundo ele, o povo está indignado porque muitos do que "agiram irresponsavelmente" e levaram o país à maior crise financeira desde a Grande Depressão estão, agora, "combatendo os esforços para reprimir as práticas abusivas".

Outras figuras-chave do governo Obama, como o vice-presidente, Joe Biden, e até o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, também já se mostraram simpáticos ao movimento.

O "Ocupem Wall Street" é um movimento apartidário e sem líderes que tem como principal bandeira combater o que consideram uma manipulação do poder político pelas grandes empresas e instituições financeiras, por meio de lobbies e contribuições de campanha eleitoral.

Há cerca de um mês, eles acamparam em uma praça em New York próxima ao centro financeiro da cidade, conhecido como Wall Street. No princípio, a grande imprensa praticamente ignorou o grupo, formado sobretudo por jovens. Mas de uns dez dias para cá ele tem recebido forte cobertura dos jornais e emissoras de TV nacionais, e se espalhou para outras cidades do país.

Esse fenômeno político e social surgiu exatamente quando, para aumentar suas chances na disputa pela reeleição em 2012, Obama adotou um discurso político mais de esquerda, com ataques a Wall Street e propostas para taxar os cidadãos mais ricos. Antes, o que prevaleceu foi seu discurso de negociação com a oposição do Partido Republicano. Esse tom conciliatório, porém, dirigido aos eleitores independentes, não conseguiu conter a forte queda da popularidade do presidente.

Obama anunciou há algumas semanas um programa de estímulo à economia e criação de empregos, com custo de US$ 447 bilhões, que prevê aumento de gastos e investimentos públicos - algo a que os republicanos se opõem com todas as forças. Também propôs um pacote de ajuste fiscal que, entre outras coisas, aumenta a taxação sobre os mais ricos. A iniciativa ficou conhecida como "lei Buffett", numa referência ao bilionário investidor Warren Buffett, que recentemente disse que os ricos pagam poucos impostos no país.

As chances de Obama aprovar esses projetos são pequenas, pois a oposição domina a câmara, mas a estratégia política permite que o candidato Obama se posicione como um defensor da classe média trabalhadora, ao mesmo em que rotula os republicanos como defensores dos mais ricos.

Essa estratégia eleitoral tem muito em comum com a bandeira do "Ocupem Wall Street". Mas esse movimento de protesto tem se apresentado de forma mais agressiva e radical. Pra alguns analistas políticos, se Obama ficar muito próximo dele, poderá perder apoio entre os eleitores independentes, considerados fundamentais para a reeleição.

A oposição já está no contra-ataque. Logo depois de Obama declarar simpatia ao "Ocupem Wall Street", o lider republicano na câmara, deputado Eric Cantor, disse que esse movimento "joga americanos contra americanos".

Tentativas explicitas de se aproximar do movimento podem, por outro lado, soar como oportunistas - e até mesmo despertar a rejeição de Obama pelos manifestantes, que gostam de anunciar como independentes dos poderes políticos tradicionais.

 

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