Nova liderança na revista "La Civiltà Cattolica". Com alguns incidentes

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16 Setembro 2011

Mudança de diretor da revista dos jesuítas de Roma, impressa com o controle prévio da Santa Sé. O nomeado e o derrotado. Um artigo que irritou muito os bispos dos Estados Unidos. Com a posterior reparação.

A reportagem é de Sandro Magister, publicada no sítio Chiesa.it, 15-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O jesuíta Antonio Spadaro, 45 anos, especialista em literatura e escritor, é, há uma semana, o novo diretor da revista La Civiltà Cattolica. Ele superou na linha de chegada o candidato que parecia melhor posicionado do que ele, o padre Michele Simone, vice-diretor e colunista político da revista, mas considerado pelas autoridades vaticanas mais próximo, talvez demais, das fileiras de centro-esquerda do quadro político italiano.

O padre Spadaro assumiu o posto do padre GianPaolo Salvini, 75 anos, que dirigia a La Civiltà Cattolica desde 1985, quando substituiu o padre Bartolomeo Sorge, que a havia liderado por 12 anos.

O ano de 1985 – deve-se notar – também foi o ano do congresso eclesial de Loreto, que marcou uma mudança radical, desejada por João Paulo II, na direção da marcha dos líderes da Conferência Episcopal Italiana.

A La Civiltà Cattolica deve a sua particular autoridade ao fato de que seus esboços são revistos, antes da impressão, no Palácio Apostólico Vaticano. Até Paulo VI, era o próprio papa que fazia isso, mas, há algumas décadas, a tarefa é delegada a funcionários da Secretaria de Estado.

De vez em quando com alguns incidentes, porque os atentos revisores vaticanos às vezes também se distraem. Como disse Horácio a propósito das contradições da Ilíada e da Odisseia, "quandoque bonus dormitat Homerus": até o bom Homero às vezes adormece.

Para a revista quinzenal dos jesuítas de Roma, um incidente recente ocorreu com um artigo dedicado à reforma da saúde nos Estados Unidos, que foi publicado na edição do dia 5 de junho de 2010, assinada pelo jesuíta Andrea Vicini, professor do Boston College e da Faculdade Teológica da Itália Meridional em Nápoles.

O artigo, citando amplamente as opiniões da Irmã Carol Keehan, da Catholic Health Association, e de outras realidades eclesiais dos Estados Unidos, havia sido substancialmente positivo ao julgar a reforma fortemente desejada por Barack Obama, reforma que, no entanto, havia  provocado as reações negativas da cúpula do episcopado norte-americano no que se refere ao tratamento do aborto e aos direitos de objecção de consciência.

Esses líderes episcopais não deixaram de dar a conhecer as suas queixas ao Vaticano com relação ao artigo em questão.

Tanto é verdade que, em uma edição posterior, a do dia 19 de março de 2011, o editorial da La Civiltà Cattolica foi dedicado justamente a "Os bispos dos Estados Unidos e a reforma da saúde".

Nele, se destacava como o "bem-estar" com relação à reforma da saúde, manifestada pela Irmã Keehan, por "outras congregações religiosas" e por "alguns órgãos religiosos", era "infelizmente" fruto de "avaliações apressadas e parciais, fora de sintonia com as posições dos bispos dos EUA, cuja opinião foi expressa com base nos ensinamentos morais da Igreja, tendo presente cada aspecto dessa reforma".

Em uma nota, o editorial acrescentava que "o artigo sobre essa reforma, publicado no último mês de junho pela nossa revista, também expressava juízos semelhantes".