Depois do massacre de Alexandria, é preciso conhecer os coptas

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11 Janeiro 2011

Dos coptas, da sua história e cultura, jamais se havia falado tanto como nestes dias. O motivo é claro: os atentados contra as igrejas com relativos massacres de fiéis e riscos de novos atentados. Perguntamo-nos como é possível que se tenha falado tão pouco dessa Igreja.

A reportagem é de Filippo Gentiloni, publicada no jornal Il Manifesto, 09-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Uma Igreja cristã nascida nos primeiros séculos, mas desde o início identificada mais com o Egito do que com qualquer doutrina particular. O Egito, além disso, com a sua posição geográfica, se contrapunha tanto ao cristianismo ortodoxo, de um lado, quanto, de outro e principalmente, ao Islã. Uma Igreja cristã, em certo sentido, de fronteira: sempre em defesa, por isso, da sua própria identidade. Pouco preocupada com uma eventual expansão para fora do Egito, com o centro em Alexandria, mas hoje, pelo contrário, no Cairo.

Com Roma – a Igreja de Roma e o Vaticano – sempre teve uma relação de distinção mais do que de adversidade. A distinção baseada principalmente no famoso "monofisismo": em Cristo, uma só natureza, a divina, enquanto Roma sempre defendeu em Cristo a dupla natureza, a humana mas também a divina. Uma distinção com Roma que pareceu ser, com o tempo, pelo contrário, delicada, quase acadêmica, com poucas fortes consequências. A Igreja copta, ao longo de muitos séculos, se atestou mais pela sua oposição tanto ao Islã quanto à ortodoxia do que pelo seu específico conteúdo teológico.

Hoje, no mundo, os coptas são cerca de sete milhões, distribuídos principalmente no Egito – mas também na Etiópia – e lá onde se deslocou a emigração egípcia, nos países europeus e sobretudo norte-americanos. O chefe – o Papa de Alexandria – vive agora no Cairo: cerca de 40 bispos, 1.500 sacerdotes, tofos casados, muitos monges, segunda a antiga tradição monástica.

Na Itália, existe ainda uma pequena fração de coptas – dois ou três bispos – que aderiram à Igreja Católica de Roma. Hoje, uma forma justa para reagir à tragédia de Alexandria é justamente a de conhecer melhor a realidade da Igreja copta, tão próxima da católica, mas também tão desconhecida.