Breve genealogia dos estudos de zooliteratura no Brasil. Entrevista especial com Maria Esther Maciel

Pesquisadora apresenta como o deslocamento do antropocentrismo na literatura nos leva a uma série de novas compreensões sobre a existência humana em perspectiva com os animais

Foto: Junior MP | Flickr - CC

Por: Faustino Teixeira | Edição: Ricardo Machado | 16 Julho 2022

 

Ainda que o tema da zooliteratura remeta a obras, até mesmo do século XIX, com Machado de Assis, e às primeiras décadas do século XX, por exemplo, com Graciliano Ramos, a formulação conceitual do termo é bastante recente. “Ao longo das duas primeiras décadas do século XXI, esses estudos não circunscritos à visão dos animais como meros símbolos e metáforas foram se disseminando no país. Hoje, felizmente, eles estão em grande evidência nos meios acadêmicos e editoriais, entrelaçados a discussões mais amplas sobre biopolítica e ecologia”, frisa Maria Esther Maciel, em entrevista por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

 

Maria Esther Maciel lista uma série de pensadores que “nos conduzem à ordem animal sob várias perspectivas, que vão do exercício dos afetos, passando pela crítica ao antropocentrismo e pela consciência ecológica, até o exercício propriamente dito da animalidade, através do qual realizam a travessia para o mundo não humano”, acrescenta. Dentre eles, Jacques Derrida, para quem “o pensamento do animal, se pensamento houver, cabe à poesia, eis aí uma tese, e é disso que a filosofia, por essência, teve de se privar’. Disso adviria a diferença, segundo ele, ‘entre um saber filosófico e um pensamento poético’”, explica a entrevistada.

 

Guimarães Rosa ocupa a posição, segundo a pesquisadora, do “maior animalista da literatura brasileira”. “Ele, desde seus primeiros livros, nunca deixou de dar aos animais não humanos uma especial atenção, sem se render ao amansamento antropomórfico e moralizador que constitui grande parte da zooliteratura ocidental. Animais de todas as espécies estão em seus livros”, descreve.

 

Maria Esther Maciel (Foto: UFMG)

 

Maria Esther Maciel é escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É mestre em Literatura Brasileira pela UFMG e doutora em Literatura Comparada pela mesma instituição, com Pós-Doutorado em Cinema pela Universidade de Londres. Integra o projeto internacional "Problematizing Global Knowledge -The New Encyclopaedia Project", do Theory, Culture & Society Centre, da Nottingham Trent University (Inglaterra). Foi Professora Residente do IEAT - Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG (2009/2010). Desenvolveu os projetos "Poéticas do Inventário" (2004/2007) e "Bestiários Contemporâneos - animais na literatura" (2007-2010). Seu projeto atual, com bolsa de Produtividade do CNPq, intitula-se "Zooliteratura brasileira: animais, animalidade e os limites do humano".

 

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line – Maria Esther, você foi pioneira no Brasil nos estudos relacionados à literatura e animalidade. Poderia nos relatar como começou aqui no país o interesse por essa questão?

 

Maria Esther Maciel – Não faz muito tempo que esse enfoque entrou no campo dos estudos literários brasileiros, em diálogo com outras áreas do conhecimento. Benedito Nunes [1] foi, sem dúvida, um dos precursores, ao proferir, em 2005, a palestra “O animal e o primitivo: os outros da nossa cultura”, posteriormente transformada em artigo. Nela, o autor enfoca a questão na filosofia e na literatura, abordando alguns aspectos da obra de Coetzee [2]. Foi ele também o primeiro a lidar, sob um prisma filosófico, com os viventes não humanos no universo de Lispector [3], com ênfase nas figuras da barata (de A paixão segundo G.H.) e do búfalo – personagem do conto de mesmo nome que integra Laços de família. Isso ainda na segunda metade do século XX.

 

Ao filósofo paraense se soma Silviano Santiago [4] que, no ensaio “Bestiário”, de 2004, abordou os bichos em suas diversas figurações e metamorfoses na obra da escritora, explorando a condição animal do humano e vice-versa. Animais, nesse caso, bastante comuns, como o cavalo, o búfalo e a baleia, mas que se inscrevem de forma incomum na escrita clariciana.

 

 

Outro nome de relevo é Eduardo Viveiros de Castro [5], que inaugurou uma instigante linha de pensamento no trato do tema da animalidade, sob o prisma das culturas ameríndias. Contos como “Meu tio, o Iauretê”, de Guimarães Rosa [6], ganharam uma nova leitura à luz dessas contribuições do pensador brasileiro.

 

Ao longo das duas primeiras décadas do século XXI, esses estudos não circunscritos à visão dos animais como meros símbolos e metáforas foram se disseminando no país. Hoje, felizmente, eles estão em grande evidência nos meios acadêmicos e editoriais, entrelaçados a discussões mais amplas sobre biopolítica e ecologia.

 

 

IHU On-Line – Você destacou uma presença importante do tema tanto na prosa como poesia. Poderia nos exemplificar alguns passos importantes dessa reflexão na literatura brasileira? Que autores você mais destacaria?

 

Maria Esther Maciel – Na literatura brasileira, podemos falar de três grandes momentos no enfoque da questão do animal a partir de um viés também ético e político. No primeiro está Machado de Assis [7], que no auge do cientificismo do século XIX – quando os princípios cartesianos já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos –, dedicou memoráveis contos, crônicas e passagens de romances à condição dos animais num mundo dominado pela ciência e pelo triunfo do racionalismo moderno. No século XX, a partir dos anos 1930, autores como Graciliano Ramos [8], João Alphonsus [9], Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade [10], Hilda Hilst [11] e Manoel de Barros [12], entre outros, marcam um novo momento, ao lidarem – cada um à sua maneira – com as relações entre homens e animais sob um enfoque empático e libertário, manifestando sua cumplicidade com esses outros viventes e atentos aos aspectos éticos que a eles dizem respeito. Quanto aos escritores do final do século XX e início do século XXI, pode-se dizer que eles já lidam com a questão dos animais sob o peso de uma realidade marcada por catástrofes ambientais, extinção de inúmeras espécies, crescimento acelerado das granjas e fazendas industriais, entre outras práticas nocivas ao mundo natural. Nesse último grupo entrariam autores como Astrid Cabral [13], Olga Savary [14], Wilson Bueno [15], Leonardo Fróes [16], Nuno Ramos [17], Regina Rheda [18], Sérgio Medeiros [19], Josely Baptista Viana [20] e Eucanaã Ferraz [21] além de nomes da nova geração literária brasileira, como Adriana Lisboa [22], Micheliny Verunschk [23] e Ana Estareguy [24].

 

 

Todos esses autores nos conduzem à ordem animal sob várias perspectivas, que vão do exercício dos afetos, passando pela crítica ao antropocentrismo e pela consciência ecológica, até o exercício propriamente dito da animalidade, através do qual realizam a travessia para o mundo não humano.

 

 

IHU On-Line – Você cita sempre o lugar central ocupado pela reflexão de Jacques Derrida, em particular o seu livro O animal que logo sou. Pode nos falar algo a respeito?

 

Maria Esther Maciel – Jacques Derrida [25] foi um dos filósofos contemporâneos que mais contribuiu para o avanço dessas reflexões sobre os animais e os limites do humano. Elas foram uma constante nos últimos anos de vida do filósofo franco-argelino, tendo também aparecido esparsamente em alguns de seus trabalhos anteriores. Datam de meados dos anos 1980 suas primeiras incursões mais densas no tema. Mas foi na palestra “L’animal que donc je suis. (À suivre)”, proferida em Cerisy-la-Salle em 1997 e publicada parcialmente no Brasil em 2002, sob o título O animal que logo sou, que ele verticalizou suas reflexões sobre o tema, desdobrando-as posteriormente nos seminários La bête et le souverain (A besta e o soberano). Com isso, abriu um vasto campo de discussões que acabou por se estender a várias outras áreas do conhecimento. Um dos seus méritos foi mostrar como a construção do conceito de animal se sustentou na subtração do que, segundo o pensamento humanista logocêntrico, seriam propriedades exclusivas dos humanos, chamadas de “os próprios do homem”.

 

Gosto muito da parte de O animal que logo sou em que ele apresenta duas “situações de saber” sobre os animais: a que reduz o animal a uma coisa, “uma coisa vista, mas que não vê” – por estar assentada na cisão abissal entre humanidade e animalidade –, e a que se sustenta na troca de olhares com ele. Esta última, ao recusar o conhecimento exclusivamente racional, estaria marcada pelo desejo de apreender algo dos não humanos também pelos sentidos e pelo coração. A partir da definição dessas duas situações, Derrida afirma que “o pensamento do animal, se pensamento houver, cabe à poesia, eis aí uma tese, e é disso que a filosofia, por essência, teve de se privar”. Disso adviria a diferença, segundo ele, “entre um saber filosófico e um pensamento poético”.

 

Interessante o fato de o filósofo ter formulado essa tese e desenvolvido suas reflexões a partir de uma experiência pessoal: a de ter sido surpreendido, em estado de nudez, pelo olhar de seu felino de estimação, o que o levou a se perguntar sobre aquele olhar e o saber que o sustentava.

 

 

IHU On-Line – Você dá igualmente um destaque particular à poesia, como no caso do poema de Rilke, A pantera. Em que medida a poesia consegue nos ajudar a avançar nessa reflexão da zooliteratura?

 

Maria Esther Maciel – Ainda na esteira de Derrida, vale evocar um outro texto que escreveu, “Che cós’è la poesia?” (1988), em que ele elege como eixo da discussão a imagem do ouriço que se enovela sobre si mesmo ao ser lançado, numa rodovia, como uma bola de espinhos. Exposto aos acidentes da estrada, ele se protege, enrolando-se, ao mesmo tempo em que se abre como perigo para quem ousa tocá-lo. Essa condição paradoxal de se recolher e, ao mesmo tempo, se expor como perigo seria também a do próprio poema.

 

Outros autores, como Coetzee (pela voz da personagem Elizabeth Costello), incursionaram nessa seara, mostrando que a poesia é o que pode nos conduzir ao mundo incógnito da animalidade, visto que os poetas conseguem, pela sensorialidade e empatia, atravessar as fronteiras entre os mundos humano e não humano e trazer à tona da linguagem os sentimentos, sensações e percepções desses outros viventes. Não à toa, Costello diz, no livro A vida dos animais (São Paulo: Cia das Letras, 2002), que os poetas nos ensinam mais do que sabem, graças “ao processo chamado de invenção poética, que mistura sensação e alento de uma forma que ninguém jamais explicou, nem explicará”. E é dessa maneira que eles podem trazer à luz da linguagem o corpo vivo do animal dentro de nós mesmos.

 

Se visitarmos as zoopoéticas de autores como Ted Hugues [26], Marianne Moore [27], Carlos Drummond, Astrid Cabral e Herberto Helder – só para mencionar alguns poucos exemplos –, podemos certamente confirmar esse dizer.

 

 

IHU On-Line – Dentre as narrativas da animalidade, você fala também da obra fundamental de J. M. Coetzee, em particular de dois de seus livros: A vida dos animais e Desonra. No recente curso que você deu na Escrevedeira, dedicou um lugar particular ao livro Desonra. Pode nos dizer algo a propósito?

 

Maria Esther Maciel – Diversos romances de Coetzee abordam o problema animal e as controversas relações entre viventes humanos e não humanos, mas esses dois são os mais centrados no tema, voltando-se de forma incisiva para uma crítica ao antropocentrismo e ao especismo ocidentais.

 

A vida dos animais reúne duas conferências atribuídas à já referida personagem Elisabeth Costello (alter ego de Coetzee) e discute as relações entre homens e animais não humanos na nossa civilização, sob a perspectiva da filosofia e da poesia. Nele, Costello discute as práticas de violência dos humanos contra os não humanos como consequências da relação de poder/dominação que mantêm com os animais e evidencia como alguns poetas, à feição do inglês Ted Hughes, souberam lidar com a alteridade dos animais, sem convertê-los em meros teoremas e metáforas em prol da superioridade humana.

 

Desonra, por sua vez, é um romance mais amplo e complexo, que inclui várias outras questões ético-políticas que não apenas a das relações humanos/não humanos. No que tange especificamente a isso, pode-se dizer que o enfoque predominante é o da biopolítica. Coetzee lida com a condição “à margem da margem” ocupada pelos animais num país com graves problemas de desigualdade social e racial, onde esses viventes representam o último grau na escala de relevância para a nação e, portanto, podem ser submetidos a todas as crueldades pelos humanos, independentemente da posição que estes ocupam na ordem hierárquica das camadas sociais estabelecidas. São seres, portanto, que vivem em extremo estado de penúria, ao mesmo tempo em que recebem de alguns personagens manifestações problemáticas (e rarefeitas) de compaixão. Os cães abandonados ocupam grande parte da narrativa na condição de viventes à margem, que não merecem mais viver e, portanto, são submetidos à eutanásia em nome da compaixão. Neste caso, uma compaixão que faz do ato de matar “humanitariamente” a única salvação possível para eles.

 

IHU On-Line – Como você destaca o lugar de Guimarães Rosa e Clarice na Zooliteratura?

 

Maria Esther Maciel – Tendo a considerar Rosa o maior animalista da literatura brasileira até hoje, uma vez que ele, desde seus primeiros livros, nunca deixou de dar aos animais não humanos uma especial atenção, sem se render ao amansamento antropomórfico e moralizador que constitui grande parte da zooliteratura ocidental. Animais de todas as espécies estão em seus livros. Além disso, os embates, as interações, o corpo-a-corpo dos homens com o mundo animal são bastante recorrentes em suas narrativas, a exemplo dos textos e passagens em que o autor trata do mundo rural do interior de Minas Gerais. A isso se soma também o interesse do escritor em observar os aquários e os bichos enjaulados nos zoológicos do mundo a partir de um olhar empático e afetivo. Mesmo no romance Grande sertão: veredas (São Paulo: Cia das Letras, 2019), as listas de animais são intermináveis. Para não mencionar a exploração que o autor faz dos traços de animalidade do humano no já mencionado conto “Meu tio, o Iauaretê”, ao abordar a transformação, por um processo de contágio, de um onceiro em um homem-onça. Há, ainda, em sua obra, críticas às injustiças perpetuadas contra os bichos, como se pode ver em “O burrinho-pedrês”, de Sagarana.

 

Quanto a Clarice Lispector, ela atua na zooliteratura por outras vias. É também uma das vozes animalistas mais instigantes da literatura moderna brasileira. Como Rosa, ela não se vale literariamente dos animais apenas para deles extrair metáforas ou alegorias da vida humana. Os animais na obra de Clarice são animais mesmo. Ao transformá-los em personagens, ela explora tanto a complexidade que os define como seres quanto os paradoxos que definem nossas conexões com eles. Além disso, mostra, de maneira perturbadora, como a animalidade do humano se manifesta nessas conexões.

 

 

A paixão segundo G.H. (Rio de Janeiro: Rocco, 2020) é, sem dúvida, o ponto radical dessa “zooliteratura”, ao enfocar o encontro de mulher com uma barata, que culmina num processo de interação visceral dela com o inseto. É interessante como o contato entre ambas passa pelo olhar. A mulher fica perturbada pelo olhar da barata e sente um misto de atração e repulsa pelo inseto, encontrando aí sua própria identidade.

 

Andei explorando um pouco também as figurações caninas em sua obra, como nos contos “Tentação” e “O crime do professor de matemática”. A presença do cão Ulisses em seus escritos também é muito singular, como se pode atestar no livro infantil Quase de verdade, em que o cachorro “late” a história para Clarice, que a escreve. Ou seja, o ponto de vista é do cão.

 

 

IHU On-Line – Vemos hoje também um interesse crescente pela fitoliteratura. Você também tem se ocupado desta questão?

 

Maria Esther Maciel – Não tenho lidado especificamente com essa questão no meu trabalho acadêmico. Já nos meus textos de poesia e ficção, as plantas estão intensamente presentes, desde O livro de Zenóbia (Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2004), de 2004. Recentemente, lancei Pequena enciclopédia de seres comuns (São Paulo: Todavia, 2021), só de verbetes científico-literários, que inclui várias espécies vegetais. No plano teórico, interesso-me pelo tema e já li vários livros, mas minha pesquisa continua mais centrada na zooliteratura.

 

IHU On-Line – Que temas você vem estudando no momento atual a respeito dessas questões ligadas à Zooliteratura?

 

Maria Esther Maciel – Comecei, no ano passado, a investigar narrativas contemporâneas de caráter (auto)biográfico construídas em torno das vidas de animais não humanos, de forma a discutir formas híbridas de subjetividade na literatura e elaborar o conceito de “zoo(auto)biografia”. Ando às voltas com algumas obras de autores de diferentes países relacionadas a isso. Até o presente momento, o repertório literário a que tenho me dedicado integra quatro romances, já traduzidos no Brasil: Timbuktu (São Paulo: Cia das Letras, 1999), do norte-americano Paul Auster [28], Memórias de um urso polar (São Paulo: Todavia, 2019), da japonesa Yoko Tawada [29], F de falcão (Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016), da inglesa Helen McDonald [30], e Memórias de um porco-espinho (Rio de Janeiro: Editora Malê, 2017), do congolês Alain Mabanckou [31]. Pretendo, ainda, fazer um levantamento de outras obras recentes voltadas para a reconstituição de histórias de vidas não humanas e, depois, traçar um breve panorama da linhagem “zoo(auto)biográfica” nos séculos anteriores.

 

Notas:

 

[1] Benedito Nunes: é autor de estudos sobre Mario Faustino e Clarice Lispector e de uma vasta obra. Estudioso dos pensadores alemães, sobretudo de Kant, Heidegger e Nietzsche, suas análises procuram transitar nas fronteiras entre o devaneio criador e a análise conceitual. É nesse sentido que a recepção de Benedito Nunes propõe uma dimensão lírica-existencial-crítica, única no ensaísmo brasileiro. Discute a tradição clássica em que a literatura e a filosofia estão interligadas, ora de maneira litigiosa, ora passivamente. Mostra a inseparabilidade dos princípios metafísicos com os poéticos e explica como é legitimado o diálogo. O filósofo, crítico e escritor foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará. Autor de O Mundo de Clarice Lispector (São Paulo: Ática, 1966), Oswald Canibal (São Paulo: Perspectiva, 1979) e O Crivo de Papel (São Paulo: Ática, 1999). (Nota da IHU On-Line)

 

[2] John Maxwell Coetzee: escritor sul-africano Nobel de Literatura em 2003, sendo o quarto escritor africano a receber esta honraria e o segundo no seu país (depois de Nadine Gordimer, em 1991). A sua carreira literária no campo da ficção começou em 1969, mas o seu primeiro livro, Dusklands, só foi publicado na África do Sul em 1974. Coetzee recebeu vários prêmios antes do Nobel e foi o primeiro a receber o Booker Prize por duas vezes. (Nota da IHU On-Line)

 

[3] Clarice Lispector (1920-1977): escritora nascida na Ucrânia. De família judaica, emigrou para o Brasil quando tinha apenas dois meses de idade. Em 1944, publicou seu primeiro romance, Perto do coração selvagem. A literatura brasileira era nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista, com personagens contando a difícil realidade social do país na época. Lispector surpreendeu a crítica com seu romance, quer pela problemática de caráter existencial, completamente inovadora, quer pelo estilo solto, elíptico e fragmentário, reminiscente de James Joyce e Virginia Woolf. Seu romance mais famoso é A hora da estrela, o último publicado antes de sua morte. Neste livro, traz a vida de Macabéa, uma nordestina criada no estado Alagoas que vai morar em uma pensão no Rio de Janeiro, tendo sua vida descrita por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. Sobre a autora, confira a edição 228 da IHU On-Line, de 16-7-2008, intitulada Clarice Lispector. Uma pomba na busca eterna pelo ninho, disponível aqui. A edição Clarice Lispector. Uma literatura encravada na mística publicada em 5 de abril de 2021. (Nota da IHU On-Line)

 

[4] Silviano Santiago: escritor brasileiro, ganhador do Prêmio Jabuti em 1997. (Nota da IHU On-Line)

 

[5] Eduardo Viveiros de Castro (1951): antropólogo brasileiro, professor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Concedeu a entrevista O conceito vira grife, e o pensador vira proprietário de grife à edição 161 da IHU On-Line, de 24-10-2005. Entre outras publicações, escreveu Arawete: O Povo do Ipixuna (São Paulo: CEDI), A inconstância da alma selvagem (e outros ensaios de antropologia) (São Paulo: Cosac & Naify) e Metafísicas canibais (São Paulo: Cosac & Naify). Também é autor do prefácio do livro A queda do céu – Palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert (São Paulo: Companhia das Letras). (Nota da IHU On-Line)

 

[6] João Guimarães Rosa (1908-1967): escritor, médico e diplomata nascido em Cordisburgo, Minas Gerais. Como escritor, criou uma técnica de linguagem narrativa e descritiva pessoal. Sempre considerou as fontes vivas do falar erudito ou sertanejo, mas, sem reproduzi-las em um realismo documental, reutilizou suas estruturas e vocábulos, estilizando-os e reinventando-os em um discurso musical e eficaz de grande beleza plástica. Sua obra parte do regionalismo mineiro para o universalismo, oscilando entre o realismo épico e o mágico, integrando o natural, o místico, o fantástico e o infantil. Entre suas obras, destacam-se Sagarana (1946), Corpo de baile (1956), Grande sertão: veredas (1956) – considerada uma das principais obras da literatura brasileira –, Primeiras estórias (1962) e Tutameia (1967). A edição 178 da IHU On-Line, de 02-05-2006, dedicou ao autor a matéria de capa, sob o título Sertão é do tamanho do mundo. 50 anos da obra de João Guimarães Rosa. Confira ainda a edição 275 da IHU On-Line, de 29-9-2008, intitulada Machado de Assis e Guimarães Rosa: intérpretes do Brasil. A revista publicou também em sua edição 503, de 24-4-2017, a entrevista com Kathrin Rosenfield intitulada Leitura de Guimarães Rosa ensina a viver sentindo e dando sentido à vida. A IHU On-Line número 538, intitulada Grande Sertão: Veredas. Travessias, também tratou da produção do autor. (Nota da IHU On-Line)

 

[7] Machado de Assis [Joaquim Maria Machado de Assis] (1839-1908): escritor brasileiro, considerado o pai do realismo no Brasil, escreveu obras importantes como Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e vários livros de contos. Também escreveu poesia e foi um ativo crítico literário, além de ser um dos criadores da crônica no país. Fundador da Academia Brasileira de Letras. Sobre o escritor, há duas edições da IHU On-Line: 262, de 16-6-2008, intitulada Machado de Assis: um conhecedor da alma humana, e 275, de 29-9-2008, intitulada Machado de Assis e Guimarães Rosa: intérpretes do Brasil. (Nota da IHU On-Line)

 

[8] Graciliano Ramos (1892-1953): escritor alagoano, nascido em Quebrângulo. Autor de numerosas obras, várias delas adaptadas para o cinema, como Vidas secas e Memórias do cárcere, em 1963 e 1983, respectivamente, por Nelson Pereira dos Santos. Vidas secas foi o objeto de estudo do Ciclo de Estudos sobre o Brasil, de 17-06-2004, no IHU. Quem conduziu o debate foi a professora Célia Dóris Becker. Confira uma entrevista que a professora concedeu sobre o tema na 105ª edição da IHU On-Line, de 14-06-2005. Confira, também, a edição 274, de 22-09-2008, intitulada Josué de Castro e Graciliano Ramos. A desnaturalização da fome. (Nota da IHU On-Line)

 

[9] João Alphonsus de Guimaraens (1901—1944) foi um advogado, jornalista, contista e poeta modernista brasileiro. Era o terceiro filho do grande poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens. Foi um dos nomes importantes do Modernismo e contemporâneo de Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, Pedro Nava e outros que foram seus amigos no Diário de Minas. (Nota da IHU On-Line)

 

[10] Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do modernismo brasileiro, embora sua obra não se restrinja a formas e temáticas de movimentos específicos. (Nota da IHU On-Line)

 

[11] Hilda de Almeida Prado Hilst, mais conhecida como Hilda Hilst (1930-2004), foi uma poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Seu trabalho aborda temas como misticismo, insanidade, erotismo e libertação sexual feminina. (Nota da IHU On-Line)

 

[12] Manoel Wenceslau Leite de Barros, mais conhecido como Manoel de Barros (1916- 2014), foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Com 13 anos, ele se mudou para Campo Grande (MS), onde viveu pelo resto da sua vida. Recebeu vários prêmios literários; entre eles, dois Prêmios Jabutis. (Nota da IHU On-Line)

 

[13] Astrid Cabral Félix de Sousa (1936): é uma poetisa, contista, professora e funcionária pública brasileira. (Nota da IHU On-Line)

 

[14] Olga Savary (1933- 2020): foi uma escritora, poeta, contista, romancista, crítica, ensaísta, tradutora e jornalista brasileira. (Nota da IHU On-Line)

 

[15] Wilson Bueno (1949 - 2010): escritor, cronista e poeta paranaense. Ao longo de sua vida construiu duas obras: a sua literatura - reconhecida como uma das mais interessantes e importantes entre os escritores brasileiros dos últimos 40 anos, que lhe rendeu 16 livros - e o jornalismo - como editor de O Nicolau e colaborador em vários jornais conceituados do país. Faleceu no dia 30 de maio de 2010, na cidade de Curitiba, onde vivia desde a década de 1970. (Nota da IHU On-Line)

 

[16] Leonardo Fróes (1941): é um poeta, tradutor, jornalista, naturalista e crítico literário brasileiro. (Nota IHU On-Line)

 

[17] Nuno Ramos (1960): formado em filosofia pela Universidade de São Paulo, é pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor. Começou a pintar em 1984, quando passou a fazer parte do grupo de artistas do ateliê Casa 7. Desde então tem exposto regularmente no Brasil e no exterior. Participou da Bienal de Veneza de 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das Bienais Internacionais de São Paulo de 1985, 1989, 1994 e 2010. Em 2006, recebeu, pelo conjunto da obra, o Grant Award da Barnett and Annalee Newman Foundation. (Nota da IHU On-Line)

 

[18] Regina Rheda (1957): é uma escritora brasileira de romances e contos. Sua prosa abrange temas urbanos, migração transnacional, luta de classes e direitos dos animais. (Nota da IHU On-Line)

 

[19] Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros (1959): é um poeta, artista visual, dramaturgo, ficcionista, ensaísta, tradutor e professor brasileiro. Ganhou o Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2017 na categoria Poesia, com a obra A idolatria poética ou a febre de imagens. (Nota da IHU On-Line)

 

[20] Josely Vianna Baptista: Poeta, tradutora e escritora, nasceu em Curitiba, PR, em 1957. Entre seus livros, estão Ar (1991), Corpografia (1992) - este em colaboração com o artista plástico Francisco Faria - e A concha das mil coisas maravilhosas do velho caramujo (2001), que, no ano seguinte, recebeu o VI Prémio Internacional Del Libro Ilustrado Infantil y Juvenil del Gobierno Del México. Em 1996, criou a coleção Cadernos da Ameríndia, dedicada a temas do repertório cultural e textual de etnias indígenas sul-americanas. (Nota da IHU On-Line)

 

[21] Eucanaã Ferraz (1961): poeta brasileiro. Publicou, entre outros, os livros de poemas Desassombro (7 Letras, 2002 - Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional, melhor livro de poesia de 2002), Rua do mundo (Companhia das Letras, 2004), Cinemateca (Companhia das Letras, 2008), Sentimental (Companhia das Letras, 2012 - Prêmio Portugal Telecom 2013) e Escuta (Companhia das Letras, 2015); para o público infanto-juvenil, Poemas da Iara (Língua Geral, 2008). (Nota da IHU On-Line)

 

[22] Adriana Lisboa (1970): escritora brasileira. Cresceu em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Morou na França, em Paris e Avignon, e desde 2007 vive a maior parte do tempo nos Estados Unidos. É autora de seis romances, além de poemas, contos e histórias para crianças. Seus livros foram traduzidos ao inglês, francês, espanhol, alemão, árabe, italiano, sueco, romeno e sérvio, sendo publicados em catorze países. Recebeu o Prêmio José Saramago, em Portugal, pelo romance Sinfonia em branco; o Prêmio Moinho Santista, no Brasil, pelo conjunto de seus romances, e o prêmio de autor revelação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) por Língua de trapos. (Nota da IHU On-Line)

 

[23] Micheliny Verunschk (1972): é uma escritora, crítica literária e historiadora brasileira. É Mestre em Literatura e Crítica Literária e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo. (Nota da IHU On-Line)

 

[24] Ana Estaregui (1987): graduada em Artes Visuais pela FAAP e mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, é autora dos livros Chá de jasmim (Editora Patuá, 2014) e Coração de boi (Editora 7Letras, 2016). Em 2017, foi finalista do Prêmio Alphonsus de Guimaraens da Biblioteca Nacional (Poesia). (Nota da IHU On-Line)

 

[25] Jacques Derrida (1930-2004): filósofo francês, criador do método chamado desconstrução. Seu trabalho é associado, com frequência, ao pós-estruturalismo e ao pós-modernismo. Entre as principais influências de Derrida encontram-se Sigmund Freud e Martin Heidegger. Entre sua extensa produção, figuram os livros Gramatologia (São Paulo: Perspectiva), A farmácia de Platão (São Paulo: Iluminuras), O animal que logo sou (São Paulo: Unesp), Papel-máquina (São Paulo: Estação Liberdade) e Força de lei (São Paulo: WMF Martins Fontes). É dedicada a Derrida a editoria Memória, da IHU On-Line nº 119, de 18-10-2004. (Nota da IHU On-Line)

 

[26] Edward James Hughes, mais conhecido como Ted Hughes (1930-1998): foi um poeta e escritor de livros infantis britânico, comumente considerado pela crítica como um dos melhores poetas de sua geração. Foi casado e teve dois filhos com a romancista e poetisa Sylvia Plath. Wikipédia. (Nota da IHU On-Line)

 

[27] Marianne Moore (1887-1972): foi uma escritora e poetisa modernista dos Estados Unidos da América. (Nota da IHU On-Line)

 

[28] Paul Auster (1947): Paul Benjamin Auster, escritor norte-americano, autor de vários best-sellers como Timbuktu, O livro das ilusões, A noite do oráculo e Música do acaso. (Nota da IHU On-Line)

 

[29] Yoko Tawada (1960): nasceu em Tóquio, mudou-se para Hamburgo aos 22 anos e vive em Berlim desde 2006. Escrevendo em japonês e alemão, publicou diversos livros — romances, poemas, peças teatrais e ensaios. Recebeu prêmios importantes, como o Prêmio Akutagawa, o Prêmio Adelbert von Chamisso, o Prêmio Tanizaki, o Prêmio Kleist e a Medalha Goethe. (Nota da IHU On-Line)

 

[30] Helen Macdonald (1970): é escritora inglesa, naturalista e bolsista de pesquisa afiliada no Departamento de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Cambridge. Ela é mais conhecida como a autora de H is for Hawk, que ganhou o Prêmio Samuel Johnson de 2014 e o Costa Book Award. Wikipedia (inglês). (Nota da IHU On-Line)

 

[31] Alain Mabanckou (1966): é um escritor congolês, com dupla nacionalidade (franco-congolês). Estudou Direito em Brazzaville e, posteriormente, na França. Após concluir a pós-graduação na Universidade Paris-Dauphine, trabalhou durante vários anos em importantes multinacionais francesas antes de se consagrar por completo à literatura. Reside nos Estados Unidos, como professor convidado, desde 2002. (Nota da IHU On-Line)

 

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