O outono da civilização. Entrevista com Antonio Turiel

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • “Guerra nuclear preventiva” é a doutrina oficial dos Estados Unidos: uma visão histórica de seu belicismo. Artigo de Michel Chossudovsky

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

21 Março 2022

 

Antonio Turiel (León, 1970), doutor em Física Teórica, especialista em oceanografia e pesquisador do Conselho Superior de Investigações CientíficasCSIC, acaba de publicar um novo livro, El otoño de la civilización (Escritos Contextatarios, 2022), com prólogo de Yayo Herrero e epílogo de Jorge Riechmann.

 

De tendência decrescentista e colapsista, há anos alerta sobre a crise energética e o pico do petróleo e outras matérias-primas, e suas análises são muitas vezes críticas, tanto com os defensores dos combustíveis fósseis como também com os das energias renováveis.

 

Fora da academia, seu blog The Oil Crash e seu canal no Twitter se tornaram uma referência para ativistas ecologistas. Seu livro Petrocalipsis, sobre o abismo pós-petróleo, em 2020, tornou-se quase um best-seller ecologista.

 

A entrevista é de Sergi Picazo, publicada por Crític, 16-03-2022. A tradução é do Cepat.

 

Eis a entrevista.

 

Falemos do conceito “outono da civilização”, que aparece no título do novo livro de artigos publicados em Ctxt com Juan Bordera. Por que outono?

 

O outono é a última etapa da vida. Até o verão, viemos crescendo: tudo era fácil e abundante. Agora isto acabou. A civilização, tal como a entendemos hoje, está chegando a uma fase crucial. Que nossa civilização termine pode significar que se adapte ao novo cenário e, portanto, surja algo novo, ou pode ser o nosso final, assim como outras civilizações entraram em colapso antes.

Como dizia Yayo Herrero, o inverno também pode ser uma época de recolhimento até que chegue uma nova primavera. Mas, antes disso, temos que passar por uma prova. Os próximos anos e décadas serão muito duros. Podemos nos preparar para passar este inverno cruel, ou sucumbiremos no inverno. Esta é a grande encruzilhada.

 

“Estamos no Século da Grande Prova”, diz sempre o filósofo e ecologista Jorge Riechmann.

 

Nós, cientistas, há tempos avisamos que as coisas são piores do que são reportadas nos relatórios oficiais, pois alguns governos maquiam as conclusões. A grande questão a ser decidida hoje em dia não é mais o que fazer, mas como fazer a transição ecológica. Hoje, busca-se fazer uma transição continuísta, na qual se tenta substituir a energia fóssil por uma energia renovável elétrica, supondo que isto é possível.

 

Seguindo com a sua metáfora, em que momento acredita que o verão acabou para nós?

 

O verão acabou em 2008. O momento culminante de máximo esplendor de recursos seria nos anos 1960. Nós nem nos preocupávamos com o futuro! Então, começaram a surgir as primeiras tormentas, como a Guerra do Vietnã... e, sobretudo, a crise do petróleo de 1973 e a guerra entre o Irã e o Iraque. Apesar das advertências do Clube de Roma sobre os limites do crescimento, seguimos adiante sem parar.

Tudo parecia que ia bem, até... 2008. Então, o mundo todo viu que o sistema não podia seguir como até agora, e tudo explodiu. Lembramos daquela crise pelas hipotecas subprime e tudo mais, mas também foi uma crise energética, e foi o momento de pico dos preços do petróleo, que chegou a 147 dólares o barril Brent. Desde então, não levantamos mais a cabeça.

 

A tempestade perfeita chega após a covid-19. Em plena pandemia, estouram todas as crises, escassez de matérias-primas, preços recordes do petróleo e do gás, alimentos em alta... e a cartada final: a guerra na Ucrânia com o confronto de fundo entre duas potências nucleares.

 

Agora, estão se deflagrando as contradições que tínhamos enterradas há muitos anos. Já tínhamos muitos desses problemas, mas nós os ignoramos. Há tempo, cientistas e organizações da ONU dizem que estamos fazendo coisas insustentáveis... mas seguimos com elas, então, chega um momento em que a coisa entra em colapso.

Esses problemas eram interpretados como fenômenos isolados, mas estão conectados. E possuem a sua origem em uma doença: o problema da sustentabilidade do sistema capitalista, que nos leva à autodestruição porque esbarrou nos limites biofísicos do planeta. E este choque se manifesta na perda de biodiversidade, na escassez de água, na degradação do meio ambiente, incluindo as mudanças climáticas, e o esgotamento de recursos naturais.

 

E agora... a guerra! Em que grau, em matéria energética, de fato, dependemos da Rússia?

 

Nem a União Europeia e tampouco os Estados Unidos podem desconsiderar muito a Rússia porque dependemos deles. O caso europeu é evidente: 45% do gás e 30% do petróleo que importamos vem daquele país. Mas, até mesmo nos Estados Unidos, 22% do diesel que consumiram em fevereiro veio da Rússia...

E nossas fábricas dependem de minerais que os russos possuem, como, por exemplo, ferro, alumínio, titânio, paládio... Por isso, a Rússia se sente forte para fazer o que faz. E, por isso, apesar da retórica de nossos dirigentes, não estamos em guerra contra a Rússia e continuamos comprando gás, petróleo e tudo o que precisamos deles.

 

Há uma frase do ativista e pensador Luis González Reyes que considero crucial para entender o momento: “Muitas coisas que pareciam impossíveis estão acontecendo ao mesmo tempo. Estamos vivendo as primeiras etapas do colapso”. Concorda com ele?

 

O colapso é um processo, não é um acontecimento instantâneo. Para explicar a queda do Império Romano, é possível falar do saque de Roma, o do último imperador romano, mas, na verdade, a queda foi um processo que durou séculos. Contudo, caminhamos para um processo de colapso mais rápido, que pode durar décadas.

Agora, estamos em um momento de pró-colapso, ou seja, uma situação que favorece o colapso, em vez de mitigá-lo ou de atrasá-lo. As sociedades entram em colapso porque se prendem a uma ideia equivocada: nossa ideia é querer um crescimento infinito, em um planeta finito. Mas também é verdade, e sempre enfatizo, que quase todos os processos de colapso são reversíveis. Não é verdade que nada possa ser feito para detê-lo.

 

O preço do petróleo está em números recordes. Você chegou a dizer que, com esses preços do petróleo, estamos “no limite de resistência da economia mundial”.

 

O petróleo representa um terço de toda a energia que consumimos. No caso do transporte, significa mais de 95% da energia. E, concretamente, o diesel é o sangue de nosso sistema globalizado. Além disso, o petróleo também é crucial para derivados como plásticos, produtos químicos e reativos básicos para a indústria. Portanto, o petróleo é fundamental para a economia atual. Caso o preço suba demais e isto dure muitas semanas, entraremos em recessão.

O Estado espanhol já está no limite de resistência, e é muito provável que em breve entremos em recessão. A única coisa que poderia nos salvar é a injeção econômica monstro da União Europeia por meio dos fundos Next Generation, e isto injetará de súbito, como se fossem esteroides, maior resistência econômica à Espanha.

 

Por que o preço da gasolina está aumentando? É por culpa da guerra na Ucrânia e das sanções na Rússia?

 

Não! Há semanas, está subindo. Os países da OPEP estão ficando sem capacidade de produção ociosa de petróleo, ou seja, não podem guardar produção para colocá-la no mercado mais tarde e assim controlar os preços. A produção de petróleo cairá de 20% a 50% até 2025. Desde o ano 2014, as empresas petroleiras estão diminuindo sua pesquisa de novas reservas.

 

Por quê?

 

Porque sabem que perderiam dinheiro. O que resta não é rentável. A explicação para o que está acontecendo agora está em que no período de 2011 a 2014 as petroleiras não aumentaram mais os preços, embora estivessem perdendo muito dinheiro, porque a economia não teria resistido, e perderam muito dinheiro.

Um relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos, publicado em 2014, mostrava como as 127 maiores empresas de petróleo e de gás do mundo estavam perdendo dinheiro ao ritmo de 100 bilhões de dólares por ano. De fato, a Agência Internacional de Energia havia avisado, há anos, que os preços do petróleo aumentariam no período entre 2020 e 2025.

Os economistas clássicos dizem que se as petroleiras ganham dinheiro agora, voltarão a fazer investimentos para prospecções de novas reservas, e que tudo voltará à normalidade, mas as petroleiras já disseram que não buscarão mais e, inclusive, dizem que assim atuam para lutar contra as mudanças climáticas. Mesmo assim, minha intuição é a de que os governos ocidentais tentarão intervir para tapar o buraco.

 

E o preço do gás continuará subindo também? A Rússia e a Argélia não abrem tanto a torneira como abriam antes...

 

O gás ainda pode resistir alguns anos a mais do que o petróleo ou o urânio. Segundo a Agência Internacional de Energia, a produção mundial de gás pode atingir o teto em torno de 2025. Contudo, o problema do gás é que o transporte é difícil e caro, e a melhor maneira de importá-lo é por meio de gasoduto.

Transportar gás em navios significa levar o gás até uma usina de liquefação, mantê-lo a 160 graus abaixo de zero em um gaseiro, com um custo energético muito alto, chegar até um porto na Europa que tenha um terminal de regaseificação... e isto, portanto, tem grandes custos econômicos e também geraria gargalos em situações de tensão.

Portanto, a melhor opção para a Europa é o transporte por terra, e por terra existem duas opções: a Argélia e a Rússia. O problema é que a produção de gás da Rússia e da Argélia está estagnada há mais de 20 anos. E, além disso, cada vez precisam de mais consumo para eles próprios, já que são países, sobretudo a Argélia, jovens e em crescimento.

 

E, por último, o preço da luz. Por que está tão alto?

 

Aqui, temos dois problemas. O primeiro problema, o sistema marginal para fixar os preços, que vem imposto por uma diretiva europeia. Basicamente, funciona assim: pagamos o preço do quilowatt-hora pelo preço da energia mais cara que entrar no leilão.

E o segundo problema: como o gás na Europa, atualmente, significa a energia mais cara, pelos problemas de escassez, pagamos toda a energia elétrica ao preço do gás. Portanto, esse problema, a curto prazo, teria uma solução fácil: simplesmente, é preciso mudar a regra do leilão de energia, mesmo que as empresas de eletricidade protestem.

 

A alternativa está nas energias renováveis, como a hidrelétrica ou a solar, teoricamente mais baratas e ecológicas. Mas, em seu último artigo no blog, critica a aposta nas energias renováveis. O título é polêmico: “O fim da energia renovável barata”.

 

O nosso problema é que os sistemas de geração de energias renováveis elétricas se baseiam na disponibilidade de certos materiais que são extraídos, produzidos e transportados com combustíveis de origem fóssil. Portanto, a crise de combustíveis fósseis está provocando, ao mesmo tempo, uma crise de materiais, e acontece que as energias renováveis precisam de muitos materiais.

E o que está acontecendo? As matérias-primas estão ficando caras: o preço do silício se multiplicou por quatro, mas também o lítio das baterias e o silício para as placas solares estão ficando mais caros. Mesmo o cimento e o aço que são utilizados para construir aerogeradores também possuem preços exorbitantes. Existem grandes empresas eólicas que estão perdendo dinheiro agora... e empresas como a LG que abandonaram o mercado de placas solares.

No momento, ninguém conseguiu fechar o ciclo de produção de energias renováveis, que vai da extração de materiais até a fabricação e a manutenção de instalações, apenas com energias renováveis. Para fazer cimento, está sendo utilizado gás natural. Para fazer aço, está sendo utilizado carvão. Esse é um dos grandes problemas que virão: conseguir tornar viável o modelo de transição baseado em energia renovável elétrica.

Mas existem defensores das energias renováveis que afirmam que no futuro serão encontrados novos materiais para melhorar a eficiência e gerar mais energia. De fato, nos últimos 10 anos, cresceram as reservas de alguns desses minerais, como o lítio.

Sim, é o que dizem, e é verdade que estão sendo feitas pesquisas para fazer baterias de sódio ou cálcio. Desconhecemos o futuro. Mas o argumento que existem ou existirão novas reservas para os materiais que se esgotarem é um argumento ruim.

Os defensores da energia nuclear também dizem que existe uma quantidade imensa de urânio no mar. Correto, sim, mas como você o extrai? E também existe lítio no espaço, fora da Terra. Mas a questão é como você o extrai e com que velocidade.

 

Repassemos alguns produtos básicos que não aparecem muito, quando falamos em geopolítica, mas que têm muito mais a ver do que poderíamos imaginar. Comecemos pela alimentação. O que está acontecendo com ela?

 

Os preços dos alimentos aumentam. Por quê? Primeiro, por causa do aumento do custo da energia, já que a agricultura industrial exige muito combustível fóssil, sobretudo diesel, para toda a maquinaria e para o transporte. Mas, além disso, agora aumenta de forma selvagem o preço dos fertilizantes, sobretudo os nitrogenados, porque boa parte deles são fabricados com gás natural e, além disso, as empresas produtoras estavam limitando a produção.

E, além disso, não esqueçamos que a China reduziu em 90% suas exportações de fertilizantes nitrogenados, e a Rússia, no dia 1 de fevereiro, antes da guerra, impôs um embargo às importações de fertilizantes. E, para terminar, falta potassa. E sabe quais são os principais produtores de potassa do mundo? A Rússia e a Bielorrússia. Por tudo isso, os trabalhos agrícolas estão ficando caríssimos.

 

E, aqui, os cidadãos notarão o fato na hora de comprar alimentos básicos?

 

É claro! Na Espanha, notaremos um aumento nos preços dos alimentos já este ano. Os alimentos básicos podem multiplicar seu preço por dois ou três. Serão mais notados em alguns países dependentes da importação de cereais, como todo o norte da África e o Oriente Próximo, onde a situação pode ser terrível.

Caminhamos para uma crise humanitária de grandes dimensões. Mas, além disso, no momento, nós a notaremos mais ainda por causa da invasão da Ucrânia, que era o celeiro da Europa, um grande produtor agrícola. A Espanha importava da Ucrânia 30% do trigo, 23% do milho e mais de 80% do óleo de girassol. Portanto, daqui a um mês, caso a situação continue a mesma, teremos enormes problemas na Espanha.

 

Outro exemplo completamente diferente, mas que também está afetando muitos produtos que chegam às lojas: falta magnésio na Europa!

 

A maior parte do magnésio vem da China. A produção de magnésio consome muita energia e a China está com uma crise energética muito grave nesse momento. Por quê? Porque a crise do carvão, que é importante para a China e a Índia, está provocando muitos problemas energéticos lá e, de fato, está provocando apagões elétricos.

Então, os chineses estão indo para um processo feroz e rápido de transição para as energias renováveis e, para isso, precisam de muitos materiais. Estão guardando o magnésio para produzir alumínio e implementar o processo das energias renováveis, e vão fechando a torneira da importação para a Europa.

 

Concordo, mas o que você não consegue fabricar, caso não tenha alumínio? Por que devemos nos preocupar?

 

As janelas de sua casa certamente são de alumínio. Existem partes dos carros, das motos e das bicicletas que são de alumínio. Os cabos das torres de alta tensão são de alumínio, pois ficaria muito caro fazê-los todos de cobre. A fuselagem dos aviões é feita de alumínio.

Qualquer estrutura metálica que você vê na rua contém, em parte, alumínio. O alumínio tem uma capacidade de resistência e leveza que são essenciais para fabricar muitas coisas hoje em dia.

 

Falemos sobre outro material: o vidro. Nesse inverno, surgiram várias notícias nos meios de comunicação que explicam a escassez de vidro para poder engarrafar vinho, cava e outros licores. Como se explica a falta de vidro, se é um material reutilizável?

 

O vidro também está relacionado diretamente com o gás e, em geral, com a crise energética. Todos os processos industriais que exigem calor industrial precisam de grandes consumos de gás. É verdade que o vidro é reciclável, mas o problema é que produzimos muito mais do que reciclamos.

A demanda é muito alta e crescente. E só a reciclagem não é o suficiente. Será necessário reciclar muito mais, mas, atenção, para reciclar o vidro é preciso fundi-lo novamente e, portanto, precisará ser consumido mais gás.

 

E o último exemplo de coisas que estão subindo de preço: o papel.

 

O papel é um caso diferente. Aqui, reúnem-se muitos fatores que estão provocando um aumento do preço. A causa principal é o aumento no preço do transporte, entre outras coisas, porque tanto as florestas como as grandes fábricas de celulose estão longe e, portanto, contam com custos importantes em transporte. Mas, ao mesmo tempo, existem problemas com os produtos químicos que são utilizados no processo da elaboração do papel, como o cloro, que, de fato, também exige o uso de gás.

 

Para terminar, devo dizer a você que ‘os críticos de Antonio Turiel’ o chamam de catastrofista, por só ver os problemas presentes na transição para as energias renováveis e nunca apontar soluções como as que são buscadas constantemente pelos cientistas e a indústria. Não existe qualquer alternativa?

 

Sim, sim. O que eu denuncio é que não podemos manter tudo igual como até agora, simplesmente substituindo o petróleo por x. O que os governos e a indústria estão fazendo é tentar mudar a fonte de energia e manter o nosso nível de consumo. Eu, e muitas outras pessoas, propomos uma mudança mais radical.

Existem estudos científicos que demonstram que podemos ter um nível de vida semelhante ao atual, e mais equitativo em todo o planeta, consumindo o equivalente a um décimo da energia que consumimos hoje no Ocidente. Teríamos que estar conscientes de que a maior parte da energia que produzimos, desperdiçamos! Mas isso implica mudar o modelo de consumo.

 

Mas, como? Como é possível reduzir o consumo de energia e manter o nível de vida?

 

Atenção: eu digo manter o nível de vida, não o estilo de vida. Um bom nível de vida é determinado pelas coisas que nos trazem bem-estar. Por exemplo, certamente, não teríamos um carro para cada família; certamente, não teríamos uma máquina de lavar para cada apartamento, mas compartilharíamos a máquina com todo o bloco de apartamentos. Tais mudanças não diminuiriam o nosso nível de vida.

As formas de consumir precisam ser diferentes. Não podemos continuar com um consumo descartável, de desperdício, de consumismo sem sentido, de obsolescência programada da maioria dos produtos. Existem muitos setores tecnológicos que já possuem os conhecimentos técnicos para fabricar itens praticamente indestrutíveis.

Já seria possível fabricar um computador praticamente eterno. Podem ser fabricadas lâmpadas quase eternas. Mas isso não acontece, evidentemente, porque o incentivo é para consumir mais. Há muitas pessoas que se irritam quando dizemos isto, pois essa mudança de modelo de vida atenta contra o sacrossanto princípio do crescimento.

 

Mas, de fato, ficaremos sem energia? Não vê nenhuma opção para um futuro energético baseado nas energias renováveis...

 

O central é não ficar obcecado em ter energia elétrica renovável, apesar de ser muito útil em alguns setores, mas também aproveitar a energia renovável não elétrica, ou seja, a solar para produzir calor, a energia mecânica do vento e dos rios para fábricas, usar biomassa de forma moderada para produzir plástico e papel...

E, por último, relocalizar a economia. Mas tal mudança implica acompanhar os ritmos da natureza e não ter uma produção infinitamente crescente. O problema é que não podemos nem começar esse debate, pois implicaria mudanças tão radicais em nosso sistema econômico que são impensáveis hoje.

 

Leia mais

 

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

O outono da civilização. Entrevista com Antonio Turiel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU