14 Novembro 2022
Uma advertência clara do Papa Francisco neste VI Dia Mundial dos Pobres, um dos mais queridos para ele, para não nos deixarmos enganar pelos “profetas da desgraça” e, ao contrário, “quebrar aquela surdez interior que nos impede de ouvir o grito sufocado de dor dos mais fracos”.
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 13-11-2022.
Para isso, o papa convidou na homilia da Eucaristia que presidiu esta manhã na Basílica de São Pedro a “saber discernir o tempo em que vivemos, a continuar sendo discípulos do Evangelho mesmo em meio às dificuldades de história”.
Comentando o evangelho deste domingo, Jorge Mario Bergoglio destacou dois aspectos: “não se engane e dê testemunho”. “Não ouçamos os profetas do infortúnio; não nos deixemos seduzir pelos cantos de sereia do populismo, que explora as necessidades do povo propondo soluções demasiado fáceis e precipitadas. Não sigamos os falsos 'messias' que, em nome do lucro, proclamam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização”, destacou o Papa.
“Ao contrário, testemunhemos , acendamos as luzes da esperança no meio das trevas; aproveitemos, em situações dramáticas, as oportunidades para testemunhar o Evangelho da alegria e construir um mundo mais fraterno; comprometamo-nos corajosamente com a justiça, a legalidade e a paz, estando do lado dos fracos. Não fujamos para nos defender da história, mas lutemos para dar uma cara diferente a essa história”, proclamou.
Por isso, o Pontífice quis recordar que “neste Dia Mundial dos Pobres, a Palavra de Jesus é um forte aviso para quebrar aquela surdez interior que nos impede de ouvir o grito abafado de dor dos mais fracos”.
"Ainda hoje", prosseguiu, "vivemos em sociedades feridas e testemunhamos, precisamente como nos disse o Evangelho, cenários de violência, injustiça e perseguição; além disso, devemos enfrentar a crise gerada pelas mudanças climáticas e pela pandemia, que deixou um rastro de desconforto não apenas físico, mas também psicológico, econômico e social.
Citando novamente (e ele nunca deixa de fazê-lo), “a violência que a Ucrânia está experimentando” e “a terceira guerra mundial que estamos vivendo”. Em uma alusão fora do texto escrito, o papa lembrou que “ainda hoje vemos as pessoas se levantarem contra as pessoas e assistimos angustiados pela expansão veemente dos conflitos, a desgraça da guerra, que causa a morte de tantos inocentes e multiplica o veneno do ódio . Também hoje, muito mais do que ontem, muitos irmãos e irmãs, provados e desanimados, emigram em busca de esperança, e muitas pessoas vivem em precariedade por falta de emprego devido a condições de trabalho injustas e indignas. E também hoje os pobres são as vítimas mais penalizadas de cada crise”.
Perante estas situações, para as quais pediu estar atento e saber discernir, Francisco assegurou que “se os nossos corações permanecerem entorpecidos e insensíveis, não podemos ouvir o seu débil grito de dor, chorar com eles e por eles, ver quanta solidão e angústias também se escondem nos cantos mais esquecidos de nossas cidades”.
Por isso, o pontífice recordou que “o discípulo do Senhor não se deixa atrofiar pela resignação, não cede ao desânimo mesmo nas situações mais difíceis”. Por este motivo, quando perguntado “o que o Senhor está nos dizendo para passar por este momento de crise?”, ele deu uma resposta retumbante: “Ocasião para testemunhar”, ou seja, “não permanecer como vítimas do que está acontecendo, mas aproveitar a oportunidade que está escondida em tudo o que nos acontece, o bem que também é possível construir a partir de situações negativas”.
“Cada crise é uma possibilidade e oferece oportunidades de crescimento”, destacou, pelo que lançou um convite: “Amados por Ele, vamos nos decidir a amar os filos dos mais descartados, cuidemos dos pobres, os quais está Jesus, que se fez pobre por nós. Vamos nos sentir comprometidos para que nem um fio de cabelo seja perdido. Não podemos ficar, como aqueles de quem fala o Evangelho, admirando as belas pedras do templo, sem reconhecer o verdadeiro templo de Deus, que é o ser humano, sobretudo o pobre, em cujo rosto, em cuja história, em cujas chagas Jesus. Ele disse que. Nunca vamos esquecê-lo.”
Nesta parte final da homilia, Francisco improvisou, algo muito frequente nele e, baseado “na velha tradição que ainda se faz em alguns lugares de deixar um lugar vazio na ceia de Natal”, perguntou, erguendo os olhos: deixar um lugar livre em nossos corações para os pobres?”.
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Francisco: “Não nos deixemos seduzir pelos cantos de sereia do populismo, que explora as necessidades do povo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU