• Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
close
search
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
search

##TWEET

Tweet

México. A insólita viagem de 273 cadáveres por Guadalajara

Mais Lidos

  • O consenso cresceu como uma onda: "Mais de cem votos para Prévost no Conclave"

    LER MAIS
  • A brilhante jogada do Conclave: o Papa Leão XIV é uma escolha à altura da tarefa da situação geopolítica. Artigo de Marco Politi

    LER MAIS
  • Prevost, o Papa 'peruano': missionário e político

    LER MAIS

Vídeos IHU

  • play_circle_outline

    MPVM - 4º domingo de Páscoa – Ano C – A missão de cuidar da vida e cuidar da humanidade

close

FECHAR

Image

COMPARTILHAR

  • FACEBOOK

  • X

  • IMPRIMIR PDF

  • WHATSAPP

close CANCELAR

share

25 Setembro 2018

Um caminhão-baú do Serviço Médico Legal do Estado mexicano de Jalisco com centenas de corpos abandonados na segunda maior cidade do México ilustra o colapso das instituições na pior onda de violência da história do país.

A reportagem é de David Marcial Pérez, publicada por El País, 24-09-2018.

Naquela tarde, o cigarro de maconha pareceu estranho para Martin Alonso. "Estava dando a primeira tragada e até o aroma forte do fumo havia mudado. Eu disse, ‘quem peidou?’ E acontece que da rua vinha um cheiro bem fedorento.” Para não incomodar a filha de três anos, Alonso, de 30 anos, tinha saído para fumar na porta de casa, um casebre em ruínas como o da maioria de seus vizinhos. Estranhando o mau cheiro, ele deixou o baseado e seguiu o rastro da fedentina.

"Primeiro diziam que tinham matado alguns porcos, mas eu já conhecia mais ou menos o cheiro de quando alguns amigos foram cortados em pedacinhos e jogados também por ali." Naquela tarde, em 14 de setembro, um caminhão-baú com 273 corpos havia estacionado lá, atrás de sua casa, entre o entulho e o terreno de alguns agricultores. E lá ficou até o dia seguinte. De manhã, Alonso voltou a se achegar ao local e um fio vermelho escorria pela porta metálica, manchando de sangue a silenciosa plantação de milho.

Que lugar melhor para se desfazer de um caminhão com 273 cadáveres em Guadalajara, a segunda maior cidade do México, do que uma das áreas mais brutas da periferia? Que lugar melhor do que Tlajomulco, o bairro cujas estatísticas dizem que 70% vivem na pobreza e marginalizados, e onde os moradores falam que é normal encontrar corpos esquartejados colocados em sacos de lixo?

Isso devem ter pensado Luis Octavio Cotero, diretor do Serviço Médico Legal de Jalisco, e Raúl Sánchez Jiménez, procurador geral do Estado, os dois cérebros da operação, de acordo com a versão oficial, demitidos pelo governador ao longo desta semana. Que lugar melhor do que a miséria para esconder mais miséria?

"Eles não são lixo. Têm nome!", "Eles não são gado que vão em caminhões ao açougue!", gritaram na sexta-feira às portas do Serviço Médico Legal grupos de parentes de desaparecidos de vários Estados: Veracruz, Querétaro, Nayarit. Segundo dados oficiais, apenas em Jalisco existem 3.362 desaparecidos. Em todo o México, 36.265. Segundo os parentes, muitos mais.

"Quando vimos os caminhões com tantos corpos amontoados em sacos de lixo, todas as mães da república pensaram que nossos filhos poderiam estar lá", explica Beatriz Torres, que viajou quase mil quilômetros da capital de Veracruz para chegar até aqui. De costa a costa procurando pelo filho.

A onda de violência que sacode o México se espalhou para áreas antes consideradas oásis, reproduzindo na capital de Jalisco imagens mais típicas de territórios vermelhos como Tamaulipas ou Guerrero: necrotérios saturados de corpos a ponto de terem que guardá-los em caminhões refrigerados como se fossem gado. Instituições em colapso que não cumprem os protocolos de registro e identificação do morto. E que em última instância, e de forma irregular, são retirados do necrotério, para que seja encontrado outro lugar para armazená-los.

O Serviço Médico Legal de Jalisco (Semefo, na sigla em espanhol) tem capacidade para 170 corpos. Hoje são 444 distribuídos entre a câmara frigorífica de suas instalações e dois caminhões extras, alugados há um ano e meio. Alguns corpos têm mais de dois anos. Apenas 60 estão devidamente registrados e identificados.

A viagem dos 273 cadáveres espremidos no baú do caminhão parece ter sido extraída de uma das histórias sarcásticas, delirantes e didáticas do escritor mexicano Jorge Ibargüengoitia. Em 31 de agosto, o caminhão deixou o estacionamento do Semefo rumou a um depósito em Tlaquepaque, outra área metropolitana da cidade. Os vizinhos reclamaram do cheiro e a prefeita ordenou o fechamento do depósito. Era a manhã de 14 de setembro e o passeio dos cadáveres havia acabado de começar.

Levaram o caminhão até as instalações da Procuradoria, mas era muito grande e ao entrar ficou entalado na porta da garagem. Chamaram alguns operários para limarem o teto. Quando estavam trabalhando, começou a chover. Pararam por causa do risco de morrerem eletrocutados. Então, ocorreu ao motorista que eles poderiam guardá-lo em um terreno baldio do proprietário do caminhão. No trajeto, voltou a ficar atolado, desta vez em um trecho de estrada de chão em Tlajomulco, atrás das casas em ruínas, ao lado do campo de milho.

Tentaram tirá-lo da lama, mas não conseguiram e decidiram abandoná-lo. Ainda por cima, o diretor do Instituto Médico Legal que foi demitido está com a filha desaparecida há dois meses e acusou o secretário do Governo de "condutas não muito honestas". "Vou ter que andar com cuidado", disse esta semana em uma entrevista no rádio, "para que nada mais aconteça comigo ou alguém da minha família".

Letícia Vázquez, outra das mães que clamam por justiça e dignidade, perdeu a filha em novembro de 2014 nas praias de Puerto Vallarta: "O caso passou por cinco Ministérios Públicos, dois delegados do Governo e quatro promotores. Quanto tempo mais vamos esperar?" Depois do escândalo, o Governo estadual se comprometeu a comprar uma nova câmara frigorífica com 300 lugares e a registrar todos os corpos antes de novembro, apenas um mês antes do final de seu mandato.

Guadalajara, o segundo motor econômico do México, o outro Vale do Silício, ao sul da Califórnia, onde aterrissaram gigantes como Cisco, HP, Intel e Tesla e onde todos os anos é realizada a maior feira de livros do mundo em espanhol, é também um lugar em que o poder do crime organizado é capaz de derrubar um helicóptero do Exército com tiros de canhão, pôr em xeque o centro da cidade bloqueando ao mesmo tempo 39 vias ou planejar uma emboscada contra um ex-procurador em plena luz do dia na saída de um restaurante da moda.

Guadalajara, a nave-mãe durante os anos 80 da primeira organização criminosa que reuniu os principais chefes responsáveis pela abertura das portas do México à cocaína colombiana, é hoje o berço de um novo cartel. O mais poderoso e o que mais cresceu após o declínio das máfias clássicas: Jalisco Nova Geração.

“A onda de violência nos sobrepujou”, reconhecia na quinta-feira o governador Aristóteles Sandoval (do PRI), dando palavras aos números: os assassinatos deixaram 224 vítimas em agosto, mais de sete por dia, uma morte violenta a cada três horas. A cifra acumulada até agora neste ano chega a 1.468, beirando o total de todo 2017, ano que bateu todos os recordes sangrentos da história recente do México. Mais mortes do que nos piores tempos da chamada guerra contra as drogas.

A ascensão do Jalisco Nova Geração ocorreu paralelamente aos anos de Governo do PRI no Estado. Em 2012, eram apenas uma cisão do cartel de Sinaloa. Em todo o atual governo, tem sido constante o embate entre os narcotraficantes e o Estado, que em maio lhes assestou um duro golpe com a detenção quase simultânea de dois de seus líderes. Em dois meses, assumirá o novo governo, de Enrique Alfaro, ex-prefeito de Guadalajara, pelo progressista Movimento dos Cidadãos. O próximo governador não quis dar entrevistas para esta reportagem. No atual Governo lhe dão um conselho: "Vai precisar de muita ajuda federal, apenas com a força do Estado não podemos contê-los".

Leia mais

  • México. Al menos 43 muertos en otro fin de semana sangriento en Sinaloa
  • México. Plataforma digital da rostro a 30 mil desaparecidos
  • Brasil nas pegadas do México. Artigo de Raúl Zibechi
  • Guerra ao narcotráfico fracassou e é desperdício de dinheiro, diz estudo
  • No México, uma pessoa some a cada duas horas
  • "Quando os cartéis são divididos, novos grupos criminosos aparecem"
  • Para driblar perigos, imigrantes ilegais escolhem caminho mais longo até os EUA
  • México. Mais de 250 corpos são encontrados em fossas clandestinas
  • No México, Peña Nieto despenca, e violência do crime organizado sobe
  • México. Relator da ONU condena violência contra ativistas de direitos humanos
  • México. Corrupção afeta os mais pobres, diz comissão de direitos humanos
  • México. Milhares de estudantes protestam contra a violência no maior campus universitário da América Latina
  • México, um homicídio a cada 16 minutos

Notícias relacionadas

  • A prática do sacrifício, hoje, é a prática da barbárie. Entrevista especial com Xabier Etxeberria Mauleon

    LER MAIS
  • O grito de Jesus na cruz e seus ecos na contemporaneidade. Entrevista especial com Francine Bigaouette

    LER MAIS
  • Defensoria diz que Rio passou por "limpeza" de moradores de rua do centro

    As denúncias de constrangimentos e violência contra moradores de rua na região do centro do Rio de Janeiro cresceram 60% nos me[...]

    LER MAIS
  • Olimpíadas: estado de exceção estabelece censura e outras violências

    "Muito além da proibição do #ForaTemer, Jogos Olímpicos reforçam uma série de violações de direitos". O comentário é de[...]

    LER MAIS
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato

Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS
CEP 93.022-750
Fone: +55 51 3590-8213
humanitas@unisinos.br
Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados