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23 Setembro 2016

Quando o mundo inteiro se alegrou com a eleição de um papa argentino, nem todos compreenderam até o fim a novidade que emergiu do conclave, ou seja, uma inversão de perspectiva com a qual, a partir daquele momento, a Igreja observaria e julgaria o mundo.

A reportagem é de P. F. De Robertis, publicada no jornal Il Resto del Carlino, 21-09-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É isso que está acontecendo durante esse pontificado, e é assim que podem ser explicados certos posicionamentos de Francisco, como a que emergiu nessa terça-feira, antes e depois do encontro de Assis, quando o papa relembrou a todos não só a temida (por nós, ocidentais) emergência do terrorismo, mas também as muitas guerras esquecidas e espalhadas pelo planeta, que, como já havia repetido Bergoglio no passado, dão origem "à terceira guerra mundial em pedaços".

Uma inversão de perspectiva que, de algum modo, desconcerta uma parte da sociedade ocidental e deixa o gosto amargo nas bocas daqueles que – compreensivelmente – se sentem ameaçados pelo califa às portas de casa e sempre pensam no grito de Allah Hakbar lançado pelos fanáticos islamistas antes de se explodirem.

O papa provavelmente está consciente desse desconforto de uma parte da sociedade, do fato de que nem todos no Ocidente o compreendem, mas ele sabe falar com o mundo inteiro e tenta convidar a levantar o olhar. Consciente do novo papel que, em relação a guerras e terrorismo, as religiões assumiram, tornando-se, ao mesmo tempo, parte da solução e parte do problema.

Há credos que pregam e promovem a paz e rejeitam o terrorismo; outros que, ao menos em algumas alas, não estão todos convictamente alinhados nesse lado. O papa, chamando para Assis as religiões para rezarem pela paz, "aponta" para as forças que, dentro das confissões monoteístas, pedem em voz alta o cessar de toda violência.

É o movimento que ele fez também no dia seguinte aos últimos atentados terroristas franceses, quando Francisco se obstinar em negar o choque de religiões, mesmo diante de fanáticos terroristas que matavam aos gritos de uma evidente referência religiosa.

Será que ele vai conseguir? Será essa a estratégia certa? É cedo demais para dizer. O certo é que, de um jesuíta sul-americano, seria difícil esperar uma posição diferente, talvez ecoando uma militância ocidental que, lembramos, nem mesmo o anticomunista Wojtyla jamais concedeu às guerras de civilização de Bush.

Leia mais:

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