17 Outubro 2025
Balanço de dez anos do compromisso mostra saldo positivo da ação mundial conjunta, mas é necessário aumentar ambições.
A reportagem é publicada por climaInfo, 17-10-2025.
O Acordo de Paris completa dez anos em dezembro com saldo positivo. Uma análise do Climate Center e do World Weather Attribution (WWA) mostra que, em 2015, o mundo caminhava para um aquecimento de 4°C até o fim deste século. Hoje, a marca está em 2,6°C.
Com isso, o planeta pode evitar 57 dias de calor intenso – quando a temperatura está acima da registrada em 90% dos dias entre 1991 e 2020, explica a Al Jazeera. No entanto, o estudo alerta para a necessidade dos países buscarem o objetivo inicial do tratado: um aquecimento acima dos níveis pré-industriais limitado a 1,5°C.
Até 2015, a temperatura global tinha subido 1°C. Em 2024, o aumento bateu em 1,3°C. A elevação de 0,3°C nesse período provocou 11 dias de calor intenso na média mundial. Mas há regiões onde houve mais dias quentes, conta a Folha.
O relatório lista diversos exemplos: as ondas de calor ficaram 10 vezes mais prováveis na Amazônia, com seca recorde em 2023, que matou centenas de botos, criou um ambiente propício para a propagação de incêndios florestais e afetou centenas de milhares de amazônidas; no México e no sudoeste dos Estados Unidos, em 2024, a temperatura recorde e os impactos da seca mataram mais de 125 pessoas; no sudeste da Austrália, em 2019, o recorde de temperatura causou a incêndios catastróficos, com 100 milhões de vertebrados mortos e mais de 400 mortes por inalação de fumaça.
“Cada fração de grau de aquecimento, seja 1,4°C, 1,5°C ou 1,7°C, significará a diferença entre segurança e sofrimento para milhões de pessoas”, afirma Friederike Otto, professora de Ciência do Clima do Imperial College.
O estudo ainda mostra que cerca de metade dos países do mundo já possuem algum tipo de sistema de alarme contra calor extremo, e ao menos 47 têm planos de ação em vigor. Esse mecanismo é essencial para reduzir impactos em um planeta cada vez mais quente. Além disso, é necessário aumentar áreas sombreadas e o número de árvores em centros urbanos e fortalecer os sistemas de saúde, detalham Bloomberg e DW.
“O Acordo de Paris é uma estrutura poderosa e juridicamente vinculativa que pode nos ajudar a evitar os impactos mais graves das mudanças climáticas”, diz Otto. “No entanto, os países precisam fazer mais para abandonar o petróleo, o gás e o carvão”, completou.
O relatório do WWA também foi noticiado por Independent, Publico, Down to Earth, Times of India e Straits Times.
Leia mais
- Mudanças climáticas entraram numa “espiral sem controle”, alerta ONU
- Calor extremo, microplásticos e fungos resistentes: as novas ameaças à saúde global
- Ondas de calor aumentaram 60% desde 2007 e ameaçam saúde global, revela estudo internacional
- Enfrentar desigualdade é fundamental para combater crise climática, diz pioneira em estudos de atribuição
- "A indústria de combustíveis fósseis tem um lobby: os trabalhadores que morrem no sol, não". Entrevista com Friederike Otto
- Do México à Argentina: a crise dos incêndios chega à América Latina após a emergência em Los Angeles
- Incêndios em LA podem ser desastre natural mais caro dos EUA
- Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WR
- O papel da mudança climática nos catastróficos incêndios de Los Angeles de 2025
- Amazônia desponta como nova fronteira global do petróleo
- Israel mata cinco jornalistas da Al Jazeera, incluindo Anas al-Sharif, em um bombardeio em Gaza
- Aquecimento de 2ºC vai triplicar área incompatível com a vida humana no planeta, diz estudo
- As chaves para a saída dos EUA do Acordo de Paris: O que acontecerá agora com a luta climática?
- “O Acordo de Paris não está funcionando”. Entrevista com Susana Muhamad, cientista política e ativista climática