27 Setembro 2025
Após visita, no início do mês, ao campo de refugiados de Kakuma, no Quênia, o bispo luterano Martin Modéus, da igreja da Suécia, ficou apavorado com as condições de vida das mais de 300 mil pessoas ali recolhidas, a metade crianças.
A informação é de Edelberto Behs.
“É de partir o coração. Surgem muitas emoções. Em primeiro lugar, compaixão. Ninguém deveria ter que viver assim, mas isso também reflete a atual abordagem à ajuda humanitária no mundo ocidental: como é possível que o apoio esteja sendo reduzido quando as necessidades estão aumentando?”, questionou.
Os cortes em financiamento já estão custando vidas, lamentou. O campo de refugiados de Kakuma foi criado em 1992, e hoje abriga pessoas de 23 países, principalmente do Sudão do Sul, Somália e Burundi. A Igreja da Suécia está envolvida em diversas iniciativas no campo, com foco especial no apoio a crianças e jovens em situação de alta vulnerabilidade.
Após reduções significativas no financiamento de doadores, o acampamento de Kakuma enfrenta sérios problema. A ração alimentar foi drasticamente reduzida, grassando a fome, a ansiedade e protestos.
A ONU estima que na África Oriental e no Chifre da África mais de 25 milhões de pessoas abandonaram suas casas por causa de conflitos e eventos climáticos extremos.
A Igreja da Suécia, junto com a Federação Luterana Mundial, oferece educação, meios de subsistência, esportes, cultura e serviços de proteção a mais de 232 mil pessoas deslocadas.
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