19 Setembro 2025
Ideia é criar uma espécie de mutirão contra a crise climática a partir de 2026 com institucionalização distinta tanto da OMC como da UNFCCC.
A informação é publicada por ClimaInfo, 18-09-2025.
Um fórum para integrar comércio e crise climática. Esta foi a proposta apresentada à Organização Mundial do Comércio (OMC) pelo presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. A visita de Corrêa do Lago foi a primeira de um líder de uma conferência do clima à entidade, segundo o Valor.
O Brasil propõe criar uma espécie de mutirão contra as mudanças climáticas em Belém com um novo paradigma de cooperação, e institucionalização distinta tanto da OMC como da Convenção da ONU sobre o Clima (UNFCCC). O fórum passaria a funcionar a partir de 2026.
Segundo Corrêa do Lago, o fórum não produzirá resultados vinculativos ou textos legais. A ideia é sair do diagnóstico dos problemas para o desenho de soluções para as dificuldades enfrentadas pelos países sobre comércio e clima sem formalidades de negociações.
O fórum pretende colocar negociadores do clima e do comércio na mesma mesa, com mandato misto e escopo temático híbrido. Eles serão apoiados por especialistas de países em desenvolvimento e desenvolvidos em partes iguais. “A conversa não é mais sobre se as agendas de comércio e clima estão ligadas, mas sobre como podemos alinhá-las de forma inteligente e justa para servir aos nossos objetivos comuns’’, explicou o presidente da COP30.
Outra iniciativa brasileira para ser lançada na conferência de Belém é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). A Sumaúma lembra que o governo federal investiu dois anos de muito esforço técnico, político e diplomático para o que pode ser sua maior contribuição à COP30.
O TFFF é o primeiro fundo climático e ambiental internacional que prevê a obrigatoriedade do repasse direto de pelo menos 20% dos recursos para Povos Indígenas e comunidades florestais. Além disso, ao pagar aos países por hectare de floresta em pé, foge da lógica do mercado de carbono. Outro diferencial é que, enquanto fundos tradicionais emprestam ou doam dinheiro para projetos com prazo para acabar, no TFFF os países beneficiados poderão usar o que receberem em programas e políticas públicas de longo prazo.
Apesar dos impasses e das incertezas sobre temas cruciais para a COP30, como o financiamento e a eliminação dos combustíveis fósseis, o recuo dos Estados Unidos na agenda climática pode dar ao Brasil um protagonismo no tema, sobretudo na atração de investimentos. A avaliação é de Marina Cançado, uma das organizadoras da Brazil Climate Week e fundadora da Converge Capital, gestora focada em alocar capital em soluções para o clima.
Em entrevista à Bloomberg Linea, Marina destacou que os investidores internacionais continuam direcionando recursos para projetos climáticos, mas com cautela maior por causa de Donald Trump. Esse movimento criaria oportunidades para o Brasil, na avaliação da executiva.
Com os EUA fora do jogo climático, uma coalizão voluntária entre 21 países desenvolvidos e em desenvolvimento e a União Europeia poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa sete vezes mais do que as políticas atuais, arrecadar quase US$ 200 bilhões por ano em receitas com a precificação doméstica do carbono e evitar atritos comerciais. É o que sugere o relatório “Building a Climate Coalition: Aligning Carbon Pricing, Trade and Development”, que será debatido na Climate Week de Nova York na próxima semana, informa o Valor.
“Com a eleição de Trump e a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, ficou claro que era importante pensar no que um grupo menor de países poderia fazer”, disse Catherine Wolfram, professora de economia aplicada no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e coordenadora do grupo de pesquisadores que produziu o relatório.
Em tempo 1
A COP30 deve agregar ao menos 1,5% ao PIB do Pará no curto prazo, impulsionando o crescimento do estado e da região Norte como um todo, ante o agregado do país, estima a Tendências Consultoria. Enquanto o PIB do Brasil deve crescer 2,2% em 2025, o do Norte avançaria 3,5%, e o do Pará, 4%, segundo a Tendências. É mais do que o esperado para as demais regiões: Centro-Oeste (3,3%), Nordeste (2,3%), Sul (2,2%) e Sudeste (1,8%). A notícia é do Valor.
Em tempo 2
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) e lideranças do agro querem impedir que o governo federal apresente o Plano Clima na COP30. A estratégia foi definida nesta semana durante reunião do comitê de sustentabilidade da entidade, de acordo com o Estadão. O temor é que o plano projete o setor como principal responsável pelo problema climático. O que não seria projeção, mas sim a pura verdade, como mostram todos os dados relativos às emissões brasileiras de gases de efeito estufa e de desmatamento.
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