16 Setembro 2025
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disparam contra a cidade, prendendo pelo menos 700 mil palestinos. A mídia israelense relata: "O Hamas está trazendo reféns à superfície como escudos humanos".
A reportagem é de Gabriella Colarusso e Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 16-09-2025.
A mais recente batalha em Gaza começou. Após dias de preparativos, abordagens e anúncios, na noite passada, Israel lançou um ataque devastador contra os bairros do noroeste da Cidade de Gaza com todo o seu poderio militar. Por terra, com tanques e tropas. Por ar, com uma chuva de mísseis e projéteis de helicópteros Apache, drones e artilharia. Fontes palestinas locais contabilizaram 37 ataques em apenas 20 minutos, por volta das 22h, horário local.
As notícias continuam confusas e dispersivas, com comunicações telefônicas difíceis. "Eles estão entrando pelo norte, entre a Cidade de Gaza e Jabalia", relata Sami Abu Salem, repórter no centro da cidade que colabora com o Repubblica. "Eles estão atirando de helicópteros e drones; tropas foram avistadas nos bairros de Sheik Radwan e Tel Al-Hawa."
Segundo alguns veículos de comunicação árabes, as forças israelenses estão usando bombas robóticas nessas áreas, onde se concentra a população restante (cerca de 700 mil). "Em Sheik Radwan e Tel Al-Hawa, no entanto, não vi nenhum tanque israelense. Os veículos blindados que estavam estacionados nos subúrbios estão se movendo para o norte da Cidade de Gaza, na fronteira com o que resta de Jabalia", explica Abu Salem, que permaneceu na cidade apesar da ordem de evacuação emitida pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) porque, como muitos outros, não conseguiu encontrar um local seguro no sul para evacuar.
Afinal, não há lugares seguros, como demonstram as bombas que explodiram ontem à noite no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, enquanto helicópteros lançavam dezenas de foguetes sobre a Cidade de Gaza. "Estou escondido em casa, tanques também entraram pelo oeste, estamos todos barricados, qualquer um que saia morre, ouço o barulho incessante de caças", confirma o fotojornalista Ahmed Abu Ajwa, também na Cidade de Gaza.
Milhares de palestinos fugiram nos últimos dias e na noite passada, tentando chegar aos campos de Nuseirat e al-Mawasi a pé e por meios improvisados, muitos sem sucesso. "Há pessoas dormindo na estrada que leva ao sul porque não encontraram um lugar para ficar", disse Abu Ajwa.
"Obrigado, presidente Trump, por seu apoio inabalável à luta de Israel contra o Hamas e pela libertação de todos os nossos reféns", tuitou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu minutos após o início do ataque, demonstrando a aprovação da Casa Branca à ocupação. Trump havia alertado o Hamas sobre retaliações se, como noticiou a emissora pública israelense Kan, eles transferissem os 20 reféns sobreviventes dos túneis para a superfície, a fim de usá-los como escudos humanos e, assim, restringir a movimentação de soldados inimigos.
Esta não é a única ação do Hamas. Segundo as mesmas fontes israelenses, os militantes receberam ordens para interromper à força a evacuação da população, e a coordenação da "emboscada da legitimidade", a técnica de guerrilha baseada em emboscadas, foi confiada a quatro homens: Izz al-Din al-Haddad, comandante das Brigadas Qassam; Raed Saad, seu vice; Muhammad Odeh, chefe de inteligência; e Mohand Rajab, oficial da Brigada de Gaza. Em outras palavras, se as informações coletadas pelos israelenses estiverem corretas, o Hamas não se renderá.
Não é por acaso que o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, está cada vez mais cético quanto ao sucesso da operação militar e cada vez mais irritado com a omissão do governo em informá-lo sobre os próximos passos para Gaza após a ofensiva. Divulgou-se uma notícia, ainda não confirmada, de que os Estados Unidos e Israel estariam trabalhando em um plano para transferir os principais líderes do Hamas de Gaza para a Tunísia: uma medida que lembra a década de 1980, quando Yasser Arafat e a OLP foram exilados do Líbano. Pela primeira vez, Netanyahu também admitiu que Israel enfrenta crescente isolamento econômico internacional e deve se preparar para se tornar "uma super-Esparta", adotando uma economia com "características autárquicas". Ele também se comparou a Charlie Kirk, o ativista de Trump morto em Utah, relatando que também havia sido "ameaçado".
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