26 Agosto 2025
Em 22 de agosto, o site Avvenire publicou a seguinte entrevista com Andreas Espegren Masvie, escritor e jornalista norueguês que anunciou sua conversão da fé luterana à católica. Abaixo, reproduzimos a reação do teólogo valdense Fulvio Ferrario e a resposta do teólogo católico Giuseppe Lorizio, que oferece um comentário teológico sobre o assunto, destacando alguns aspectos problemáticos (www.pensarelafede.com).
O artigo é de Fulvio Ferrario e Giuseppe Lorizio, publicado por Settimana News, 23-08-2025.
Eis o artigo.
Do perfil do Facebook de Fulvio Ferrario
Há línguas, como o alemão, que têm uma palavra para conversão ao cristianismo (ou outra religião) e outra para mudança de confissão. Não sei como funciona em norueguês, mas não há isto em italiano.
Porém, quando, há 43 anos, decidi me tornar protestante, ficou claro para mim que não se tratava de uma "conversão": eu havia me tornado cristão na Igreja Católica, em virtude da proclamação e dos testemunhos recebidos naquele contexto e de um batismo indelével e irrepetível.
Tornei-me protestante porque me parecia A possibilidade de continuar sendo cristão em um contexto diferente e, na minha opinião, mais próximo do que eu acreditava entender do Novo Testamento, especialmente quanto à sua visão da Igreja. Depois de adquirir uma compreensão adequada do protestantismo, não hesitei quanto à pertinência desse passo.
Lembro-me perfeitamente do meu alívio quando um dos meus primeiros interlocutores, Paolo Ricca, confirmou esta convicção: "Você não está se convertendo. Você já é cristão, ou aspirante a cristão, como todos nós. É claro que a estrutura eclesial é muito diferente". É, e estou tão feliz com isso quanto naquela época. Ainda mais.
Também por causa dessa minha experiência, não fiquei satisfeito com a linguagem, o tom e grande parte do conteúdo da entrevista que estou relatando aqui. De agora em diante, levarei este texto comigo e o citarei a todos aqueles que alertam contra o "proselitismo" confessional — o dos outros, é claro.
Em um ponto concordo com o entrevistado: o verdadeiro catolicismo é melhor do que um protestantismo clerical e hierárquico (isso é um risco, na minha opinião, especialmente entre luteranos, mas também pode ser encontrado em igrejas presbiterianas, metodistas e batistas), ávido por exibir fotos de seus líderes em batinas e cruzes episcopais e se alimentar das migalhas de paternalismo (que não é reconhecimento algum, mas sim o oposto) jogadas das mesas das hierarquias romanas.
Entre o original e a cópia (ruim), o original sempre vence e isso é certo.
O protestantismo só faz sentido se for protestante, o que também significa católico no verdadeiro sentido da palavra — universal, não sectário. A seita, que pode ser romana ou não, diz que alguém se converte a ela. A igreja busca converter alguém a Jesus.
Resposta de Giuseppe Lorizio
Eu também fiquei indignado com o tom triunfalista que acompanhou a notícia da conversão de um protestante ao catolicismo, uma transição que é certamente legítima, se a forma católica de cristianismo for mais adequada à espiritualidade da pessoa.
O que me indigna é a ignorância teológica do autor e do entrevistado, particularmente evidente em pelo menos duas expressões: "conversão ao catolicismo" e "entrada na Igreja", com suas verdades eternas e imutáveis. Mesmo no campo católico, os teólogos mais perspicazes evitam usar o termo "conversão" ao mudar de uma igreja para outra, por exemplo no caso de Newman, assim como o termo é questionado até mesmo no caso do apóstolo Paulo.
Quanto à filiação à Igreja, está implícito que ele não estava anteriormente na Igreja, mas o indivíduo foi e é batizado. A notícia deveria ter sido anunciada com sobriedade e atenção ecumênicas, mas, como sabemos, o ecumenismo demora a reagir e, mesmo neste caso, parece proibido falar de "comunhão nas diferenças" (daí o fracasso do nosso projeto PUL, do qual, felizmente, restam os dez volumes da série "Spiga").
Estes são tempos muito difíceis! Talvez um protesto de uma de suas organizações junto ao Escritório Ecumênico da Conferência Episcopal Italiana possa ser útil, para que eles possam intervir no jornal.
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