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A beleza da vocação. Entrevista com Frei Razvan, Irmã Federica e Irmã Francesca

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20 Agosto 2025

O “Centenário Franciscano” está a todo vapor, uma série de celebrações propostas pela Família Franciscana que culminará no próximo ano com o oitavo centenário da morte de Francisco de Assis. Já foram relembrados os 800 anos da Regra aprovada por Honório III, o presépio em Greccio em 2023, e dos estigmas recebidos por Francisco no Monte La Verna em 2024. Este ano se celebra o aniversário do Cântico das Criaturas. Para marcar a ocasião, “la Lettura” conversou com três jovens franciscanos sobre sua escolha religiosa e sua vida consagrada. A conversa foi possível graças à colaboração de Frei Giulio, diretor do Gabinete de Comunicação do Sagrado Convento de São Francisco em Assis.

A entrevista é de Marco Ventura, publicado por la Lettura, 17-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Irmã Francesca, 41, de Perugia, e Irmã Federica, 31, nascida em Marotta e criada entre Pesaro, Urbino e Fano, pertencem às Irmãs Franciscanas Missionárias de Assis, um dos muitos institutos religiosos femininos inspirados por Francisco que floresceram após o século XVIII, quando uma vida franciscana ativa se tornou possível para as mulheres como alternativa à vida de clausura contemplativa das Clarissas.

Irmã Francesca professou seus votos perpétuos em 2016.

Irmã Federica professou seus votos temporários há três anos.

O Frei Ravzan, 27, originário de Roman, na Moldávia romena, está na Itália há oito meses e pertence à Ordem dos Frades Menores Conventuais. Ele professou seus votos perpétuos em 2022 e foi ordenado sacerdote em 24 de junho deste ano.

A conversa aconteceu no pórtico do Sagrado Convento de Assis.

Eis a entrevista.

Como vocês vivem uma escolha que os tornou tão diferentes de seus pares?

Irmã Federica — Não sinto essa grande diferença. A comparação não pode ser coletiva: nós e os outros. A vocação é algo pessoal. Há uma diversidade que marca cada um de nós em nossa própria vocação. Eu diria que a força motriz é a mesma para cada jovem. É a busca pela plenitude, por um bem que nos move, por uma pela beleza, por uma bondade.

Por que então esta vida comparada a tantas outras possíveis?

Irmã Federica — Tudo nasce de um encontro e do desejo de viver para esse encontro. É um amor que se revelou por meio de pessoas concretas, abraços verdadeiros, rostos que me permitiram experimentar essa misericórdia de Deus pela qual me apaixonei e na qual então escolhi fundar minha vida. Senti que a dor de perder essa oportunidade era mais forte do que o medo de arriscar, e isso me fez dizer: "Vai, vai".

Frei Ravzan — Entrei no seminário quando jovem, aos quinze anos. No início, eu apenas queria frequentar uma boa escola. A escola católica me deu uma forte educação cultural. Nesse ponto, também descobri a oração. Eu era um rapaz católico praticante, mas no início não entendia todas essas coisas: o que significa fé, o que significa amor. Depois veio a beleza de descobrir o amor por um Deus que é homem e pessoa. Isso me fascinou muito. Mais tarde, também fiz a escolha de começar minha formação franciscana com o postulado, o noviciado e depois os votos perpétuos. Minha vida hoje é diferente daquela dos meus amigos, mas continuo a viver minha juventude ao lado deles com liberdade, com minha personalidade, que é muito jovem, feliz.

Irmã Francesca — A Irmã Federica falou de plenitude. Minha escolha é a resposta a um desejo de plenitude. Durante o período em que a escolha amadureceu, eu ia à missa, mas o preceito da Igreja correspondia mais ao ensinamento dos meus pais do que a um encontro de fé. Minha santificação das festas era basicamente jogar futebol e ir ao estádio aos domingos.

Você jogava futebol?

Irmã Francesca — Sim. Essa era a fé mais profunda, mais encarnada. (Risos) Isso quer dizer que a escolha da vida consagrada nasce de uma vida normal, feita de paixões, interesses, encontros, relacionamentos, famílias, amizades. Quando garota, pensava que aquele anseio de plenitude o viveria criando uma família numerosa. Mas sempre existiu em mim uma preocupação especial pelo lado ferido da humanidade. Aos poucos, surgiu o desejo de fazer da minha vida um dom para o Senhor. Não foi uma transição fácil. Por um tempo, me rebelei. Não, obrigada, isso não me interessa. Sei que me atrai, mas não é para mim. O Senhor retornou com força nos anos seguintes.

Aquele desejo de plenitude encontrou sentido e forma em sua Palavra e no encontro com ele e meus irmãos e irmãs.

Poderia ter atendido esse desejo mesmo sendo leiga.

Irmã Francesca — Uma vida consagrada é para alcançar a todos. Sem excluir ninguém. Ter um amor livre. Para poder doá-lo. Hoje aqui em Assis. Ontem na Zâmbia, onde vivi. Amanhã, onde o Senhor quiser me levar. Sem fronteiras.

Por que seguir justamente Francisco?

Irmã Francesca — Digamos que jogo em casa. (Risos). Sou desta pequena cidade, Collestrada, onde se conta que Francisco foi feito prisioneiro durante a guerra entre Perugia e Assis. Quando pequena, via Assis à distância e dizia à minha mãe: "Quando eu crescer, vou morar lá". E minha mãe dizia: "Não, é impossível, lá só moram frades e freiras".

E para você, Frei Ravzan?

Frei Ravzan — Tudo me veio por contraste. Enquanto minha família me oferecia tudo, eu queria ser pobre. Enquanto perto de mim, na Romênia, havia minha paróquia com um padre diocesano, eu queria ir para longe, para uma comunidade religiosa. Hoje, todos fazem tantas perguntas, buscam tantas respostas. Apenas um rapaz que morava em Assis me respondeu. Seu nome era Francisco. Ele via o Senhor, na simplicidade.

Como aconteceu esse encontro com Francisco?

Frei Ravzan — Houve dois momentos. Primeiro, por meio de um parente franciscano; gostei do hábito dele. Depois, quando fui para o seminário para receber uma educação católica, descobri uma verdadeira riqueza. Nas coisas simples. Se pedíamos um telefone melhor e para fazer uma festa, nosso formador dizia: "Tudo bem, vamos fazer uma festa, mas sem telefone".

Era um seminário franciscano?

Frei Ravzan — Sim, mas no início eu sabia apenas que era católico. Na Romênia, os católicos são uma pequena minoria. Eu buscava respostas muito grandes, muito difíceis, e Francisco sempre respondia com a coisa mais simples. O exemplo de Francisco, que queria se tornar cavaleiro, é perfeito para mim. Você quer se tornar grande, mas o caminho que ele lhe mostra é aqui, onde vivemos; não é outro, é o seu, com as pessoas próximas, com a comunidade.

Irmã Federica, por que uma vida religiosa?

Irmã Federica — Antes de ser religiosa, minha vida é uma vida de fiel. Fiel ao amor que encontrei, que tocou minha vida. A vida religiosa chegou até mim; não procurei uma família religiosa no lugar de outra, um convento no lugar de outro. Estou certa de que o amor passa pela carne, pelo meu corpo. A vida religiosa nasce do meu ser, da minha maneira de viver o amor com todo o meu ser.

Por que justamente Francisco?

Irmã Federica — Pela fraternidade. Porque sinto que os irmãos, e especialmente as irmãs, são os instrumentos que Deus colocou ao meu lado. E viver a fraternidade significa viver no mundo em um estado de familiaridade, fazer do mundo a própria casa. A isso se soma a menoridade de Francisco.

O que mais o irmão mais novo comporta? A maravilha da vida. É ele quem diz que a vida não acaba com você, que ainda há vida.

Irmã Francesca — Penso que a vida franciscana está intimamente ligada à vida fraterna. Como dizia o Papa Francisco durante a pandemia, não podemos nos salvar sozinhos. Eu não me torno santa ou santo apesar do meu irmão, mas com ele. É isso que

Francisco nos ensina. Não porque Francisco tenha tido uma fraternidade perfeita. Conhecemos a história, certo? Mas porque, por meio do seu irmão, Francisco experimenta a misericórdia.

O fato de que durante os anos decisivos para a sua escolha houve um Papa chamado Francisco teve alguma influência sobre vocês?

Frei Ravzan — Sim. No ano em que entrei no seminário, começou o seu pontificado. E no ano em que fui ordenada sacerdote, o Papa Francisco morreu. Eu tive o exemplo de Francisco e do Papa Francisco.

Irmã Francesca — Entrei com o Papa Francisco há seis anos, mas sinto que a minha vocação, talvez de forma inconsciente, amadureceu na Igreja do Papa Bento. A presença do Papa Francisco acrescentou graça sobre graça ao mistério mais grande da continuidade da Igreja universal ao longo da história.

Irmã Francesca — No ano da eleição do Papa Francisco, parti para a missão na Zâmbia. Doou-me o estilo de uma missão vivida onde quer que se esteja. Um anúncio generoso, sem reservas, na simplicidade, na espontaneidade.

Entre os jovens de hoje, há muita inquietação com a identidade masculina e feminina.

Irmã Federica — Sou profundamente mulher. A vida religiosa, a escolha da consagração, não me tirou nada do meu ser mulher. Entro nessa vida com a minha identidade de mulher. Com a minha curiosidade, os meus sentimentos, o meu trazer as coisas de dentro, a minha sensibilidade à proteção, a minha busca pela beleza, as minhas intuições de criatividade. E mesmo com as minhas limitações, penso na força física. E também com a minha consciência de que preciso de uma complementaridade com os meus irmãos, com os homens.

Frei Ravzan — Creio que a vocação de ser consagrado, vivida à luz do Evangelho, não nega a dimensão masculina, mas a ilumina e a orienta para o dom de si. Ser um jovem homem consagrado para mim significa reconhecer que a minha identidade não é apenas um fato biológico ou cultural, mas um chamado para encarnar concretamente algumas dimensões de Cristo. A firmeza na verdade, proteção dos mais fracos, a capacidade de doar a vida por amor.

Irmã Francesca — Gosto da ideia da complementaridade. "Deus os criou homem e mulher." Diante das inquietudes de um mundo tão confuso e perdido, devemos permanecer em diálogo com aqueles que têm opiniões diferentes sobre a identidade de gênero. O problema é quando se cai em uma ideologia. A ideologia não permite o diálogo; a diferença se torna luta, conflito. No diálogo, a diferença se torna, em vez disso, uma tensão de criatividade, de generatividade, de beleza. Francisco nos ensina muito nisso.

Sua religião não é anacrônica?

Irmã Francesca — Sim, talvez em um sentido positivo, a vida consagrada seja fora do tempo, anacrônica. No sentido de que a sociedade secularizada de hoje coloca no centro o homem, a realização pessoal, uma salvação construída por si só. Nesse sentido, sim, a religião, e nós, religiosos, somos vistos como fora do tempo. Porque vamos em busca de algo mais. Para nós, a religião é o encontro com o próprio Cristo encarnado, e esse encontro acontece em um tempo e em um momento específicos de nossas vidas. Ao contrário de outras espiritualidades que levam o homem a se centrar sobre si mesmo, o encontro com Cristo é um encontro profundo que não se fecha em si mesmo, mas se abre para o outro.

Frei Ravzan — Na minha opinião, a Igreja não pode ser anacrônica, porque ainda hoje responde às perguntas das pessoas. Ela realizou um Concílio para isso. Realizou um Jubileu. Perguntou ao mundo quais são os problemas gerais, os problemas das Igrejas. Esse encontro com um Deus vivo é uma coisa maravilhosa.

O Jubileu da Juventude parece ter sido muito bem-sucedido.

Irmã Federica — Eu estava em Tor Vergata. Fiz a viagem alguns dias antes para chegar a Roma e vivenciar aqueles momentos com os jovens.

Como foi?

Irmã Federica — Fiquei impressionada. Absolutamente. Também com uma presença tão grande. Na verdade, fiquei impressionada com muitas coisas, e sobretudo com o cuidado da Igreja. Pensemos nas torres de recarga de celulares. Sempre se pensa que a Igreja critica os jovens pelo uso das redes sociais e pela dependência dos celulares, mas, em vez disso, os jovens foram acolhidos de bom grado com tudo o que precisavam. Talvez nem o tenham usado. Mas estava lá. Isso me surpreendeu. Assim como fiquei impressionada com a resposta dos jovens, com a profissão de fé deles, na liberdade, com alegria, declarando-se a juventude do Papa, no pertencimento à Igreja.

Frei Ravzan — Justamente naquele dia, presidi a missa aqui pela primeira vez com meus irmãos. Mas fiquei impressionado com o que vi na TV. Alguns, dessa forma, declararam que se reconhecem como católicos, como fiéis. É um bom sinal. Outros foram por curiosidade. É um sinal de que estão em caminho, de que estão em busca de algo.

Como vocês veem as redes sociais e as novas tecnologias?

Irmã Francesca — Há novos desafios, mas também novas e imensas possibilidades. Há o desafio da identidade, de cuidar do outro, de não se limitar a gerar conteúdos, mas conseguir encontrar o outro. Diante desse desafio, mesmo nós, que escolhemos a vida consagrada, não podemos recuar.

Frei Ravzan — Cresci com o smartphone, com a internet. Foi muito difícil durante o noviciado, quando eu tinha dezenove anos, passar um ano sem o celular. Mas também foi o melhor ano da minha vida. Hoje, na minha opinião, o desafio não é tanto para os jovens, mas, por assim dizer, para os mais velhos, porque eles se tornam dependentes. Os jovens estão começando a dar passos à frente. Se estiverem motivados. Essa é a minha experiência com eles.

Irmã Federica — Precisamente porque a vida religiosa não é algo fora da realidade, hoje não pode prescindir do uso de smartphones e outros dispositivos tecnológicos. É preciso ensinar como usá-los. O desafio, e também o meu receio, é que sejam usados não para levar as pessoas à Igreja, a Deus, mas para levar as pessoas a mim. Não quero me tornar a freira com mais curtidas. (Elas riem.)

Vocês aceitariam fazer perguntas uns aos outros?

Frei Ravzan — Gostaria de lhe perguntar, Irmã Federica, como você reage quando alguém lhe pede um conselho sobre algo no que você não se sente boa, forte. Principalmente depois de ter sido ordenado diácono e depois padre, me perguntaram tantas coisas que muitas vezes refletem minhas próprias deficiências. Não sei se devo dar uma resposta ou ser sincero. Ainda não sei.

Irmã Francesca — Enquanto a Irmã Federica pensa em sua resposta, gostaria de perguntar ao Frei Ravzan como você se sente em viver sua vocação em um contexto que não é o do seu país. Como sua cultura enriquece seu estar em missão aqui em Assis?

Frei Ravzan — É muito difícil mudar de lugar, cultura, família, fraternidade, tantas coisas, ser um sacerdote novo há um mês, celebrar e em outra língua, transmitir algo a outro povo, talvez com outros problemas e outras demandas. Ajuda-me muito a expressar minha sinceridade. Se você se esquecer de ser Razvan, e se tornar o padre bom e bonito, você se torna uma mentira. E isso é perigoso, porque em sua jornada como sacerdote e como frei, você dará respostas que não são suas.

E, além disso, há a liberdade interior. Ter tranquilidade suficiente para permanecer em silêncio nos momentos em que você não consegue dizer alguma coisa. As pessoas entenderão.

Irmã Federica — Enquanto ainda penso na pergunta do Frei Ravzan, gostaria de perguntar à Irmã Francesca que momento desperta em você o sentimento de que a vida vale a pena ser vivida. Quando você sente ressoar ao longo do dia que o que você escolheu vale a pena? A pergunta nasce de um verso que carrego em meu coração.

Um versículo de um salmo?

Irmã Federica — Não, de um poema do poeta português Fernando Pessoa. (Riem.)

Irmã Francesca — Eu lhe respondo assim. Respirar não basta para dizer que você está vivendo. Mas é preciso respirar, e então a questão é como se respira. Hoje sinto que respiro com os dois pulmões na minha vida. O pulmão da caridade, porque me encontro vivendo a minha vida acolhendo pessoas em grande dificuldade...

...você cuida de mulheres vítimas de violência.

Irmã Francesca — Sim. Isso me permite experimentar concretamente o amor que o Senhor me doou e que posso doar ao outro.

E o outro pulmão?

Irmã Francesca — É o da espiritualidade. Do encontro com o Senhor. O momento de oração que pontua o meu dia. Especialmente por meio da escrita dos ícones. Eu escrevo ícones.

Ícones são pintados. (Irmã Francesca e Irmã Federica sorriem, balançam a cabeça.)

Irmã Francesca — Eles são escritos. Porque é a palavra escrita representada em uma imagem. Através da escrita de ícones eu encontro Cristo e às vezes ajudo as pessoas a encontrar Cristo. Graças aos dois pulmões, à sua respiração, vivo a minha vida em plenitude. E vale a pena.

Irmã Federica — Aqui está a minha resposta ao Frei Ravzan. Não me sinto chamada a dar conselhos, a dar respostas. Esse não é o meu serviço, não é o meu ministério principal. Em vez disso, compartilho a humanidade do outro. Acredito nele, desperto nele a criatividade, para que encontre a resposta de que precisa. Também desperto nele a certeza de ser levado no coração. Quem se aproxima de mim para me perguntar algo, em vez da resposta — que eu não tenho porque não sou um oráculo — espera ser levado no coração. Isso posso lhe dizer. (O Frei Ravzan levanta o polegar, a Irmã Federica sorri para ele.)

Frei Ravzan — Gostei da sua resposta.

Quando me receberam na entrada do convento, perguntaram-me se eu vinha em paz. A lógica da guerra parece dominar-nos hoje.

Irmã Francesca — A lógica da guerra é uma lógica de poder. É a dominação sobre os outros. Francisco escolheu Cristo, pobre e crucificado. É a lógica da espoliação, do encontro, do acolhimento.

Frei Ravzan — Francisco nos ensina a passar do "eu" para o "nós" e do "nós" para os "irmãos". A unidade é a coisa mais importante. Se dissermos "nós estamos aqui e vocês estão lá", já começa o egoísmo, porque o bem está presente em um lugar e ausente no outro. Se pensarmos em nosso bem para todos, os conflitos diminuem.

Irmã Federica — O conflito surge por coisas que passam: riqueza, poder, terra, povos, rostos concretos que consideramos inimigos. Em vez disso, se depois de oitocentos anos falamos de Francisco, é porque ele indica um outro desejo: concentrar-se no que permanece, na vida eterna. Não é a morte, não são as trevas, é o amor, é a vida que gera mais vida, é a Páscoa.

Leia mais

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  • A vocação e o sentido da vida. Artigo de Ademir Guedes Azevedo
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