07 Agosto 2025
Em audiência na Câmara dos Deputados, André Corrêa do Lago minimizou saída Estados Unidos no Acordo de Paris: “não tem um impacto muito grande no financiamento”, disse.
A reportagem é de Karina Pinheira, publicada por ((o))eco, 07-08-2025.
O embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, participou nesta quarta-feira (06) de uma sessão solene na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, onde comentou sobre os preparativos para a Conferência sobre as Mudanças Climáticas, que será realizada este ano, em Belém, no Pará.
Respondendo as perguntas sobre as estratégias que serão abordadas, André explicou que o financiamento climático entre os países desenvolvidos será um dos grandes desafios para a COP30 deste ano.
“Os Estados Unidos, como outros países desenvolvidos, na verdade colocaram muito pouco dinheiro nesses fundos (de financiamento climático e mitigação das mudanças climáticas). Então, não é através desses fundos que nós vamos resolver a questão do financiamento”, disse o embaixador.
Desde 2024, os países que participaram da COP29, em Baku, Azerbaijão, estabeleceram uma nova meta de financiamento climático, comprometendo-se a destinar pelo menos US$ 300 bilhões por ano para ações climáticas nos países em desenvolvimento até 2035.
Seguindo seu discurso, o embaixador explicou a baixa doação de países desenvolvidos para fundos que irão auxiliar os países em desenvolvimento e que os debates de doação e liberação para estes recursos é complexo do ponto de vista político de cada nação. “O que a gente tá vendo é que se for esperar doação de país desenvolvido, não virá”.
“Digamos que essa coisa das doações, não há expectativa que isso possa cobrir, por isso a ausência dos Estados Unidos do acordo de Paris não tem um impacto muito grande no financiamento, porque o caminho do financiamento está muito mais voltado para a reforma dos organismos internacionais, como o Banco Mundial e outros bancos multilaterais para terem uma atuação muito mais dinâmica para poder levantar investimentos muito mais significativos”, pontuou.
A sessão solene, requisitada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) e pelo deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), reuniu parlamentares brasileiros e estrangeiros em torno do debate sobre a mudança climática e a transição justa a partir do tema “A COP 30: 33 anos depois da Cúpula da Terra, 20 anos depois do Protocolo de Quioto e 10 anos depois do Acordo de Paris”.
A cúpula foi organizada pelo Observatório Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe (OPCC), uma iniciativa da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) das Nações Unidas.
Devido a obstrução do Plenário do Senado de senadores bolsonaristas em protesto contra a prisão domiciliar decretada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o evento teve que ser realocado para outro lugar da sede da Câmara.
Questionado mais uma vez sobre a organização do evento, André reconheceu que os preços de hospedagem na capital do Pará “realmente estão muito acima do que de outras COPs”.
Ele ainda disse que a questão está sendo amplamente discutida junto à Secretaria Extraordinária para a COP30 do governo federal. Segundo ele, nas edições de Glasgow (Escócia) ou Baku (Azerbaijão), os hotéis dobraram o valor das diárias. Já em Belém, os países estão procurando fazer reservas e “estão vendo valores 10 a 15 vezes maiores do que o que os hotéis oferecem”, afirmou.