02 Agosto 2025
"As escolhas de Israel parecem ser as mesmas que levaram aos excessos novecentistas. Uma lógica que — se a história nos ensina alguma coisa — prenuncia sua aniquilação. E então serão dores para todos nós ocidentais".
O artigo é de Giovanni De Luna, publicado por La Stampa, 29-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Giovanni De Luna é historiador italiano, professor emérito da Universidade de Turim.
Em Gaza, desenrola-se um horror que nos chega diretamente do coração de trevas do século XX. Aquele foi o "século da violência" e de uma violência "excessiva": duas guerras mundiais, a bomba atômica, o Holocausto, o gulag de Stalin e muito mais. Milhões morreram, homens e mulheres, civis — especialmente — e militares, vítimas e carrascos, numa estatística insana. Entre 1900 e 1993, foram registradas 54 guerras; um cálculo analítico dos mortos chega a um total de 100 milhões, divididos em sete categorias: campos de concentração ou de trabalho forçado (10 milhões); limpezas étnicas (10 milhões); conflitos internacionais (50 milhões); guerras civis (10 milhões); vítimas civis da guerra (7-8 milhões); violências interétnicas (1.500.000); terrorismo (200 mil). Para além dos números, o que hoje impressiona é precisamente a natureza excessiva dessa violência, a sua gratuidade sem sentido em comparação com os objetivos que pretendia atingir, desprovida como era de qualquer utilidade instrumental e, na verdade, retorcendo-se no final justamente contra aqueles que tinham propiciado sua utilização.
Basta ver o Holocausto; os seis milhões de judeus massacrados pelos nazistas absorveram recursos humanos e materiais que teriam sido úteis para sustentar o esforço bélico da Alemanha. Mas Hitler não quis ouvir razões; obcecado pela perseguição aos judeus, justamente nos escaldantes dias de junho de 1944, aqueles do desembarque na Normandia e da abertura da segunda frente que tanto temia, desviou os comboios ferroviários, que poderiam ter levado novas tropas para o norte da França para combater o desembarque, para os campos de concentração que povoavam o seu universo concentracionário, garantindo assim a continuação da deportação e do extermínio, mas perdendo a guerra.
Sabemos como terminou: Hitler cometeu suicídio, seus líderes foram julgados em Nuremberg, condenados e executados, e a Alemanha teve que sofrer os lutos e as destruições que infligiu aos povos que havia subjugado, desmembrada, ocupada, despencando no "ano zero" de sua história. E quanto à bomba atômica? De 1945 a 1996, 130 mil ogivas nucleares foram construídas, o equivalente a um poder explosivo de 25-30 mil megatons. Lembrem-se de que todo o poder explosivo usado em todas as guerras da história, do Neolítico a Nagasaki, mal chegava a 10 megatons. Além disso, em 1961, a URSS detonou a "Bomba Tsar", o dispositivo nuclear mais poderoso já testado, com uma capacidade destrutiva equivalente a 1.570 bombas de Hiroshima e Nagasaki. Era a Guerra Fria, e a URSS e os EUA, as duas superpotências que então dividiam entre si os destinos do mundo, haviam armazenado em seus arsenais um número de bombas nucleares suficientes para destruir o mundo não uma, mas várias vezes! Era a lógica dos "excessos", e a dissuasão recorria a esses números bizarros que hoje se mostram em toda a sua incongruência.
Agora, em Gaza, a violência atuada por Israel é justamente uma violência excessiva, redundante, que ultrapassou em muito os limites da retaliação e da racionalidade. Há uma evidente desproporção entre os objetivos militares que o Estado judeu havia se prefixado e os resultados de suas operações no campo. O objetivo era atingir o Hamas, apagando sua presença de Gaza de uma vez por todas, garantindo assim sua segurança. Na realidade, porém, o Hamas não foi destruído, enquanto dezenas de milhares de civis palestinos foram massacrados pelo exército israelense.
Ninguém mais se lembra dos reféns mantidos pelos palestinos; o horror de 7 de outubro foi apagado pelos horrores que vimos perpetrar na Faixa faminta e destruída. Era para ser uma operação militar que teria garantido a Israel uma paz duradoura e estabilizado o Oriente Médio, mas, em vez disso, multiplicou as frentes de guerra (Líbano, Síria e até Irã), tornando ainda mais caótica a situação geopolítica em toda a região.
As escolhas de Israel, portanto, parecem ser as mesmas que levaram aos excessos novecentistas. Uma lógica que — se a história nos ensina alguma coisa — prenuncia sua aniquilação. E então serão dores para todos nós ocidentais.
No final do século XX, Francis Fukuyama teorizou o "fim da história". Após o desaparecimento da URSS, o poder dos Estados Unidos não temia confrontos, e a ausência de possíveis rivais parecia a óbvia premissa de uma paz perpétua. Assim se afirmou a ideia de que a democracia de mercado, encarnada pelos Estados Unidos, seria o ápice da evolução dos sistemas sociais, e justamente sua afirmação foi interpretada como um sinal de que realmente "a história havia acabado". Desafiando seu sucesso midiático e a atenção acadêmica, surgiu a tese do "choque de civilizações" de Samuel Huntington, que previa uma forte intensificação dos conflitos entre os novos atores da história e os velhos protagonistas ocidentais, em um choque enraizado não tanto nas razões da geopolítica, mas diretamente naquelas das "identidades", culturais e religiosas. Tratava-se de uma posição fortemente contraposta ao otimismo de Fukuyama.
Hoje, à luz da sequência mortal dos eventos desencadeados pelo 11 de setembro de 2001 e culminada nos massacres em Gaza, Israel parece determinado a confirmar a profecia de Huntington e o seu pessimismo.