19 Julho 2025
"Desde que Ahmed al-Shared assumiu o governo de transição na Síria, os cristãos sentiram-se aliviados depois de 14 anos de guerra civil sob o regime repressor de Bashar al-Assad. Mas não estão tranquilos. O atentado de Damasco foi reivindicado pelo grupo Saraya Ansar al-Sunna, uma facção islâmica mais radical, de apoio a Assad", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Dois acontecimentos macabros marcaram a geopolítica do cristianismo no Oriente Médio nos últimos 30 dias. O primeiro foi o ataque à Igreja de Mar Elias, nos arredores de Damasco, em 22 de junho, conduzido por um
homem-bomba e que resultou em pelo menos 25 mortos e dezenas de feridos.
O segundo foi o incêndio perto das ruínas da Igreja de São Jorge e do cemitério cristão, em 7 de julho, além de ataques de colonos israelenses em Taybeh, onde eles se “expandem silenciosamente sob proteção militar” e avançam em campos de propriedade familiar com a permissão de pastagens para o gado, danificando oliveiras e impedindo agricultores de cultivarem suas terras. A Taybeh é a única cidade inteiramente cristã da Cisjordânia.
A denúncia partiu dos padres Dawood Khoury, Jancques-Noble Abed e Bishara Fawaz, das igrejas Ortodoxa Grega, da Latina e da Católica Grega Melquita. Os ataques, denunciaram, “ameaçam a segurança e a estabilidade de nossa cidade” e “visam minar a dignidade de seus moradores e a santidade de sua terra sagrada”.
Desde que Ahmed al-Shared assumiu o governo de transição na Síria, os cristãos sentiram-se aliviados depois de 14 anos de guerra civil sob o regime repressor de Bashar al-Assad. Mas não estão tranquilos. O atentado de Damasco foi reivindicado pelo grupo Saraya Ansar al-Sunna, uma facção islâmica mais radical, de apoio a Assad.
“Quando se quer provocar discórdia entre a população, nada melhor do que explorar a filiação religiosa na região”, afirmou a antropóloga Anna Poujeau, especialista em Síria, para o portal ProtestInfo, da Suíça. Esse ataque em Beirute representa um grande desafio ao novo governo até o momento: a proteção das minorias religiosas, explicou. O grupo agressor descreve os cristãos como infiéis que não deveriam ter o direito de viver na Síria.
Depois do incêndio em Taybeh, conhecida na Bíblia como Efraim, onde Jesus se refugiou antes de seus sofrimento e morte, a Federação Luterana Mundial apoiou, em nota, as reivindicações dos três padres que
denunciaram os ataques. Eles pedem a investigação do incêndio e os ataques em curso; a pressão diplomática para evitar as incursões dos colonos; e a visita de missões internacionais para documentar as violações e avaliar os danos.