26 Junho 2025
O primeiro-ministro pode tirar proveito da euforia com o golpe no Irã. Mas a morte de 7 soldados traz Israel de volta à realidade pós-7 de outubro.
A informação é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 26-06-2025.
Após dias de medo e euforia com a campanha lançada contra o Irã, sete mortes trouxeram a atenção de Israel de volta para Gaza. Os soldados foram mortos ontem em Khan Younis: eles pertenciam a um grupo de engenheiros militares e, de acordo com a reconstrução das Forças de Defesa de Israel (IDF), o veículo em que viajavam explodiu depois que um militante palestino conseguiu instalar uma bomba no veículo em que viajavam.
"It feels so pointless, so many families have lost their children. This has to stop": Five of seven Israeli soldiers killed in Gaza laid to rest https://t.co/XKCMKmRXs9
— Haaretz.com (@haaretzcom) June 25, 2025
Ontem, 79 palestinos também morreram em vários ataques israelenses na Faixa de Gaza: 33 enquanto aguardavam na fila para receber ajuda humanitária administrada pelo próprio Israel. Mas, como sempre acontece, essa história não chegou aos noticiários, monopolizada pelos rostos dos sete soldados mortos.
O choque do ocorrido – já faz semanas que um prejuízo tão grande para Israel não vinha da Faixa de Gaza – deu ao debate em curso um novo senso de urgência. Analistas concordam que, após lucrar com o sucesso militar com o Irã, este seria o momento ideal para Netanyahu também encerrar a guerra em Gaza, selando assim o consenso que recuperou na opinião pública com a operação em Teerã e avançando para um confronto eleitoral onde, segundo as pesquisas – pela primeira vez desde 7 de outubro de 2023 – ele poderia sair vitorioso: ou pelo menos, não totalmente derrotado. Os editorialistas mais ousados escreveram ontem que, para completar o pacote, o primeiro-ministro também está trabalhando em uma aliança com a Arábia Saudita, a ser assinada sob a égide de Trump, que é muito próximo de Riad.
Verdadeiro ou falso? Resta saber. À margem da cúpula da OTAN, o presidente americano falou de "grande progresso em Gaza", depois que seu enviado especial Steve Witkoff chegou a definir uma solução como "muito próxima". Que algo está se movendo, após o anúncio do Catar sobre a retomada dos contatos entre Israel e o Hamas, também parece ser demonstrado pelas indiscrições publicadas pela imprensa saudita, que falava de progresso em andamento, mas aqui em Israel, aqueles que acompanham de perto as negociações parecem muito céticos: "Os obstáculos habituais permanecem sobre a mesa".
O Hamas quer que o fim da guerra seja declarado e que os Estados Unidos garantam esse compromisso: Netanyahu sempre se recusou a isso. Israel, por sua vez, exige que todas as armas desapareçam de Gaza, especialmente as do Hamas: algo que o grupo não está disposto a aceitar até agora", explica nossa fonte.
Os próximos dias serão um grande teste para o primeiro-ministro em termos de opinião pública. Com a suspensão das restrições às atividades públicas impostas com o ataque ao Irã, as famílias dos reféns já estão retornando às ruas. "Se Netanyahu tiver sucesso no Irã, ele poderá trazer os reféns para casa", diz um comunicado do Fórum que os reúne. "É hora de retomar as ruas em massa", é o apelo de Anat Angrest, cujo filho Matan está preso na Faixa de Gaza. Resta saber se Israel, após 20 meses, ainda estará disposto a segui-la e às outras famílias.
Enquanto isso, outra frente corre o risco de pegar fogo: a interminável frente da Cisjordânia. Três palestinos foram mortos e sete ficaram feridos em um ataque de colonos nos arredores de Ramallah, em mais um episódio de violência perpetrado por moradores de comunidades israelenses criadas em terras expropriadas de palestinos.