24 Junho 2025
"Netanyahu, Zelensky, os governos europeus perseguem a todo custo uma política de guerra para a qual certamente se podem identificar propósitos e justificativas, mas cujo motivo último é inconsciente e repousa na própria natureza do Estado como máquina de guerra".
O artigo é do filósofo italiano Giorgio Agamben, publicado por Quodlibet, 14-06-2025.
O que chamamos de Estado é, em última análise, uma máquina de fazer guerra, e mais cedo ou mais tarde essa vocação constitutiva acaba emergindo para além de todos os propósitos mais ou menos edificantes que ela possa se dar para justificar sua existência. Isso é particularmente evidente hoje.
Netanyahu, Zelensky, os governos europeus perseguem a todo custo uma política de guerra para a qual certamente se podem identificar propósitos e justificativas, mas cujo motivo último é inconsciente e repousa na própria natureza do Estado como máquina de guerra.
Isso explica por que a guerra, como é evidente para Zelensky e para a Europa, mas também no caso de Israel, é travada mesmo ao custo de enfrentar sua própria possível autodestruição. E é vão esperar que uma máquina de guerra possa parar diante desse risco. Ela continuará até o fim, seja qual for o preço que tiver de pagar.