07 Junho 2025
A Comissão Especial Episcopal para o Enfrentamento ao Tráfico Humano lança na próxima sexta-feira, 6 de junho, às 19h, o documentário “Marcas da Fronteira – O tráfico de pessoas existe e é visível”. O filme lança um olhar nas múltiplas facetas desta violência silenciosa em Roraima, conectando a crises humanitárias e socioambientais, como a migração e o avanço do garimpo ilegal.
A informação é publicada por Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 05-06-2025.
Filmado durante uma missão da Comissão em Boa Vista, Bonfim, Pacaraima (RR), e nas cidades fronteiriças de Lethem (Guiana) e Santa Elena (Venezuela), o documentário expõe a dimensão do problema através de entrevistas e imagens que abordam a violação de direitos humanos, a exploração sexual e o trabalho análogo à escravidão, vulnerabilidades que afetam brasileiros, migrantes e os povos originários.
“Nosso objetivo não era apenas denunciar, mas dar visibilidade desta violência que existe em Roraima e em todo Brasil. A luta contra o tráfico de pessoas em Roraima, hoje é uma missão em defesa da vida, liderada pela Igreja Católica e por organismos parceiros”, afirma Cláudia Pereira, que assina a direção e roteiro do filme.
Um dos pontos revelados pelo documentário é a fronteira de Bonfim (RR) com a Guiana, uma rota extremamente vulnerável e sem segurança no fluxo migratório. A região, de predominância do povo indígena Wapichana, são vulneráveis aos assédios de criminosos do tráfico de pessoas para o garimpo ilegal, exploração de mulheres e crianças além dos crimes ambientais.
O filme traz relatos sobre como o tráfico se disfarça:
“No geral, as mulheres vão com a promessa de ser cozinheira, mas sabemos que ‘cozinheira’ é um código do garimpo que significa que a pessoa está sendo explorada sexualmente. É uma forma de aliviar essa situação para a família encarar, sem problematizar e denunciar”, explica no documentário a professora e pesquisadora Márcia Maria de Oliveira.
Com um sentimento de esperança e indignação, “Marcas da Fronteira” se firma como um documento essencial para compreender a dinâmica atual do tráfico de pessoas na Amazônia e a relevância da atuação da sociedade civil organizada onde o Estado falha.
Alessandra Miranda, secretária executiva da Comissão Especial Episcopal para o Enfrentamento ao Tráfico Humano, convida o público a assistir ao documentário:
“O documentário traz as questões relacionadas sobre a ausência do Estado e do Poder Público, na dinâmica que gera trabalho escravo, a exploração de crianças e adolescentes e todas as outras violações que são consequências do tráfico de pessoas. É uma realidade que vai trazer Roraima para o centro, que vai trazer a Guiana inglesa e também a Venezuela, mas que se reflete de alguma maneira nas outras realidades do Brasil e do mundo”, comenta
O documentário será lançado dia 6 de junho, às 19h no canal do YouTube da Comissão para a Ação SocioTransformadora da CNBB. Assita o trailer:
Realização: Comissão Especial Episcopal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CEETH-CNBB)
Produção, Reportagem e Imagens: Cláudia Pereira
Direção e Roteiro: Cláudia Pereira e Humberto Capucci
Edição e Finalização: Humberto Capucci
Trilha Sonora: André Luiz Sousa e Ewerton Oliveira
Música: Venezuela – Luis Silva
Apoio: Conferência Episcopal Italiana
A Comissão Especial Episcopal para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEETH) é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedicado a articular, promover e fortalecer ações da Igreja Católica e da sociedade no combate ao tráfico de pessoas em suas diversas formas, atuando na prevenção, assistência às vítimas e incidência política.