05 Junho 2025
Enxurradas que atingiram algumas comunidades no Estado de Benue, na Nigéria, mataram mais de 200 pessoas, e outras 500 continuam desaparecidas. As autoridades dizem não haver esperança de que algum dos desaparecidos ainda seja encontrado com vida.
A informação é de Ngala Killian Chimtom, publicada por Crux, 04-06-2025.
O padre James Omeh, pároco da Igreja Católica de Santo Antônio em Gulu, no Estado de Níger, na Nigéria, morreu em 25 de maio quando seu veículo foi arrastado pelas águas da enchente na estrada Lapai-Gulu, perto da vila de Duma. Uma mulher que viajava com ele também morreu.
“O reverendo padre Omeh, que dirigia uma Hilux branca, foi arrastado pela enchente para uma vala profunda cheia de água. Com a ajuda do Sarkin Ruwa, voluntários locais conseguiram recuperar o veículo posteriormente. Infelizmente, os corpos sem vida do reverendo padre Omeh e de uma mulher foram encontrados no local”, disse Wasiu Abiodun, porta-voz da polícia.
Omeh também atuava como coordenador da Associação Cristã da Nigéria (CAN) na Área do Governo Local de Lapai, no estado.
A morte do padre católico não seria um caso isolado. Apenas quatro dias após sua morte, a Nigéria enfrentou as enchentes mais devastadoras em mais de 60 anos. A partir de 29 de maio, enxurradas varreram o centro comercial de Mokwa, no Estado de Níger, destruindo tudo em seu caminho: casas, plantações, seres humanos.
As autoridades nigerianas informaram que 200 corpos já foram recuperados. Outros 500 estão desaparecidos, e as autoridades indicam que provavelmente todos tenham morrido. As Nações Unidas afirmam que mais de 3.000 pessoas ficaram desabrigadas.
A mídia local entrevistou sobreviventes, e seus relatos são tão arrepiantes quanto reveladores. “Fui procurar comida e, quando voltei, não tinha mais casa. Perdi nove dos meus filhos”, disse Isa Daban, morador da região.
Outra pessoa, Musa Ismaila, contou que um prédio com 80 alunos foi arrastado. “Muitas das vítimas eram crianças. Uma casa Almajiri [uma escola da região] com mais de 80 crianças foi levada pelas águas”, disse ele ao jornal The Nation.
“As plantações e suas colheitas foram destruídas; muitos negócios também foram perdidos. Não sobrou praticamente nada”, afirmou Ismaila. Ele também lamentou o fato de que os sobreviventes “estão dormindo ao relento, sem comida suficiente”.
“Muitos sobreviventes estão usando as mesmas roupas desde quinta-feira. Há pessoas hospitalizadas, enquanto várias famílias ainda procuram seus entes queridos. Trata-se de uma emergência grave”, completou.
A seção estadual da Associação Cristã da Nigéria (CAN) emitiu, na segunda-feira, uma mensagem de solidariedade ao povo da Área de Governo Local de Mokwa diante da devastação causada pelas enchentes. “Em nome de todo o cristianismo no estado, expresso nossas mais sinceras condolências às famílias que perderam seus entes queridos, e nos solidarizamos com todos os que sofreram neste desastre”, declarou Bulus Yohanna, presidente estadual da CAN.
O bispo Bulus Dauwa Yohanna, da Diocese de Kontagora, também elogiou os governos federal e estadual pela rápida resposta em levar socorro às populações afetadas. Ele incentivou as comunidades atingidas a manterem a esperança para superarem a tragédia. “Enquanto seguimos em oração por vocês, pedimos que permaneçam esperançosos e resilientes”, disse Yohanna.
O ex-presidente da Nigéria, Muhamadu Buhari, descreveu as mortes como “dolorosas e devastadoras” ao expressar suas condolências às famílias e amigos de todos os que perderam entes queridos. “Que os feridos se recuperem logo”, acrescentou.
O governador do Estado de Katsina, Dikko Radda, afirmou que as enchentes trouxeram imensa dor e sofrimento às comunidades afetadas. “A notícia do desastre das enchentes em Mokwa nos entristece profundamente. Nossos pensamentos e orações estão com todos os atingidos por este infeliz acontecimento”, declarou.
“Desastres naturais são um lembrete de nossa vulnerabilidade comum e da importância de permanecermos unidos em tempos de crise. O Estado de Katsina está totalmente solidário com seus irmãos e irmãs do Estado de Níger neste período difícil”, acrescentou Radda.
A história da Nigéria com enchentes devastadoras não é nova. No ano passado, 230 pessoas morreram quando enchentes atingiram o Estado de Borno, no leste da Nigéria. Mais de 600 mil pessoas ficaram desabrigadas. Em 2022, as inundações afetaram 34 dos 36 estados nigerianos, matando centenas e desalojando mais de 1,3 milhão de pessoas.