09 Dezembro 2024
"No fim do encontro, o padre que havia organizado o evento agradeceu às três chamando-as pelo primeiro nome e, ao mesmo tempo, agradeceu ao bispo presente chamando-o de Sua Excelência e citando seu nome e sobrenome. E algo semelhante aconteceu no fim do Sínodo sobre a sinodalidade, quando, ao agradecer aos organizadores, a única a ser chamada pelo Papa Francisco apenas pelo primeiro nome foi a Irmã Natalie Becquart, a mesma que, em uma decisão histórica, o Papa havia nomeado como subsecretária do Sínodo", escreve Sabina Fadel, vice-diretora de Messaggero di sant'Antonio, em artigo publicado por Donne Chiesa Mondo, dezembro de 2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Admito. Com relutância, mas admito. Há uma coisa de que realmente não me agrada na Igreja e que diz respeito à sua relação com as mulheres. Estou falando do hábito de chamar as mulheres apenas pelo primeiro nome nos mesmos contextos em que os homens também são mencionados com o sobrenome e, acima de tudo, um título ou “função”. Um exemplo? Algum tempo atrás, participei de um debate sobre “Mulheres e a Igreja” em uma localidade de férias, organizado pela Pastoral do turismo local. Três mulheres haviam sido convidadas, três profissionais maduras e conhecidas, sendo que uma delas também exercia uma função institucional. No fim do encontro, o padre que havia organizado o evento agradeceu às três chamando-as pelo primeiro nome e, ao mesmo tempo, agradeceu ao bispo presente chamando-o de Sua Excelência e citando seu nome e sobrenome.
E algo semelhante aconteceu no fim do Sínodo sobre a sinodalidade, quando, ao agradecer aos organizadores, a única a ser chamada pelo Papa Francisco apenas pelo primeiro nome foi a Irmã Natalie Becquart, a mesma que, em uma decisão histórica, o Papa havia nomeado como subsecretária do Sínodo. Por quê? Vamos supor que tenham sido as melhores intenções que motivaram isso, e talvez até uma certa proximidade e sintonia de intenções, um afeto sincero e uma profunda estima. Mas, para além de tudo isso, devemos nos deter, em minha opinião, no significado mais profundo, e muitas vezes inconsciente, que chamar uma mulher pelo primeiro nome enquanto a um homem são reconhecidos sobrenome e títulos, corre o risco de assumir: infantilizá-la.
É um pouco paradoxal que isso aconteça em contextos como os mencionados e por pessoas, como as envolvidas, que também respeitam profundamente as mulheres e estão agindo com firmeza e determinação para uma mudança substancial na relação entre as mulheres e a Igreja. Com um modo de agir, portanto, que na verdade contradiz e enfraquece suas próprias palavras e escolhas.
É por isso que deveríamos começar a refletir sobre essas atitudes, a prestar atenção, todos nós, começando por nós, mulheres. Porque as mudanças profundas passam pelas palavras, passam pelas atitudes comuns, passam por um pensamento crítico que vai refletir sobre o significado de certas ações e suas repercussões, na maioria das vezes inconscientes, mas nem por isso desprovidas de importância.