05 Novembro 2024
"O livro explora as relações entre mística e subjetividade a partir de diferentes ângulos, a saber, alguns gerais como uma investigação sobre a hetereologia da mística, conceito de Michel de Certeau; a posição 'edificante' de uma verdade em sentido extramoral no diálogo entre mística e filosofia".
O comentário é de Eduardo Guerreiro B. Losso, publicado em sua página do Facebook, 10-10-2024.
Eduardo Losso é professor adjunto de Teoria da Literatura do Departamento de Ciência da Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ, membro permanente do PPG em Ciência da Literatura da UFRJ e coeditor da revista Terceira Margem, do PPG-CL da UFRJ. É graduado em Letras, mestre e doutor em Ciência da Literatura pela UFRJ.
1- Aqui está o novo livro que eu, Eduardo Guerreiro B. Losso, organizei com Marcelo Barreira e Lucas Bento Pugliesi.
Livro "Mística e subjetividade" de Eduardo Guerreiro B. Losso, Marcelo Barreira e Lucas Bento Pugliesi
2- É mais uma produção do grupo de pesquisa do CNPq Apophatiké (Estudos interdisciplinares sobre história da mística na Antiguidade, Idade Média e Modernidade) e do GT Literatura e sagrado da Anpoll, do qual sou coordenador desde 2021, já em segundo mandato. Nos comentários dessa postagem, a gente dá de presente ao leitor interessado o PDF totalmente grátis, no link da editora.
3- Do que se trata? O livro explora as relações entre mística e subjetividade a partir de diferentes ângulos, a saber, alguns gerais como uma investigação sobre a hetereologia da mística, conceito de Michel de Certeau; a posição “edificante” de uma verdade em sentido extramoral no diálogo entre mística e filosofia; uma breve história da mística numa revisitação do pensamento de Henrique Lima Vaz; bem como as redefinições que a mística propõe à subjetividade vista por meio de estudos de casos concretos, afinal, cada texto místico é uma possibilidade de redizer, de escavar, no seio de uma infraestrutura consolidada, outras possibilidades de ser e não ser.
4- Assim, os ensaios discutem obras da Antiguidade tardia (o corpus dos Padres do Deserto, O martírio de Perpétua e Felicidade), da Idade Média (O espelho das almas simples, de Marguerite Porete, queimada viva pela inquisição em Paris), do início da Idade Moderna (a poesia de João da Cruz, os escritos de Teresa d’Ávila), da literatura do século XX (George Bernanos, Clarice Lispector e Katherine Mansfield) e da música popular (a psicodelia dos Beatles).
5- Heterogêneos, como o falar místico, os estudos se radicam por uma abordagem atual (o que há de reflexão ecológica em textos místicos inatuais?) ou por um deslocamento do próprio presente lastreado na posição heterotópica de uma escrita mística, sempre capaz de propor subjetividades outras, para falar com Foucault.
6- Abaixo, o sumário:
A circularidade entre o “dizer” e a “linguagem comum” pelo volo a partir de Michel de Certeau e Richard Rorty - 23
Marcelo Barreira
Heterologia, êxtase, êxodo: notas sobre mística e subjetividade - 53
Maria Clara Bingemer
A mística cristã e a irrupção da subjetividade - 83
Geraldo De Mori
Notas sobre a Mística e a Santidade em Georges Bernanos - 109
Maria José Amaral
A experiência mística em Clarice Lispector: ver, comer - 125
Marcella A. Moraes
Pisando em ovos: leitura de um conto de Clarice Lispector à luz do orfismo - 151
Cicero Cunha Bezerra
Subjetividade e demônios nos Padres do Deserto (séculos III e IV d.C.) - 171
Marcus Reis Pinheiro
Mística como espelhamento de si no além-mundo: a narrativa visionária do Martírio de Perpétua e Felicidade - 191
Paulo Augusto de Souza Nogueira
O horizonte do poder pastoral e o lugar da mística na genealogia do sujeito de desejo em Michel Foucault - 217
Letícia Tury Guimarães Nascimento
Orientalismo, espiritualidade e encantamento no rock psicodélico dos anos 60 - 243
Lucas Bento Pugliesi