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Na Faixa de Gaza atira-se em todo mundo. Até por tédio ou vingança

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16 Julho 2024

Uma investigação da revista +972 sobre as regras de engajamento do exército israelense. Casas incendiadas desnecessariamente, civis mortos, cadáveres deixados para os animais.

A reportagem é de Orev Ziv, publicada por Il Manifesto, 14-07-2024.

No início de junho, a Al Jazeera exibiu vídeos perturbadores revelando o que descreveu como "execuções sumárias": soldados israelenses matando a tiros vários palestinos que caminhavam perto da estrada costeira na Faixa de Gaza em três ocasiões diferentes. Em todos os casos, os palestinos pareciam desarmados e não representavam uma ameaça iminente aos soldados. Essas filmagens são raras, devido às severas limitações impostas aos jornalistas no enclave sitiado e ao perigo constante para suas vidas. Mas essas execuções, que não parecem ser motivadas por questões de segurança, são consistentes com os testemunhos de seis soldados israelenses que falaram com a +972 e a Local Call após serem dispensados do serviço ativo em Gaza nos últimos meses. Confirmando os relatos de testemunhas oculares e médicos palestinos durante toda a guerra, os soldados afirmaram ter sido autorizados a abrir fogo contra palestinos, inclusive civis, virtualmente à vontade.

As seis fontes - todas exceto uma, que falaram sob condição de anonimato - contaram como os soldados israelenses executavam rotineiramente civis palestinos simplesmente porque entravam em uma área que os militares definiam como não acessível. As testemunhas falam de uma paisagem disseminada de cadáveres de civis, que são deixados para apodrecer ou para serem comidos por animais de rua; o exército se limita a escondê-los antes da chegada de comboios de ajudas internacionais, para que "não apareçam imagens de pessoas em estado avançado de decomposição". Dois dos soldados também relataram uma política sistemática em que as casas palestinas, depois de terem sido ocupadas, são incendiadas.

Várias fontes descreveram a possibilidade de atirar sem restrições como uma forma de extravasar ou aliviar a monotonia de sua rotina diária. "As pessoas querem vivenciar o evento", lembrou S., reservista que prestou serviço no norte de Gaza. "Pessoalmente, disparei algumas balas sem motivo, no mar, na calçada ou em um prédio abandonado. Relatam isso como 'fogo normal', que é um nome de código para dizer 'estou entediado, então atiro'".

Desde a década de 1980, o exército israelense tem se recusado a divulgar seus regulamentos internos sobre quando é permitido abrir fogo, apesar das várias petições apresentadas à Alta Corte de Justiça.

De acordo com o sociólogo político Yagil Levy, desde a Segunda Intifada "o exército não forneceu aos soldados regras de combate escritas", deixando-as muito a cargo da interpretação dos soldados em campo e de seus comandantes. Além de contribuir para a morte de mais de 38.000 palestinos, as fontes testemunharam que essas diretrizes frouxas também foram parcialmente responsáveis pelo alto número de soldados mortos pelo fogo amigo nos últimos meses. "Havia total liberdade de ação", disse B., outro soldado que serviu em Gaza durante meses, inclusive no centro de comando de seu batalhão.

“Se houver uma sensação de ameaça, não há necessidade de explicar - você simplesmente atira". Quando os soldados veem alguém se aproximando, "é permitido atirar" na pessoa em questão, "não para o ar", continuou B. É permitido atirar em todo mundo; numa mulher jovem, numa mulher idosa".

B. também descreveu um incidente ocorrido em novembro, quando os soldados mataram vários civis durante a evacuação de uma escola perto do bairro de Zeitoun, na Cidade de Gaza, que tinha servido de abrigo para palestinos deslocados. O exército havia ordenado que os evacuados saíssem para a esquerda, em direção ao mar, e não para a direita, onde os soldados estavam posicionados. Quando estourou um tiroteio dentro da escola, aqueles que se desviaram para o lado errado foram imediatamente alvejados.

"Havia informações de que o Hamas queria criar pânico", disse B. "Uma batalha começou lá dentro; as pessoas fugiram. Algumas fugiram para a esquerda, em direção ao mar, mas outras fugiram para a direita, inclusive crianças. Todos os que foram para a direita foram mortos: 15-20 pessoas. Havia uma pilha de corpos".

B. afirmou que é difícil distinguir os civis dos combatentes em Gaza, alegando que os membros do Hamas geralmente "circulam sem armas". Como resultado, "todo homem entre 16 e 50 anos é suspeito de ser um terrorista". "É proibido circular e qualquer pessoa que esteja ao ar livre é suspeita", continua ele. "Se vemos alguém na janela que nos olha, é um suspeito. Atiramos. A percepção é que qualquer contato com a população coloca o exército em perigo, e é preciso criar uma situação em que seja proibido se aproximar em qualquer circunstância. Eles aprenderam que, quando entramos, eles têm de fugir".

Mesmo em áreas aparentemente não povoadas ou abandonadas de Gaza, os soldados abriram fogo em um procedimento conhecido como "demonstração de presença". S. testemunhou que seus colegas soldados "atiravam muito, mesmo sem motivo - qualquer um que quisesse atirar, não importa por qual motivo, atirava".

M., outro reservista que prestou serviço na Faixa de Gaza, explicou que essas ordens vinham diretamente dos comandantes da companhia ou do batalhão no campo. "Quando não há forças da IDF, os tiroteios não têm limites, quase uma loucura. E não apenas armas leves: metralhadoras, tanques e morteiros".

Mesmo na ausência de ordens vindas de cima, M. testemunhou que os soldados no campo regularmente fazem justiça por si sós. "Soldados regulares, oficiais subalternos, comandantes de batalhão – as patentes subalternas que querem atirar, recebem a permissão".

B. lembrou-se de ter ouvido no rádio sobre um soldado posicionado em uma cerca de proteção que atirou em uma família palestina que caminhava nas proximidades. "No início, eles disseram 'quatro pessoas'. Depois, disseram 'duas crianças mais dois adultos' e, no final, disseram 'um homem, uma mulher e duas crianças'. Você mesmo pode montar a imagem ".

Apenas um dos soldados entrevistados para esta matéria quis ser identificado: Yuval Green, um reservista de 26 anos de Jerusalém que serviu na 55ª Brigada de Paraquedistas em novembro e dezembro do ano passado (Green recentemente assinou uma carta de 41 reservistas declarando sua recusa em continuar servindo em Gaza após a invasão de Rafah pelo exército). "Não havia restrições quanto à munição", disse Green à +972 e Local Call. "A gente atirava apenas para aliviar o tédio."

Green descreveu um incidente ocorrido em uma noite durante o feriado judaico de Hanukkah, em dezembro, quando "todo o batalhão abriu fogo como se fossem fogos de artifício, incluindo as munições traçantes que geram uma luz intensa. Causou uma cor incrível, iluminando o céu e, como é a 'festa das luzes', tornou-se simbólico".

C., outro soldado que serviu em Gaza, explicou que, quando os soldados ouviam tiros, eles se informavam pelo rádio para saber se havia outra unidade militar israelense na área e, se não houvesse, abriam fogo. "A gente atirava à vontade, com todas as forças".

Mas, como C. apontou, disparar sem restrições muitas vezes significava expor os soldados ao enorme risco de fogo amigo, que ele descreveu como "mais perigoso do que o Hamas”. “Em várias ocasiões, as forças das IDF dispararam em nossa direção. Não respondemos, verificamos pelo rádio e ninguém foi ferido".

No momento em que este artigo foi escrito, 324 soldados israelenses foram mortos em Gaza desde o início da invasão terrestre, pelo menos 28 deles por fogo amigo, afirma o exército. Na experiência de Green, esses incidentes eram "o principal problema" que colocava em risco a vida dos soldados.

"Havia bastante fogo amigo; isso me deixava louco", disse ele. Para Green, as regras de combate também demonstravam uma profunda indiferença em relação ao destino dos reféns. "Eles me falaram sobre a prática de explodir os túneis e eu pensei que, se houvesse reféns, isso os mataria." Depois que os soldados israelenses mataram três reféns em Shuja'iyya, em dezembro, enquanto acenavam bandeiras brancas, pensando que fossem palestinos, Green contou que ficou com raiva, mas lhe disseram que "não havia nada que se pudesse fazer". Os comandantes refinaram os procedimentos, dizendo: 'É preciso que prestem atenção e sejam sensível, mas estamos em uma zona de combate e precisamos estar alertas". B. confirmou que, mesmo após o incidente de Shuja'iyya, que foi definido como "contrário às ordens" do exército, as normas para abrir fogo não mudaram. "Quanto aos reféns, não tínhamos uma diretriz específica", lembrou ele. "A liderança do exército disse que, depois que os reféns foram mortos informaram os soldados no campo. Não falaram conosco." B. e os soldados que estavam com ele só souberam da morte dos reféns duas semanas e meia após o incidente, depois de ter deixado Gaza.

"Soube por outros soldados que os reféns estão mortos, que não têm nenhuma possibilidade, precisam ser abandonados", observou Green. "Incomodou-me muito mais... o fato de que continuassem dizendo: 'Estamos aqui pelos reféns', mas está claro que a guerra os prejudica. Esse era o meu pensamento na época; hoje se revelou verdadeiro."

A., um oficial que serviu na Diretoria de Operações do exército, testemunhou que a sala de operações de sua brigada - que coordena os combates de fora de Gaza, aprovando os alvos e prevenindo o fogo amigo - não recebeu ordens claras sobre quando abrir fogo para transmitir aos soldados no campo. "Nunca há briefings", disse ele. "Não recebemos instruções de superiores para transmitir aos soldados e comandantes de batalhão." Ele ressaltou que a diretriz era não disparar ao longo de rotas humanitárias, mas em outros lugares "as lacunas são preenchidas, na ausência de outras instruções". Essa é a abordagem: 'Se é proibido ali, então é permitido aqui'.

A. explicou que atirar em "hospitais, clínicas, escolas, instituições religiosas, prédios de organizações internacionais" exige uma autorização superior. Mas, na prática, "posso contar nos dedos de uma mão os casos em que nos disseram para não atirar". Mesmo com coisas delicadas, como as escolas, a aprovação parece ser apenas uma formalidade". Em geral, continuou A., "o espírito na sala de operações era 'Atire primeiro, faça perguntas depois'. Ninguém derramará uma lágrima se destruirmos uma casa ou atirarmos em alguém desnecessariamente".

A. declarou ter conhecimento de casos em que soldados israelenses atiraram em civis palestinos que tinham entrado em sua área de operações, consistente com uma investigação do Haaretz sobre "zonas de matança" nas áreas de Gaza ocupadas pelo exército. "Essa é a norma. Nenhum civil deveria estar na área, essa é a perspectiva. Avistamos alguém na janela, então atiraram e o mataram." A. acrescentou que muitas vezes não ficava claro pelos relatos se os soldados tinham atirado em militantes ou em civis desarmados. Mas essa ambiguidade sobre a identidade das vítimas fez com que, para A., não se pudesse confiar nos relatórios militares sobre o número de membros do Hamas mortos. "O sentimento na sala de guerra, e essa é uma versão amenizada, era que cada pessoa morta era contada como terrorista", "O objetivo era contar quantos tínhamos matado hoje", continuou A. "A percepção era de que todos os homens fossem terroristas. Às vezes, um comandante pedia números de repente, e então o oficial da divisão corria de brigada em brigada, examinando a lista no sistema de computador militar e contando".

O testemunho de A. é consistente com uma reportagem recente do jornal israelense Mako, que fala de um ataque de drones por uma brigada responsável pela morte de palestinos na área de operação de outra brigada. Os oficiais de ambas as brigadas consultaram qual delas deveria registrar as mortes. "Que diferença faz? Registre para as duas", um deles teria dito ao outro.

Nas primeiras semanas após o ataque do Hamas de 7 de outubro, lembrou A., "as pessoas se sentiam muito culpadas pelo fato de isso ter acontecido sob a nossa vigilância", um sentimento compartilhado pela opinião pública israelense em geral - e que rapidamente se transformou em desejo de retaliação. "Não havia nenhuma ordem direta para se vingar", disse A., "mas quando se chega a momentos de tomada de decisão, as instruções, as ordens e os protocolos relacionados a casos 'sensíveis' têm uma influência relativa".

Quando os drones transmitiam imagens ao vivo dos ataques em Gaza, "havia gritos de alegria na sala de guerra", contou A. "De vez em quando, um prédio vem abaixo... e a sensação é: 'Uau, que loucura, que diversão’".

A. ressaltou a ironia do fato que parte do que motivou os pedidos de vingança dos israelenses fosse a convicção de que os palestinos em Gaza tenham se alegrado com a morte e a destruição de 7 de outubro. Para justificar o abandono da distinção entre civis e combatentes, recorria-se a afirmações como "distribuíram doces", "dançaram depois do 7 de outubro" ou "elegeram o Hamas". "Nem todos, mas muitos, pensavam que a criança de hoje será o terrorista de amanhã".

"Até mesmo eu, um soldado mais de esquerda, esqueço rapidamente que essas são casas de verdade", disse A. sobre sua experiência na sala de operações. "Parecia um jogo de computador. Só depois de duas semanas percebi que eram prédios que estavam desabando: se havia habitantes, isso significava que os prédios estavam desabando sobre as suas cabeças. Mesmo que não estivessem lá, estavam desabando com tudo que havia dentro".

Vários soldados testemunharam que a política permissiva em relação a quando abrir fogo concedeu às unidades israelenses matar civis palestinos mesmo quando eles haviam sido previamente identificados como tais. D., um reservista, contou que sua brigada estava localizada perto de dois corredores de trânsito - chamados "humanitários" - um para as organizações humanitárias e outro para civis em fuga do norte para o sul da Faixa. Na área de operação de sua brigada, foi instituída uma política de "linha vermelha, linha verde", delineando áreas onde o acesso a civis era proibido. De acordo com D., as organizações humanitárias podiam entrar nessas zonas mediante prévia coordenação (nossa entrevista foi realizada antes que uma série de ataques de precisão israelenses matassem sete funcionários da World Central Kitchen), mas a situação era diferente para os palestinos. "Qualquer um que cruzasse a área verde se tornava um alvo em potencial", disse D., afirmando que essas áreas eram sinalizadas aos civis. "Se cruzarem a linha vermelha, se relata por rádio e não é preciso esperar por permissão, pode-se atirar". D. contou que os civis frequentemente iam para as áreas por onde passavam os comboios de ajudas humanitárias para procurar restos que pudessem cair dos caminhões; no entanto, a política era de atirar em qualquer um que tentasse entrar. "Os civis são claramente refugiados, estão desesperados, não têm nada", disse ele. No entanto, nos primeiros meses da guerra, "todos os dias se verificavam dois ou três incidentes com pessoas inocentes ou suspeitas de terem sido enviadas pelo Hamas como observadores" que eram alvejadas por soldados de seu batalhão.

Os soldados testemunharam que, em toda Gaza, os cadáveres de palestinos em trajes civis ficaram espalhados pelas estradas e campos. "Toda a área estava cheia de corpos", disse S., um reservista. "Há também cachorros, vacas e cavalos que sobreviveram aos bombardeios e não têm para onde ir. Não podemos alimentá-los e também não queremos que cheguem muito perto. Então, de vez em quando, se veem cachorros andando por aí com partes de corpo em decomposição. Há um cheiro horrível de morte".

Mas antes da chegada dos comboios humanitários, observou S., os corpos são removidos. "Um D-9 (escavadeira Caterpillar) desce com um tanque e limpa a área dos cadáveres, enterra-os sob os escombros e os coloca de lado para que os comboios não os vejam", afirmou ele. "Vi muitos civis - famílias, mulheres, crianças", continuou. "As baixas são mais numerosas do que as relatadas. Estávamos em uma área pequena. Todos os dias, pelo menos um ou dois são mortos enquanto caminham em uma área proibida. Não sei quem pode ser terrorista e quem não, mas a maioria deles não estava armada." Green contou que, quando chegou a Khan Younis no final de dezembro, "vimos uma massa indistinta do lado de fora de uma casa. Percebemos que era um corpo; vimos uma perna. À noite, os gatos o comeram. Então alguém veio e o retirou".

Também uma fonte não militar que falou à +972 e Local Call depois de ter visitado o norte de Gaza relatou ter visto corpos espalhados na área. "Perto do complexo do exército entre o norte e o sul da Faixa de Gaza, vimos cerca de 10 corpos baleados na cabeça, aparentemente por um franco-atirador, evidentemente enquanto tentavam retornar para o norte", disse ele. "Os corpos estavam se decompondo; havia cães e gatos ao redor deles."

"Eles não se preocupam com os corpos", disse B, referindo-se aos soldados israelenses em Gaza. "Se estiverem no caminho, são movidos para o lado. Não há enterro para os mortos. Os soldados pisam nos cadáveres por engano."

No mês passado, Guy Zaken, um soldado que operava escavadeiras D-9 em Gaza, testemunhou perante uma comissão da Knesset que ele e sua equipe "atropelaram centenas de terroristas, vivos e mortos". Outro soldado com quem ele serviu acabou depois por se suicidar.

Dois dos soldados entrevistados para este artigo também descreveram como queimar casas palestinas se tornou uma prática comum entre os soldados israelenses, como o Haaretz relatou em detalhes pela primeira vez em janeiro. Green testemunhou dois desses casos - o primeiro por iniciativa independente de um soldado, o segundo por ordem dos comandantes - e sua frustração por essa prática é parte do que o levou a recusar o serviço militar. Quando os soldados ocupavam as casas, ele testemunhou, a política era "se você se mudar, tem que queimar a casa". Mas para Green isso não fazia sentido: em "nenhum cenário" o centro do campo de refugiados poderia fazer parte de uma zona de segurança israelense que pudesse justificar tal destruição. "Estamos nessas casas não porque pertencem a agentes do Hamas, mas porque nos servem do ponto de vista operacional", observou ele. "É uma casa de duas ou três famílias - destruí-la significa que elas ficarão sem casa."

"Perguntei ao comandante da companhia, que me respondeu que nenhum equipamento militar poderia ser deixado para trás e que não queríamos que o inimigo visse os nossos métodos de combate", continuou Green. "Eu disse que faria uma busca para garantir que nenhuma evidência fosse deixada para trás. O comandante da companhia me deu explicações sobre o mundo da vingança. Ele disse que estavam queimando as casas porque não havia D-9s ou IEDs de um corpo de engenharia que pudesse destruir a casa por outros meios. Ele recebeu uma ordem e isso não o incomodou".

"Antes de partir, se queima a casa, todas as casas", reiterou B. "O comandante do batalhão apoia isso. É para evitar que possam retornar e, se tivermos deixado munição ou comida, os terroristas não poderão usá-los." Antes de partir, os soldados empilhavam colchões, móveis e cobertores, e “com um pouco de combustível ou botijões de gás”, observou B. - a casa queima facilmente, é como uma fornalha". No início da invasão terrestre, sua companhia ocupava as casas por alguns dias e depois se mudava; de acordo com B., "queimaram centenas de casas. Houve casos em que os soldados atearam fogo em um andar e outros soldados estavam em um andar superior e tiveram que fugir pelas chamas nas escadas ou ficaram sufocados pela fumaça".

Green disse que a destruição deixada pelo exército em Gaza é "inimaginável". No início dos combates, contou, avançavam entre as casas a 50 metros uma da outra, e muitos soldados "tratavam as casas como lojas de souvenirs", saqueando tudo o que os moradores não tinham conseguido levar com eles. "No final, se morre de tédio, dias de espera", disse Green. "Você desenha nas paredes, faz coisas mal-educadas. Você brinca com as roupas, encontra as fotos dos passaportes que deixaram para trás, pendura a foto de alguém porque é engraçado. Usamos tudo o que encontramos: colchões, comida, um encontrou uma nota de 100 Nis (cerca de 27 dólares) e a levou."

"Destruímos tudo o que queríamos", ele testemunhou. "Não por causa do desejo de destruir, mas por causa da total indiferença em relação a tudo que pertence aos palestinos. Todos os dias, um D-9 demole casas. Não tirei fotos antes e depois, mas nunca esquecerei como um bairro que era realmente lindo... foi reduzido a areia."

O porta-voz das IDF respondeu ao nosso pedido de comentário com a seguinte declaração: "As instruções para abrir fogo foram dadas a todos os soldados das IDF que combatem na Faixa de Gaza e nas fronteiras no momento da entrada em combate. Essas instruções refletem o direito internacional ao qual as IDF estão vinculadas. São regularmente revisadas e atualizadas à luz das mudanças na situação operacional e de inteligência, e são aprovadas pelos oficiais mais graduados do exército.

O exército investiga suas próprias atividades e tira lições dos eventos no campo, incluindo a trágica morte acidental de Yotam Haim, Alon Shamriz e Samer Talalka. As lições aprendidas com a investigação do incidente foram transferidas para as forças de combate no campo, a fim de prevenir que esse tipo de incidente ocorra novamente no futuro." "Como parte da destruição das capacidades militares do Hamas, surge a necessidade operacional, entre outras coisas, de destruir ou atacar os edifícios onde a organização terrorista coloca sua infraestrutura de combate. Isso também inclui os prédios que o Hamas converteu regularmente para os combates. Enquanto isso, o Hamas sistematicamente faz uso militar de prédios públicos que deveriam ser utilizados para fins civis.

As ordens do exército regulam o processo de aprovação, de modo que danos a locais sensíveis devem ser aprovados por comandantes de alto nível que levam em conta o impacto dos danos à estrutura sobre a população civil, e isso em face da necessidade militar de atacar ou demolir a estrutura. O processo de tomada de decisão desses comandantes superiores ocorre de forma ordenada e equilibrada. A queima de edifícios que não são necessários a fins operacionais é contrária às ordens do exército e aos valores das IDF". "No contexto dos combates e com base nas ordens do exército, é possível utilizar propriedades inimigas para fins militares essenciais, bem como tomar propriedades das organizações terroristas como espólios de guerra. Ao mesmo tempo, tomar propriedades para fins particulares constitui pilhagem e é proibido pela Lei de Jurisdição Militar. Os incidentes em que as forças armadas agiram em desacordo com as ordens e a lei serão objeto de investigação".

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