19 Junho 2024
A Igreja está num momento crítico e o caminho para uma comunidade cristã próspera reside no regresso aos princípios bíblicos fundamentais, na capacitação dos pais como líderes espirituais, no discipulado intencional da próxima geração e numa sólida formação bíblica nos seminários. “Atingimos um momento de invisibilidade cristã na nossa cultura”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O alerta é do diretor do Centro de Pesquisa Cultural da Universidade Cristã do Arizona, George Barna, 69 anos, em entrevista para a repórter Leah Marie Ann Klett, do portal The Christian Post. Ele elencou uma série de tendências negativas que permeiam cada vez mais o cristianismo ocidental.
“As pessoas tornaram-se mais egoístas, as igrejas tornaram-se menos influentes, os pastores tornaram-se menos centrados na Bíblia”, arrolou. E citou mais: “As famílias investiram menos do seu tempo e energia no crescimento espiritual, especialmente dos seus filhos. A mídia agora influencia a Igreja mais do que a Igreja influencia a mídia ou a cultura, nesse caso. O corpo cristão tende a se desviar discutindo sobre muitas coisas que realmente não importam”.
A métrica predominante usada pelas igrejas para avaliarem o seu trabalho está centrada na frequência às celebrações, arrecadação de fundos e infraestrutura, o que, disse, tem pouco a ver com a missão de Jesus.
A correção da rota, apontou, está no regresso radical às raízes bíblicas, o que pode exigir que se repense a estrutura da igreja moderna. “Se voltássemos à Bíblia, penso que reconheceríamos que a igreja local, a igreja institucional, tal com a criamos, é feita pelo homem. Não está nas Escrituras. Os programas, os títulos, os edifícios, todas as coisas que se tornaram sacrossantas na cultura americana e em todo o mundo não são necessariamente bíblicas”, frisou.
Barna é categórico: “Jesus não veio para construir instituições. Ele veio para construir pessoas. E vemos esse modelo em sua vida. Ele dedicou a parte ministerial de sua vida no investimento em indivíduos”.
O pesquisador prioriza uma sólida formação bíblica nos seminários, o investimento na educação das crianças, futuro da igreja, enfatizando a educação espiritual na família.
Também se mostrou preocupado com o impacto negativo que a inteligência artificial (IA) terá na igreja. “Já estamos vendo um impacto nos sermões em todo o país. Os pastores, porque querem ter um bom desempenho e, em alguns casos, porque são preguiçosos, estão percebendo que a IA é um meio de conseguir talvez um sermão melhor”. Como Corpo de Cristo, recomendou, “temos que ser muito desconfiados e cuidadosos com qualquer coisa que seja rotulada como ‘artificial’. Provavelmente isso não é bom para a nossa saúde mental, física e espiritual”.
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