11 Janeiro 2024
A sociedade ocidental encontra-se numa situação de “deslumbrante imobilidade”, define o sociólogo alemão Hartmut Rosa, autor de livro que retoma palestra que ele proferiu em 2022, intitulada “Por que a democracia precisa da religião?” A “deslumbrante imobilidade”, analisa Janique Perrin, das Igrejas Reformadas Berne-Jura-Solothurn, da Suíça, ao comentar o livro, é um “oxímoro para dizer que (a sociedade ocidental) está ao mesmo tempo frenética e paralisada”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O imperativo do crescimento a todo custo, não apenas econômico, esgota e desanima. A sociedade já não cresce, gastando cada vez mais energia para manter o status quo, segundo Rosa. O sociólogo não nega o crescimento, mas rejeita-o, se ele se tornar um constrangimento. Essa aceleração gera tensões nas relações humanas, marcadas por uma agressividade crescente.
Na avaliação do sociólogo, a sociedade está dividida, pronta para lutar, não apenas nas redes sociais. Muita opinião, pouca informação confiável e a falta de conhecimento prevalece. Essa sociedade não tem esperança num futuro melhor.
Hartmut Rosa, e o cristianismo em particular, escreve Perrin para o jornal Reformado, carrega muito mais que uma mensagem, mas uma atitude que parte da escuta, das respostas a um apelo, de um coração que se abre à alteridade. Tal postura cria uma lacuna: a novidade, o inesperado, em que o inédito pode surgir, em que a transformação é possível.
Perrin resume: “Os crentes têm a chave para se tornarem disponíveis para o que Rosa chama de ‘os indisponíveis’. Aquilo que não podemos controlar ou prever, o que acontece misteriosamente e nos dá esperança, não é precisamente isso que os crentes chamam de Deus?”
Rosa é professor no Instituto de Sociologia da Universidade de Jena e diretor do Max-Weber-Kollegs, de Esfurt. Ele desenvolveu a teoria da Aceleração: a transformação das estruturas temporais na modernidade, tese doutoral publicada em 2005.